Cheguei a casa e, ainda excitada com o meu conseguimento na barragem da Aguieira, fui a correr pegar no Dicionário da Língua Portuguesa da Real Academia das Ciências para ver se a minha proeza, efetivamente, constava da lista de vocábulos permitidos pela nossa doutrina linguística. Não fosse ter conseguido acabar com um inconseguimento que, afinal não podia ter tido lugar por ser o "inconseguimento" uma inexistência linguística....e, eis senão quando descubro que...o dito, de "incônscio" vai diretamente para o termo "inconsequente" infelizmente sem passar pelo temível "inconseguimento", que tanto pânico causou à amiga Assunção Esteves e a mim própria, que o imaginei e vi figura mitológica camoniana a impedir o meu conseguimento de cruzar a ponte da Aguieira. Estou, portanto, neste momento, com um nível social frustracional elevado, resultante de um conseguimento manifestamente inconseguido. Em Portugal só estão autorizados os "conseguimentos", amiga Assunção. Incônscios, sim. Inconsequentes também. Portanto, já sei o que aconteceu. Estava a Assunção em cima do termo "incônscio" (neste caso, incônscia) preparada para saltar para cima do termo "inconsequente" quando, após o balanço, se viu súbitamente no "inconseguimento", esse vazio linguístico aterrador, que não existe entre ser-se "incônscio" e "inconsequente". Foi a mesma visão que tive hoje ao cruzar a ponte da Aguieira...algo entre a inconsciência e a inconsequência. Graças a Deus, o meu Peugeot tem uma buzina que, oportunamente acionada, me despertou desse terrível pesadelo que é precipitarmo-nos no vazio em que se precipitou a mente da Assunção ao usar o termo "inconseguimento"...Arrasada com este acontecimento, não vejo agora impedimento ao conseguimento de dormir com um "tranquilamento" e um "sossegamento" descansamentados. She is HUGE! Nem na Grécia!
E por isso vou a correr escrever. Para que as ideias escorram depressa para o papel e dêem espaço às novas que se apressam a tomar forma. Escrever é forrar as paredes interiores de ideias arrumadas.
quarta-feira, 29 de julho de 2015
terça-feira, 28 de julho de 2015
Inconseguimento
Razão tem a Assunção Esteves de ter medo do inconseguimento. Eu vi-o e apanhei o maior susto da minha vida.
De regresso a casa, ali pelos lados da Barragem da Aguieira, noite negra por entre o arvoredo denso, formas tenebrosas que se iam vergando sobre a estrada apertada quando o luar espreitava por entre as núvens apressadas pela ventania, as mãos apertadas no volante, quando de repente me apareceu pela frente, qual Adamastor, irado, furibundo, de punhos erguidos a gritar: "Sou o inconseguimento! Sou o inconsegimento! E vou-te inconseguimentar!!!!". Abri os olhos de pânico mas arranquei de dentro da minha alma um conseguimentarei e buzinei ferozmente ao que o Inconseguimento se assustou e de um pulo elástico, saltou da ponte e mergulhou ruidosamente no Mondego. Lembrei-me da nossa Assunção Esteves, imediatamente, e parei o carro...Tem toda a razão, a nossa Presidente do Parlamento. Eu também fiquei cheia de medo com o Inconseguimento...Nem o Adamastor era tão horrendo. Mas consegui superar a prova do inconseguimento. Dobrei o Cabo, e conseguimentei. Outros Portugueses poderão também fazê-lo. A partir de hoje conseguimentaremos todos. Basta buzinar com conseguimento! Assunção amiga, não tenhas medo e buzina! Buzina com convicção e destemidamente que o Inconseguimento jamais te amedrontará!
De regresso a casa, ali pelos lados da Barragem da Aguieira, noite negra por entre o arvoredo denso, formas tenebrosas que se iam vergando sobre a estrada apertada quando o luar espreitava por entre as núvens apressadas pela ventania, as mãos apertadas no volante, quando de repente me apareceu pela frente, qual Adamastor, irado, furibundo, de punhos erguidos a gritar: "Sou o inconseguimento! Sou o inconsegimento! E vou-te inconseguimentar!!!!". Abri os olhos de pânico mas arranquei de dentro da minha alma um conseguimentarei e buzinei ferozmente ao que o Inconseguimento se assustou e de um pulo elástico, saltou da ponte e mergulhou ruidosamente no Mondego. Lembrei-me da nossa Assunção Esteves, imediatamente, e parei o carro...Tem toda a razão, a nossa Presidente do Parlamento. Eu também fiquei cheia de medo com o Inconseguimento...Nem o Adamastor era tão horrendo. Mas consegui superar a prova do inconseguimento. Dobrei o Cabo, e conseguimentei. Outros Portugueses poderão também fazê-lo. A partir de hoje conseguimentaremos todos. Basta buzinar com conseguimento! Assunção amiga, não tenhas medo e buzina! Buzina com convicção e destemidamente que o Inconseguimento jamais te amedrontará!
domingo, 26 de julho de 2015
Escavar e construir
Na vida tive dois brinquedos favoritos: Fazer perguntas, era o primeiro. Tantas vezes perguntei "Porquê", quando era pequena que a minha mãe, um dia me ofereceu um livro que se chamava "Porquê". Ainda o tenho. Era giríssimo. Dava respostas a tudo o que era possível, uma criança, perguntar. E ainda hoje me vejo como uma escavadora (de marca alemã, claro!) que passa o dia a escavar para encontrar a razão última e trazê-la à luz do dia para perceber como funciona. O segundo brinquedo eram as construções: Lego, Meccano, comboio elétrico, cartas e fósforos. Com tudo construía tudo. Quiz ser engenheira mas o meu professor de matemática, o temível Herr Leilich, avisou-me de que não ía conseguir lidar com o universo simbólico dos números, a minha cabeça organizava-se de acordo com palavras e aconselhou-me (à boa maneira alemã) a ir para Letras...Pena. Hoje se calhar tinha mais credibilidade do que a que pode ter alguma vez, neste país que venera, por parolice, os que percebem de números, os Humanistas...Adiante.
Ao longo da vida, estas duas facetas - escavar e construir - foram-se exercendo e estendendo a outros domínios (muitos, tantos, porque a minha curiosidade, para o bem e para o mal, não tem limites) e eis-me aqui, por um lado, a trazer à luz do dia, de forma incessante, causas e razões para perguntas que me inquietam e, por outro, a tentar construir, para essas perguntas, casas e edifícios que lhes tragam soluções.
Acho graça que o Partido Socialista tenha espalhado um reclame, um pouco por todo o lado, que diz: "Causa das causas: o (des)emprego". E penso para mim: Ainda só vão na primeira galeria das escavações. Há tempos que passei por ela...E percebo porque é que o Partido Socialista se fica por esta galeria: porque é a galeria onde o povo quer ficar. O Eldorado, para uns e outros. O passeio acaba aqui. É preciso que uns e outros se entendam exatamente na frequência em que, uns e outros, querem e podem estar. Por favor, não vamos mais longe! Uns e outros sabem que não haverá mais "empregos" mas para que os uns ganhem as eleições aos malévolos e os outros fiquem de consciência tranquila por ter cumprido com o dever de votar, o contrato é aceitável.
É, porém, lamentável. Que os partidos continuem a ficar-se por aqui e que o povo se resigne a ficar por aqui. Pela primeira galeria das causas-soluções: um país atrasado, empobrecido, com circuitos duplicados, soluções desleixadas, um desperdício brutal de uma quantidade de recursos que Deus nos deu e nos quais temos vindo a investir o que temos e o que não temos...O maior défice, nestes 40 anos de democracia, é isso mesmo: os recursos que desperdiçámos e deixámos que fossem desperdiçados pelos que nos governam, pela falta de exigência. Pela pouca ambição. Pelo comodismo primário.
Fala-se muito dos políticos. Fala-se muito dos empresários. Mas ninguém, do povo, avança para fazer auto-crítica e dizer: "A culpa é nossa, de todos nós, Cidadãos, que não soubemos nem quisemos ser ambiciosos, nem rigorosos, nem ir mais longe..."
Por isso ando pelo país, a construir. Porque depois de muito escavar, acho que a chave está em nós próprios. A chave está em construir a partir da base, as respostas que precisamos. Começando bem fundo, na galeria mais profunda da nossa inépcia: a confiança em nós próprios. Na nossa capacitação para sermos Cidadãos exigentes, co-responsáveis por tudo o que é do interesse do país e de todos nós, ambiciosos na construção da sociedade que é possível face aos recursos que Deus nos deu e aos ativos que fomos criando. Também face ao dever moral que temos de deixar uma sociedade melhor, aos nossos filhos e não uma pior e encalhada na mediocridade. É caso para dizer: Às armas, às armas, pela Pátria, lutar. E a luta é connosco próprios, que somos o nosso maior inimigo. Mas também o nosso melhor ativo. Temos um lado escuro mas também temos um lado glorioso e brilhante. O lado que eu tenho visto pelo país fora, quando é possível falar individualmente com as pessoas, ouvi-las, fazer-lhes caso, deixá.-las fazer o que sabem fazer e fazem bem. O povo fica-se pela primeira galeria. As pessoas, individualmente, querem ir bem mais longe. Querem as estrelas. Têm ideias para lá chegar. Estão dispostas a isso. Para fazê-lo há que começar a construir, um a um, um com cada um, e todos em conjunto. Pela causa certa e não pela do reclame de profundidade 1, o refúgio para a mediocridade.
Ao longo da vida, estas duas facetas - escavar e construir - foram-se exercendo e estendendo a outros domínios (muitos, tantos, porque a minha curiosidade, para o bem e para o mal, não tem limites) e eis-me aqui, por um lado, a trazer à luz do dia, de forma incessante, causas e razões para perguntas que me inquietam e, por outro, a tentar construir, para essas perguntas, casas e edifícios que lhes tragam soluções.
Acho graça que o Partido Socialista tenha espalhado um reclame, um pouco por todo o lado, que diz: "Causa das causas: o (des)emprego". E penso para mim: Ainda só vão na primeira galeria das escavações. Há tempos que passei por ela...E percebo porque é que o Partido Socialista se fica por esta galeria: porque é a galeria onde o povo quer ficar. O Eldorado, para uns e outros. O passeio acaba aqui. É preciso que uns e outros se entendam exatamente na frequência em que, uns e outros, querem e podem estar. Por favor, não vamos mais longe! Uns e outros sabem que não haverá mais "empregos" mas para que os uns ganhem as eleições aos malévolos e os outros fiquem de consciência tranquila por ter cumprido com o dever de votar, o contrato é aceitável.
É, porém, lamentável. Que os partidos continuem a ficar-se por aqui e que o povo se resigne a ficar por aqui. Pela primeira galeria das causas-soluções: um país atrasado, empobrecido, com circuitos duplicados, soluções desleixadas, um desperdício brutal de uma quantidade de recursos que Deus nos deu e nos quais temos vindo a investir o que temos e o que não temos...O maior défice, nestes 40 anos de democracia, é isso mesmo: os recursos que desperdiçámos e deixámos que fossem desperdiçados pelos que nos governam, pela falta de exigência. Pela pouca ambição. Pelo comodismo primário.
Fala-se muito dos políticos. Fala-se muito dos empresários. Mas ninguém, do povo, avança para fazer auto-crítica e dizer: "A culpa é nossa, de todos nós, Cidadãos, que não soubemos nem quisemos ser ambiciosos, nem rigorosos, nem ir mais longe..."
Por isso ando pelo país, a construir. Porque depois de muito escavar, acho que a chave está em nós próprios. A chave está em construir a partir da base, as respostas que precisamos. Começando bem fundo, na galeria mais profunda da nossa inépcia: a confiança em nós próprios. Na nossa capacitação para sermos Cidadãos exigentes, co-responsáveis por tudo o que é do interesse do país e de todos nós, ambiciosos na construção da sociedade que é possível face aos recursos que Deus nos deu e aos ativos que fomos criando. Também face ao dever moral que temos de deixar uma sociedade melhor, aos nossos filhos e não uma pior e encalhada na mediocridade. É caso para dizer: Às armas, às armas, pela Pátria, lutar. E a luta é connosco próprios, que somos o nosso maior inimigo. Mas também o nosso melhor ativo. Temos um lado escuro mas também temos um lado glorioso e brilhante. O lado que eu tenho visto pelo país fora, quando é possível falar individualmente com as pessoas, ouvi-las, fazer-lhes caso, deixá.-las fazer o que sabem fazer e fazem bem. O povo fica-se pela primeira galeria. As pessoas, individualmente, querem ir bem mais longe. Querem as estrelas. Têm ideias para lá chegar. Estão dispostas a isso. Para fazê-lo há que começar a construir, um a um, um com cada um, e todos em conjunto. Pela causa certa e não pela do reclame de profundidade 1, o refúgio para a mediocridade.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
QUO VADIS?
Antes de transformar um país é preciso tê-lo sonhado e para transformá-lo é preciso colocar a ambição no impossível, a imaginação e a criatividade no impensável e a generosidade, a dedicação e a entrega no limite.
Hoje, em Portugal não há Políticos, não há Política. Não por falta de estratégia. Não por falta de conhecimento. Não por falta de experiência, mas sim pela falta de motivação, de ambição, de generosidade, de paixão e compaixão pelo próximo. Por egoísmo, por ego-centrismo puro e duro. "O outro" só existe e só interessa na medida em que contribui para a própria felicidade, para a satisfação e glória do ego e, porém, é na felicidade do outro que a própria faz sentido. Extrai-se, em vez de se dar, quando é dando que se recebe. Dependemos todos uns dos outros e no entanto destroem-se sistematicamente os laços que nos unem. Cada um de nós leva o princípio e o fim dentro de si próprio, a razão de ser e no entanto, nunca o indivíduo contou tão pouco e nunca foi tão indiferente, para os políticos, cuidar do indivíduo.
As palavras e as ideias que se esgrimem passam por cima de cada um de nós, não levam o nosso nome nem o nosso apelido, pouco importa a miséria, o infortúnio, a condição de cada um de nós. Não há Política se não houver paixão pelo outro, pela individualidade de cada um e compaixão pela sua condição. E nada disto se traduz em ação política, é porque não há Políticos nem se faz Política, neste país.
O que há são passeios pomposos, sem rumo e sem destino dos egos fechados sobre si próprios. E palavras, muitas palavras, só palavras, ôcas, vãs, estéreis e inconsequentes. Como se lhes pode falar de mudança? De transformação? De sonho? De amor e compaixão pelo indivíduo? Da felicidade das pessoas? Pois estes são conceitos que os afligem, os atormentam, os questionam e põem em causa a sobrevivência de todos esses egos que se compreendem e se protegem num denominador comum de mediocridade individual e ego-centrica, isolado de todos e longe de cada um de nós.
Quo Vadis?
Não há futuro sem sonho. Não há progresso sem ambição. Não há justiça sem amor e compaixão. Não há igualdade sem aceitação. Não há liberdade sem irreverência. E não há mudança sem futuro.
“Every time we think we have measured our capacity to meet a challenge, we look up and we’re reminded that that capacity may well be limitless,” President Bartlet said. “This is a time for American heroes. We will do what is hard. We will achieve what is great. This is a time for American heroes and we reach for the stars.”
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