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domingo, 31 de janeiro de 2016

A tua hora de mudar

Se mudar por fora, 
se mudar por dentro.
se mudar por fora e por dentro, 
o que importa
é voar sem demora
nas asas do momento
abraçada a esse vento
que se abre de par em par.
Vai, não percas tempo
a pensar no medo
de não saber onde mora
a vida nova
e empurra esse sentimento
de fora para dentro
ou de dentro para fora
que importa, que mais dá
quando sentes no sorriso
que lanças janela fora
que chegou o momento
a tua hora de mudar?

sábado, 30 de janeiro de 2016

Paisagens da vida, trechos da memória, histórias por escrever


As fotografias são janelas abertas de par em par sobre as paisagens da nossa vida e trechos da nossa memória e é por isso que as colocamos nas estantes ao lado dos livros. Estão ali porque nos marcaram tanto ou mais que os livros que lhes fazem companhia e nos contam histórias que nos são próximas, por vezes escritas na primeira pessoa. E, como os bons livros, de cada vez que nos captam a atenção e o olhar, a viagem que fazemos é diferente das vezes anteriores e vamos um pouco mais longe e mais fundo nos sentimentos e nas emoções que geram em nós. Ao olhar para todas elas tenho a sensação de que todas esperam ser escritas, um dia, como os companheiros que as rodeiam...uma tentação enorme para quem gosta de escrever.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

É por ali que a ficção vive...

O verdadeiro mistério da ficção vive aqui, seguindo pela direita adentro, deixando à esquerda a realidade, para quem se atrever a seguir-lhe o rasto e deixar-se seduzir e cativar por ela. Basta para isso sentarmo-nos, antes do raiar da manhã, neste posto de observação privilegiado e deixar que a poderosa criatividade - essa dama misteriosa vestida de fantasia, que dá pelo nome de musa - nos entre pelos olhos dentro, nos inunde a alma e a deixemos escrever-se a si própria, sem lhe oferecermos resistência nem tentarmos colocar-lhe adereços inúteis ou espartilhá-la com as nossas pequenas vaidades...É a pura das verdades que a ficção vive nesta Estrada que leva Sintra pela mão a passear pelo que um poeta-escritor sempre ansiou e jamais imaginou ser possível: ver com os seus próprios olhos e colher com as suas próprias mãos todos os ingredientes que necessita para escrever uma novela, um romance, negros, rosas ou de cavalaria, uma poesia, uma Ode, um soneto, com rima, sem rima, de escárnio, de amor ou de simples ironia...como escrevia Beaudelaire: "Ennivrez-vous sans cesse. Mais de quoi? De vin, de vertu ou de poésie...à votre guise".

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Renascer em Sintra



Quatro minutos antes do sol nascer oficialmente já Sintra vai deixando que uma luz ténue e difusa ilumine o seu "skyline", com os recortes originais dos seus "arranha-céus", os sons do bulício matinal dos seus pássaros e passarinhos, o cheiro inconfundível da terra encharcada de água, um amanhecer de placidez e quietude bem diferente de todos os meus cenários anteriores. Neste, a rotina terá forçosamente que ser diferente porque há um dado novo: a Beleza e esta não pode ser reduzida nem se deixa reduzir a uma mera circunstância externa sem qualquer capacidade para moldar a nossa linha existencial. E Sintra, ao amanhecer ou ao crepúsculo, com sol ou chuva ou envolta em nevoeiro é muito mais do que um cenário. É um estado de alma que se cria devido à força e pujança com que a sua Beleza interage com quem ela convive. Apesar de todos os atropelos, é uma espécie de "Sorte Grande" que nos sai poder aqui viver. Bom dia a todos, nos vossos respetivos cenários da alma.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Noite de chuva

No silêncio de uma noite de chuva
os pensamentos vão escorrendo
gota a gota
uma atrás de outra
e deslizam
pela vidraça,
são cristais
que vou guardando
lentamente,
pouco a pouco
no doce embalar
da chuva a escorrer
pela vidraça, devagar
gota a gota,
silenciosa,
tudo é paz
tudo é sossego,
os olhos a fechar
sem pensar,
adormeço


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Passatempo


O melhor passatempo de todos é pensar. As horas passam, o tempo não cansa, não há plano para ir nem hora de volta nem abrigo onde ficar, basta tão só saber declinar pelos verbos fora e escolher a melhor encosta por onde deslizar, se sou, tenho, faço e quero ou não, e pelo contrário, porém, contudo, mas...e volto para trás porque regras não há e a escolha me pertence se sou leitura, poesia, música, beleza, alegria, compassos de fantasia ou estou por nascer no sorriso de alguém, abrando, abordo o infinito com o gerúndio, sempre, tenho tempo, não há pressa, ninguém me espera num abraço ou talvez, quem sabe, porventura, quiçá e se entrasse por essa porta, agora perdi-me porque é doce o entardecer e escolho cores subtis, aromas quentes, sabores a perder de vista, pego na caneta e escrevo uma ode à saudade, um verso de amor, uma carta a um amigo e um apanhado da minha vida, já cá não estás nem sabes a falta que me fazes, a luz esmorece, recolhida e esvaneci-me na névoa dos pensamentos, sou três pontos suspensivos de silêncio, um compasso de espera, estou no intervalo e saio para arejar e embarco noutro pensamento, vamos, depressa, corro, já não chego a tempo, que aflição e porque é que é sempre assim, assim, assim, o passar o tempo a passar o tempo a pensar como passa, passando, passando a declinar ou declinando, sem abrigo, sem rumo, vagabundeando, imaginando, saboreando, derramando sobre o papel o que nem forma possui nem espero partilhar, o melhor passatempo, passar o tempo, no gerúndio, a pensar.

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