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sábado, 16 de março de 2013

Só por ti, Jesus

Só encontro paz e sossego nos braços de Jesus, nesse abraço de compreensão, carinho, bondade e compaixão que ele me oferece quando me sinto perdida e nada nem ninguém me podem valer. Sendo um monólogo, não é, porém, um monólogo qualquer porque nem nós próprios temos a compaixão e a bondade que é preciso para sermos sinceros e tocarmos no fundo das nossas fraquezas, das nossas contradições, dos nosso erros, defeitos, maldades e egoismos. Nos seus braços, esse negro que ensombrece a nossa alma dissolve-se, desaparece, sentimo-nos compreendidos, perdoados, amados na nossa pequenez e imperfeição. E esse amor que compreende e embala é infinito, trascendente, inesquecível. Ante tanta bondade, é simples pedir perdão. Perdoai-me, Senhor, e dizê-lo é fácil porque é esse o ponto de partida da conversa, é aí que nos coloca a bondade e a compaixão de Cristo, não apenas na identificação do erro, da falha, da miséria mas antes na vontade de melhorar, de ultrapassar, de não sermos tudo aquilo que nos leva a Ele, sermos pedoados. Ante esse amor, no pedir perdão existe, talvez não arrependimento, mas sim humildade. Sou assim, meu Jesus, sei que só o teu amor me ensinará a não sê-lo, seguindo o teu exemplo. Só tu para mim és exemplo, porque só o teu perdão me conforta e me faz seguir. Nada nem ninguém me dá esta paz. Nada nem ninguém me consola. Nada nem ninguém me levam a querer ser outro alguém que não o que sou. Só o teu amor convence, só o teu amor redime, só por ti, fico em silêncio e me falo como sou, porque só tu tens compaixão pelo que sou e só tu me aceitas como sou porque sabes que só em ti encontramos força para mudar.

Poesia que quero ser

Poesia que quero ser
Há momentos, ao longo dos dias, tão longos, em que é preciso deitar a mão a um livro de poesia, voltar a entrar naquele verso, deixar-se deslizar pela encosta daquela rima, inspirar toda a sensibilidade e beleza espalhadas com perfume de rosas por aquele soneto fora, até ao fundo dos pulmões e deixar que invada a alma, com a força de uma rebentação furiosa galgando barreiras, ...inundando obstáculos, meus e dos outros, sem dó nem piedade, como quem abre uma janela e deixa entrar a ventania...e depois, depois, o tempo pára em bicas dos pés, para não ofender o silêncio e oiço de novo o badalar baixinho das minhas coordenadas, estou aqui, aqui, estou sempre aqui, ainda aqui, embora o dia longo, tão longo, tivesse ido apinhando à minha volta e em cima de mim uma imensidão de palavras, gestos e compassos vazios, de esperas e cansaços inúteis e alheios, ía assim o dia mais longo do dia-a dia até esses versos de de amor e fantasia terem vindo interromper o ritmo da monotonia e me terem devolvido o sentido ao dia, a poesia que sou e quero ser.

sábado, 2 de março de 2013

Viagem com café pela Língua Portuguesa

Bom dia. Eram seis da manhã quando munida de um longo café e aceso o primeiro vicio, rumei, pelas pontas dos dedos, que mal conseguiam conter a excitação, em direção à minha primeira "no cost e tax free trip" da minha "União Imaginativa" muito particular mas universal, onde Troikas só de Curiosidade, Excentricidade e Refinamento, esta última característica verdadeiramente indispensável para garant...ir que as outras possam ser exercidas sem ser incomodada pela vulgaridade, agressiva, neste últimos tempos. Como o custo é zero, estou protegida. Das leis da matemática retive a que diz que qualquer coisa a multiplicar pelo zero, não sai da casa zero, ou seja, que tudo o que hoje possa acontecer no meu exterior, a multiplicar pelo zero, fica reduzido a nada. É permitido fumar, levar explosivos, perfumes acima dos 100 ml e não nos mandam tirar as botas, nem o cinto nem esvaziar os bolsos. Tão pouco corremos o risco de ter como companheiro de viagem alguém que cheira a ontem, ressona, areja os pés ou tenta conversar. E se assim for, use o zero e verá como tudo se dissolve e pode continuar regressar em paz e sossego ao seu percurso. Divino!
Abro o Tomo I do Dicionário da Academia das Ciências. Germânica, disciplinada, pelo princípio é que se começa, e deslizo pela melodia da letra A que na Língua Portuguesa é uma sinfonia de sons agudos, graves, guturais, "um veículo multifunções". Diz mais de nós que o bacalhau à Brás ou o Fado. Ela é artigo, preposição, prefixo, pronome pessoal, demonstrativo, locução, é possível ir aos limiares do Universo montado na letra A da Língua Portuguesa, um verdadeiro arauto do fenómeno identitário que somos, símbolo de versatilidade criativa e fonte de inesgotável criatividade. Avanço porque vislumbro mais abaixo a primeira palavra a sério do nosso léxico: "ABA" que não os Abbas suecos que precisaram de dois "bb" para se afirmarem. Nós somos capicuas logo com a primeira palavra do nosso léxico, com apenas três letras, as mais simples, A, B e A, uma versão codificada do “há mar, há mar, há ir e voltar”, peregrinos que somos do além para voltarmos às nossas raízes mais profundas, o nosso inicio, a letra A. Foi o que eu fiz, ir-me para voltar a estar onde estava, embora diferente do que fui, como muitos compatriotas que reproduziram o movimento pendular que caracteriza a nossa mais profunda identidade, este perpétuo vai-à-procura-de-algo pelo mais além fora, para um dia voltar ao ponto de partida, que é a nossa terra. Parece absurdo onde nos leva a palavra ABA, A-B-A, mas seguindo em frente, curiosamente, a segunda palavra que consta do nosso Dicionário é precisamente “AB ABSURDO”, a metodologia que eu precisava para provar o que acabei de enunciar: quando nada é demonstrável, podemos recorrer ao AB ABSURDO para demonstrar a validez do teorema. Não é incrível que estas duas palavras se sigam uma à outra? Somos pendulares e capicuas ab absurdamente e sem sair da letra A. Mas esperem que a minha vista se levantou e esbarrou com outra palavra tão sugestiva como oportuna, nada mais nada menos que o adjetivo “ABADALHOCADO”, não é genial? Vem na sequência do que ontem escrevi, desanimada, sobre a existência de uma espuma apodrecida de gentes que tiranizam o nosso país e a vontade de FAZER BEM que muitos temos e que não conseguimos exercer. Tudo se deve a que sob essa espuma de incompetência, corrupção, inépcia e má-fé, existe uma forma se ser “ABADALHOCADA”, essa forma suja e desmazelada de levar vestidos os princípios e os valores que dá aso a que se gere, nas capas exteriores, essa espuma peganhenta e isoladora que nos impede respirar, lá está, um ambiente ABAFADIÇO, ABAFADO, ABAFANTE, algo assim como uma estância acanhada e bafienta e sem ventilação onde vamos definhando e desaguando lentamente até nos dissolvermos num gasoso e tóxico CO2. E estou ainda e só nas primeiras palavras do nosso alfabeto, imaginem lá que decido viajar até aos confins galácticos da letra Z através dos caminhos e percursos e atalhos de imaginação infinita que nos proporciona a nossa maravilhosa língua que é a PORTUGUESA, a nossa, que a nós se deve e que declinamos e assobiamos e trauteamos por uma escala que supera a dos oitavos e que leva em si, em cada palavra, suculentas e sumarentas imagens que espremidas e alinhadas com humor e sagacidade, nos denunciam cruelmente…bendita Língua Portuguesa que inventa a palavra “abadalhocado” quando o povo se prepara para pedir aos estrangeiros que se vão quando deviam era pegar numa das primeiríssimas palavras do nosso léxico e pregá-la sorrateiramente nas costas de todos aqueles que trituram os princípios e valores sobre os quais queremos, uns, viver e ser e estar. ABDICADORES, ACOMODATÍCIOS, ACABADOTES, ACULTURADOS, ADIADOS, ADORMECIDOS, ADULADORES, AFERROLHADOS, AFREGUESADO, AGASTADO, AGENÉSICO. Ou AGÓNICO e AGONIZANTE…escolham. Á votre guise! Podemos escrever um Manifesto, uma Declaração de Princípios, uma Constituição, uns estatutos apenas com palavras com a letra A. E ainda só vou pelos primeiríssimos percursos da minha maravilhosa viagem através do DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Sem IVA nem IRS e sem gastar um Euro!

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ideias faladas - Palavras pensadas

A palavra é uma ideia falada e uma ideia é uma palavra pensada. O lugar mais bonito para passear a imaginação é um dicionário e o da Língua Portuguesa é como uma praia de areia fina e águas calmas, um sonho. Amanhã, para ultrapassar os dissabores da vida, vou passear-me pela letra A do Dicionário da Real Academia das Ciências. E provávelmente até vou esquecer aquilo em que não quero pensar. Programão! Boa noite!

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