Olhar para o passado é como a imensidão de um campo de trigo dourado e ondulante. Ás vezes, entre as espigas, espreita uma papoila encarnada que retém o olhar e quebra a monotonia. Outras vezes é um pássaro mais atrevido que perturba a cadência da ondulação. Há ainda as vezes em que um vento revoltado ou uma chuva persistente transtornam a serenidade e quietude dessa paisagem doce e melancólica.
Assim é também o nosso olhar sobre o passado. Dele guardamos apenas os momentos de exceção que interrompem o seu lento desenrolar pelos dias, meses e anos, rotina acima, rotina abaixo, silencioso e ondulante como um campo de trigo a perder de vista, em dias de bonança.

 
 
Sem comentários:
Enviar um comentário