O melhor passatempo de todos é pensar. As horas passam, o tempo não cansa, não há plano para ir nem hora de volta nem abrigo onde ficar, basta tão só saber declinar pelos verbos fora e escolher a melhor encosta por onde deslizar, se sou, tenho, faço e quero ou não, e pelo contrário, porém, contudo, mas...e volto para trás porque regras não há e a escolha me pertence se sou leitura, poesia, música, beleza, alegria, compassos de fantasia ou estou por nascer no sorriso de alguém, abrando, abordo o infinito com o gerúndio, sempre, tenho tempo, não há pressa, ninguém me espera num abraço ou talvez, quem sabe, porventura, quiçá e se entrasse por essa porta, agora perdi-me porque é doce o entardecer e escolho cores subtis, aromas quentes, sabores a perder de vista, pego na caneta e escrevo uma ode à saudade, um verso de amor, uma carta a um amigo e um apanhado da minha vida, já cá não estás nem sabes a falta que me fazes, a luz esmorece, recolhida e esvaneci-me na névoa dos pensamentos, sou três pontos suspensivos de silêncio, um compasso de espera, estou no intervalo e saio para arejar e embarco noutro pensamento, vamos, depressa, corro, já não chego a tempo, que aflição e porque é que é sempre assim, assim, assim, o passar o tempo a passar o tempo a pensar como passa, passando, passando a declinar ou declinando, sem abrigo, sem rumo, vagabundeando, imaginando, saboreando, derramando sobre o papel o que nem forma possui nem espero partilhar, o melhor passatempo, passar o tempo, no gerúndio, a pensar.

 
 
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