E por isso vou a correr escrever. Para que as ideias escorram depressa para o papel e dêem espaço às novas que se apressam a tomar forma. Escrever é forrar as paredes interiores de ideias arrumadas.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Uma forma de estar no mundo
Portugal, a minha paixão, Europa, a minha referência, o mundo, a minha fronteira. Como uma árvore que arranca da terra, se ergue orgulhosa e floresce até aos limites da seiva criativa. Nada deve ser pensado nem feito sem que tenhamos consciência de quem somos, onde estamos e onde devemos chegar. Nada pode ser como ontem, quando cruzar os oceanos era uma façanha de um punhado de herois, a Europa se gladiava para impor uma identidade única e o nosso país deixou escapar o benefício das rotas que descobriu. Hoje, as nossas raízes são parte dessa árvore comum que é a Humanidade e não só temos a obrigação de contribuir para que floresça como devemos ter a inteligência e a tenacidade para devolver ao país os benefícios desta forma de estar no Mundo.
Que as raízes floresçam de novo!
Portugal é um país exausto, depauperado, entristecido. Sentado à porta, no degrau da pobreza, lamenta-se profundamente com a sorte que não teve, o azar que se lhe cruzou no caminho, a desgraça que lhe entrou pela casa dentro, a saudade de tudo aquilo que nunca chegará a ter. Desiludido consigo próprio, zangado com o mundo, olha fixamente o chão, sem saber para onde ir, como recomeçar, que dias virão aí? sabe-se lá...
Não é fácil falar-lhe de esperança, de elogiar as suas capacidades, de aliciá-lo com slogans, assinalar casos de sucesso que despontam aqui e ali, como cometas que não vêm para ficar. Tudo à volta e ele próprio é uma planície arrasada onde ainda cheira a fumo, no rescaldo de um grande incêndio que fechou o ciclo de uma floresta pujante e que deu frutos, que saciaram uma sede que foi letal.
Olhar de frente. Olhar-se de frente. Cortar o que resta dos coutos enegrecidos, espalhá-los pelo chão e regar. Regamos todos, bendizemos a chuva, somos muitos a começar. Somos muitos a querer mudar de vida, a pisar as cinzas, acamar o chão, para deixar crescer. Não virá ninguém ajudar-nos, nem é preciso. Acreditamos que a terra onde nascemos nunca morre nem nunca arde até à essência. As árvores nascem, crescem, morrem e renascem de novo. E um povo que tem valores levanta-se sozinho, assim como as raízes, com o tempo, florescem de novo
Não é fácil falar-lhe de esperança, de elogiar as suas capacidades, de aliciá-lo com slogans, assinalar casos de sucesso que despontam aqui e ali, como cometas que não vêm para ficar. Tudo à volta e ele próprio é uma planície arrasada onde ainda cheira a fumo, no rescaldo de um grande incêndio que fechou o ciclo de uma floresta pujante e que deu frutos, que saciaram uma sede que foi letal.
Olhar de frente. Olhar-se de frente. Cortar o que resta dos coutos enegrecidos, espalhá-los pelo chão e regar. Regamos todos, bendizemos a chuva, somos muitos a começar. Somos muitos a querer mudar de vida, a pisar as cinzas, acamar o chão, para deixar crescer. Não virá ninguém ajudar-nos, nem é preciso. Acreditamos que a terra onde nascemos nunca morre nem nunca arde até à essência. As árvores nascem, crescem, morrem e renascem de novo. E um povo que tem valores levanta-se sozinho, assim como as raízes, com o tempo, florescem de novo
domingo, 21 de setembro de 2014
É a hora
Venero o poeta que amava profundamente o nosso país e que deste modo tão místico de cantar o seu desencanto, nos deixou, porém, esta sua forma particular de entender a porta que se abria para um renascer "por entre o nevoeiro". A imagem é linda, profunda e parece que fica a ecoar pela noite dos tempos fora. Glória a este CIDADÃO-POETA de Portugal que soube amar o nosso país com todo o seu génio.
Fico maravilhada com o facto de pertencer a um povo e a uma terra que foram e são amados por Homens e Mulheres verdadeiramente excecionais como Fernando Pessoa e tantos outros, de tantas maneiras diferentes. E se é verdade que atravessamos tempos difíceis, não é menos verdade que temos recursos e capacidades que nos distinguem, diferenciam e nos elevam ao que de melhor existe no mundo.
domingo, 7 de setembro de 2014
Quando escrevo
Quando escrevo, fecho os olhos e pinto as cores e a música das palavras que vou colhendo, pela memória fora, uma a uma, o ritmo, a vírgula, a forma de uma semifusa, jorros de lilases, rosas brancas, malmequeres doirados, por vezes, um violino, no infinito de uma paisagem solitária, ténue e tão só, ao entardecer, por outras, nunca sei, não sou dona do que escrevo, que mais não é senão a alma que de olhos fechados me soa e a memória me traz, à meada de palavras que vou pintando, uma a uma, na melodia que não pedi e não peço e que é para mim, escrever.
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