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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Analogias poéticas

Há anos que ninguém apanha a fruta daquela árvore e é por isso que aquela que não chega a cair pelo peso do abandono, apodrece languidamente nos ramos e na primavera, à hora de rebentar a flor, não lhe dá o seu lugar impedindo a renovação e o nascimento de novos frutos, melhores que os de anos anteriores que as espécies vão apurando e refinando a sua qualidade quando para isso se as estimula...e os poucos que vão nascendo não têm melhor sorte senão ir definhando lentamente e contaminando a sua desgraça a outros que entristecem por não serem aproveitados para aquela que por ordem de Deus é a sua missão. Até que um dia, a árvore, cansada e aborrecida, deixa de levar a seiva até aos ramos onde também já não há folhas novas, para quê, se já poucos frutos há para proteger da luz impiedosa do sol? E é assim que as árvores que dão frutos vão aos poucos mirrando, envelhecendo sem nunca terem vivido plenamente a sua juventude, que as árvores que dão fruto existem para que estes sejam colhidos na altura certa, cumprindo assim a função que dá razão de ser ao seu misterioso e divino ciclo da vida.

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