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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Os revolucionários do século XXI: A Cidadania! A arma do povo.

A Catalunha sublevou-se e declarou-se insubmissa e rebelde desafiando a Lei, a Ordem Internacional e a paz podre e imobilista da União Europeia. Não me surpreende nada que o concerto das Nações se lave as mãos e a maioria do povo desta nossa velha Civilização Ocidental a imite cega e obedientemente. A luta pela soberania parece estranha, longínqua e até parola para todos aqueles que a têm e a desobediência à lei soa a crime mais grave que os de sangue. Não se consegue ver nem perceber bem o que se passa e o melhor é engolir o relato que o poder instalado explica e vende.
Hoje, a Catalunha, está transversal e maioritariamente sublevada contra o Império da Lei. Um processo revolucionário em curso, em toda a regra. Não está já apenas e tão somente em causa a luta pela soberania. A revolução em curso é já bem mais profunda e desafia abertamente os fundamentos da ordem política da democracia formal em que vivemos. Talvez perca esta batalha pela independência, é muito provável que sim, mas a revolução contra a ordem estabelecida já aconteceu, ante o olhar cego e indiferente do mundo e a preocupação dos que controlam o poder. Acredito. Como disse, não esperava outra coisa do poder. É da natureza mesmo das revoluções visar uma mudança profunda e irreversível para um patamar qualitativamente diferente do que aquele que existia. Dar nova forma e conteúdo ao poder. Na História essa mudança foi comandada por minorias que não tinham poder e que o alcançaram pela força. Hoje, quem não tem poder é a maioria silenciosa, atemorizada, obediente e subjugada a que chamam Cidadania mas que não passa de ser apenas, como sempre, o povo. Que, logicamente, já não pega nas armas para combater o poder. E o povo da Catalunha sublevou-se!
E note-se bem que só temos a agradecer ao povo catalão. Porque estão a dar conteúdo, forma e força àquilo de que todos se enchem a boca e proclamam ao vento mas não sabem ainda bem o que é, o que significa, qual o interesse e para que serve: A Cidadania. A arma do povo. Os revolucionários do século XXI. Para a saúde, o bem-estar e a sobrevivência de todos os Cidadãos nesta selva que é a Civilização dita ocidental, controlada pelos interesses de partidos e políticos desprestigiados, corruptos, cínicos, hipócritas, prepotentes e desenvergonhados, queira Deus que consigam levar a sua avante! Nada será como dantes, disso não tenho dúvidas!
P.S A vida sem sonhos nem romantismos nem idealismos é como estar na bicha de uma Repartição de Finanças à hora de pagar o IVA...


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Falta de dignidade não é apenas viver na miséria. É também condenar outros a viverem na miséria




"Temos ou não o direito moral de alardear, como alardeamos, o cristãos que somos, o solidário que somos, o bonzinhos que somos, o civilizados que somos? Se assim é, avance-se para uma consulta. E diga-se em alto e bom som hoje e para a História, se queremos ser ou não responsáveis por um retrocesso civilizacional de séculos ou se, pelo contrário, estamos à altura das ameaças e desafios que se colocam - porque algum dia se colocariam - ao nosso nível formal de Civilização."

Hoje, na Europa, não há a desculpa do desconhecimento (como houve no tempo do Holocausto). Milhares de pessoas vivem em condições infra-humanas à espera de serem acolhidos nos nossos países. Pergunto-me, porque razão aprovámos Cartas de Direitos Humanos e as incorporámos na nossa Ordem Jurídica, nos orgulhamos delas e as esfregamos na cara de que as viola, sistemáticamente quando, à hora da verdade crua e nua, perante as filas quilométricas de pessoas que essas Cartas dizem proteger, as consideramos personas non gratas? Ameaças à segurança nacional? Concorrentes indesejáveis ao nosso bem-estar? Potenciais criminosos perturbadores da nossa segurança?
Perguntem aos 550 milhões de europeus se estão dispostos ou não a receber estes candidatos a residentes! E encarem de frente e sem rodeios o verdadeiro problema: os políticos não resolvem esta questão porque não sabem ao certo o que pensa a Cidadania e, como não o sabem e têm um medo horrível de perder as eleições, preferem gerir o problema aos solavancos, ora sim ora não, para despistar e fazer ver que o resolvem.
Democracia não é isso? Para que existem referendos? Não está claro que estamos face a um beco sem saída? Que nos colocámos perante o facto consumado de termos de deitar para o lixo essas belas Convenções humanitárias e símbolo da Civilização mais avançada do mundo? Quantas mais reuniões do Conselho Europeu é que temos de engolir? Temos medo de um referendo? Não serve para nada? Serve sim. Claro que serve. Coloca cada um dos nós perante a irrefutável responsabilidade de decidir se, de facto, somos assim tão civilizados ou não. Se temos ou não o direito moral de alardear, como alardeamos, o cristãos que somos, o solidário que somos, o bonzinhos que somos. Se assim é, avance-se para uma consulta. E diga-se em alto e bom som e para a História, se queremos ser ou não responsáveis por um retrocesso civilizacional de séculos ou se, pelo contrário, estamos à altura das ameaças e desafios que se colocam - porque algum dia se colocariam - ao nosso nível formal de Civilização.
Se o resultado for negativo, pois, há que enfrentar as consequências. Não vale dizer que as consequências seriam terríveis. Se fomos capazes de ir à lua, somos capazes de fazer face a um "não queremos mais refugiados". Ou a mente humana, afinal, não é digna de ser adjetivada de "superior"? Não se diz tanto que somos os mais cultos e educados da História da Humanidade? Para que servem tantos masters e teses e cátedras? E se, pelo contrário, houver uma maioria de pessoas que aceita abrir as portas do nosso dia-à-dia a essa gente que não tem futuro nos seus países (muito, também, por responsabilidade nossa), então, mãos à obra!
A Polítca é incompatível com a Ética? Com os Valores Morais que andamos a defender há séculos? Não vibramos todos com as palavras do Papa Francisco? Pois ele, o que diz, é que a Política pode e deve ser compatível com a Ética e com os Valores da solidariedade e da compaixão. O Homem nasce com estes atributos, já o dizia Rousseau. E tem vindo a construir uma sociedade que preserva essa compaixão natural e inata. Pelo menos, no papel.
Não ter medo, não se render ao medo é isto, para mim. Cortar a direito e avançar para uma solução. Nada é mais grave que viver numa sociedade que renega dos seus Princípios e Valores. E a democracia fez-se para recordar e assegurar que assim é. Seria o mais racional de tudo.


Falta de dignidade não é apenas viver na miséria. É também condenar outros a viverem na miséria.




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