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domingo, 28 de fevereiro de 2016

E se decidíssemos que o importante é mesmo sermos felizes, coletivamente?

Trabalhar para o bem comum é trabalhar para aquilo que nos faz feliz, coletivamente. Ora, numa coletividade, todos deveríamos ter a hipótese (oportunidade/enquadramento) de formular aquilo que, individualmente, nos faz feliz para que, num segundo momento, essa ideia de felicidade pudesse ser discutida com a ideia do outro e dos muitos que conformam uma coletividade. Para que, no final deste processo, houvesse uma decisão coletiva (necessáriamente coletiva e democrática, pois a minha felicidade não é mais importante do que a do vizinho do lado e todos podem aceitar isso) sobre como pode ser a felicidade coletiva, como concretizá-la e qual deverá ser a contribuição de cada um para ela. Deixemos de lado o dinheiro porque todos sabemos que muitas vezes o que nos faz feliz não custa muito dinheiro (ter companhia, partilhar um jantar, manter o espaço público limpo, guiar com cuidado, ser educado, e por aí fora...) e nesse sentido, a felicidade coletiva pode ser implementada com base naquilo que cada um sabe fazer, pode fazer ou tem competência para fazer. O financiamento? É preciso mudar a perspetiva e pensar do fim para o princípio: Não é o "custo" do processo mas sim o valor do resultado final que deve estar na base do cálculo. Difícil? Bah...existe suficiente competência e conhecimento no mundo para resolver essa questão. O que é verdadeiramente difícil e desafiante é conseguir que as pessoas mudem radicalmente a perspetiva sobre a gestão do bem comum. Isso sim é o grande desafio pscicológico, societal e político que temos pela frente. E olhando à volta, há uns mais capacitados do que outros para iniciar essa "revolução humanística". O novo renascimento ou renascença, como quiseram. Tão ou mais desafiante que a que teve lugar no século XIV...Feliz domingo...coletivo, a todos!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Sugestão para o próximo Presidente da República: É tempo de rever "A Portuguesa"



Ao olhar pela minha janela e observar, entre a neblina matinal, a Quinta da Regaleira" veio-me ao espírito a estrofe final do nosso Hino Nacional. "Entre as brumas da memória, ó Pátria, sente-se a voz dos teus egrégios avós, que hão-se levar à vitória. Às armas, às armas, sobre a terra e sobre o mar. Às armas, às armas, pela Pátria lutar...Contra os canhões, marchar, marchar..." O Hino Nacional é um símbolo. De um país, de uma Nação, de uma coletividade. Nele está decantada uma determinada visão do passado, do presente e do futuro do nosso património material e imaterial coletivo. 100 anos depois, não tenho dúvidas de que todos temos que fazer um enorme esforço para nos revermos nesta estrofe e para lhe outorgarmos a autoridade que deve ter no que diz respeito à visão que temos do nosso presente e futuro. Eu não digo que não possa continuar a ser usada. O que digo é que aceitamos por inércia, porque "sim", porque ninguém pensou ainda que podia ser refrescada, mudada, atualizada. Podia até gerar uma enorme catarse coletiva e obrigar-nos a refletir em conjunto sobre os nossos Valores e aspirações coletivos. Pessoalmente, friamente, conscientemente, não me revejo muito (para não dizer nada) nesta estrofe. E acho que como símbolos desse movimento agregador em prol de um futuro coletivo mais próspero há outras que não o da incitação às armas e das marchas bélicas contra hipotéticos canhões. Sugiro ao próximo Presidente da República que promova a elaboração de um novo Hino Nacional. Que não fique à espera que sejamos capazes de construir um futuro melhor para depois encontrar um Hino. Como símbolo forte que é o Hino até tem capacidade para forjar essa tal nova sociedade portuguesa não crispada, conciliada, esperançada e confiante que ele quer promover.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Contra a doença da paródia nacional, rir é o melhor remédio

Com grande tristeza e pesar meus, acabou ontem o folhetim da guerra mundial do Orçamento do nosso Estado. Eram mais ou menos 7 da tarde quando se ouviu o último estrondo de um daqueles mísseis que foram usados na era do maio de 68, muito desatualizados e rançosos, o firmamento se iluminou e houve gritos de extase e aplausos, muitos, embora não se tivessem registado danos de maior no campo adversário porque o mesmo falhou no alvo. Antes deste derradeiro e prodigioso arremesso, houve ali alguns momentos de frisson com o engenho avançado pelo lado oposto da barricada, um artefacto mais moderno e dinâmico, algo embirrento e pespireto no tom dos disparos mas que não passou disso mesmo, de zumbidos parecidos aos das bichas de rabiar. 
Eu ouvi a transmissão em direto deste último Capítulo da nossa grande Guerra Mundial no carro, pela IC-19 fora e devo dizer que tão pendente e envolvida estava eu no cruzamento de arremessos entre Suas Senhorias e sobretudo no desfecho final, esse corpo a corpo bravo, desesperado e impiedoso em que foram desferidos todo o tipo de golpes e usadas até facas de cozinha, penso eu, que foi por pouco que não fui parar a Rio de Mouro/Rinchoa/Mem Martins/Algueirão em vez de acabar à porta de casa, onde acabei por parar, desgostosa e triste pelo encerramento das hostilidades, e agora? Desde o tempo das Farpas, da guerra do Solnado, das aulas do Menino Toneca ou da viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil do Badaró que eu não me ria tanto e tão gostosamente. Suas Senhorias e os exércitos de fervorosos de um lado e outro das barricadas esmeraram-se no conteúdo e nas formas de uma renovada paródia nacional que, há séculos e séculos que se re-inventa a si própria e não tem cura. E contra ela, diz o povo, rir é o melhor remédio.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Pensar


Definitivamente, pensar, é a atividade que mais satisfação dá e a que mais nos pode realizar. Não há maior espaço de liberdade que aquela onde se movimentam os pensamentos. É gratuita e não paga impostos. Não precisa de nenhum "suporte" nem nenhum utensílio. Não incomoda ninguém. Não exige nada a ninguém. Traz de volta pessoas queridas, prolonga momentos de felicidade e é o veículo para afastar o medo, a dor, a tristeza. Viaja á velocidade da luz, saltita no espaço tempo e atravessa a matéria...é asocial? Não creio. Porque isso pressuporia que a sociedade está interessada em comunicar de verdade e todos sabemos que salvo raras exceções ninguém tem verdadeiramente interesse em comunicar e conhecer o pensamento do outro. O único inconveniente é que não traz rendimento...se calhar é por isso que ninguém tem tempo/oportunidade/vontade/ paciência para pensar...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Um país desleixado, uma sociedade atrasada, um défice maior do que o do orçamento!




Reunião dos Delegados dos pais dos alunos do Liceu Francês com a Subdiretora do Liceu. Preparação para os Conselhos de Turma que têm lugar para a semana. Estavam todos os delegados, éramos 42. A grande maioria, franceses. Uma reunião muito participativa em que se discutiram vários assuntos de interesse para a educação dos filhos. Podem imaginar qual o grande problema que foi por todos evocado: a indiferença dos pais. A falta de comunicação com a Escola, com os professores, com a Direção. Com os delegados. Um problema que, pela minha atividade profissional, também foi referenciado por todos os Diretores de Agrupamentos Escolares com os quais tenho tido contacto. É um problema de fundo do nosso país, uma inércia da nossa sociedade. A negligência, o desleixo, a inércia, a ausência. Há sempre alguém que resolve os problemas, toma conta dos outros, que assume a responsabilidade pela maioria. O défice das contas públicas será da responsabilidade dos Governantes. Mas o défice de progresso e de desenvolvimento nasce com estes desleixos, esta indiferença, esta incapacidade de contribuir, de dar, de construir em comum. Somos um país atrasado porque a grande maioria se sente cómoda e confortável nesse casulo autista e irresponsável em que vive, indiferente a tudo e todos. Só saem para criticar, dizer mal, deitar abaixo, desdenhar, ridicularizar. Há dias, vezes, em que só apetece emigrar para onde se leva a vida mais a sério...

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Se não fosse este cinzento


Se não fosse este cinzento, discreto, apagado, quase neutro, os vários verdes que se vêem da minha janela não se destacariam tanto. Nem sempre tudo passa por um céu azul intenso e um sol ofuscante!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Somos todos escravos desse novo Império e haverá sempre quem os queira servir, aos Impérios. TIME FOR PINK FLOYD!

Não são de direita nem de esquerda. Marimbam completamente na ideologia. Mas aproveitam as dependências que nós próprios criámos e às quais estamos amarrados para exercerem o poder, acumular riqueza e disfrutar, gozar a vida, os seus prazeres, o seu lado cor-de-rosa. Não é novidade nenhuma. Desde que o Ser Humano é humano - e por ser humano - que existem certos humanos que, para gozar a vida, não lhes chega o quintal que têm e que precisam de ter mais do que outros e não param enquanto não dominam e controlam tudo e todos. Chamaram-se gregos, troianos, mouros, romanos, suevos, alanos, godos, mongóis, franceses, alemães, japoneses...houve de tudo. A supremacia media-se em exércitos, armas, capacidade de fogo, de destruição massiva, eliminação física direta. Hoje, para dominar e controlar não é preciso manchar as mãos de sangue, abrir a torneira de gás, mandar as pessoas para goulags, campos de concentração. Na História Negra da Humanidade - que se contrapõe à História brilhante das grandes descobertas e invenções - e que nos conta sobre as formas, as metodologia, as armas, os processos que foram usados para controlar e destruir o Homem - o dinheiro é hoje a arma rainha, a mais letal, a bomba atómica, a mais eficiente para chegar ao poder, exercê-lo e controlar os outros seres humanos. Sempre existiu, é certo, mas revela hoje uma capacidade destrutiva que nunca foi sentida antes.
Esquerda? Direita? Políticos? Empresários? Académicos? Banqueiros? Gestores? Funcionários? Que importa o que são, de onde vêm, o que fazem? Importa? Nada. Zero. Quem tem dinheiro, recursos financeiros, compra poder e exerce-o para o seu gozo e dos seus. Bruxelas? Orçamentos, Pacto de Estabilidade, Zona Euro, Comité Monetário? Banco Central? Comissão Europeia? Parlamento Europeu? Défice excessivo? Tretas. Artifícios, vestimentas, retórica. Importa, tudo isso? Não. O que importa é localizar entre as malhas dessa super-teia de vasos capilares que se comunicam e que formam uma crosta purulenta e viciada onde está o verdadeiro organigrama do poder e de quem o exerce! Sigam o rasto do dinheiro, localizem os dólares, os euros, os yenes, os yuans...de preferência os dólares. E são essas massas financeiras que não têm profissão, nem ideologia, nem nome que hoje conformam o novo Império. Follow the dots, dizia o Steve Jobs. Mas follow os dots certos...não os que nos distraem e desviam da realidade.
É por isso que no meio disto tudo, lá bem no fundo, fundo da Humanidade, pouco importa votar Costa ou vestir a camisola do Passos ou apoiar a Cristas. Encostar-se a Marcelo ou caminhar com Sampaio da Nóvoa. Ou gritar com a Cristina Martins...Nenhum deles, nenhum de nós, nem aparece nem conta no organigrama do Novo Império.
Mentem? Descaradamente. Enganam-nos? Abertamente. Manipulam-nos? A seu bel prazer. Eu acho que devem rir a bandeiras despregadas - e ainda estão a rir - com a nossa estupidez e ignorância. Quão carneiros e estúpidos somos. Devem até ficar surpreendidos ao verem as hordas de pessoas que saem em defesa desse Império, pelas ruas, nos jornais, nas tertúlias, a reclamar mais austeridade, a pedir, de joelhos, que deem mais uma volta à rosca na nossa dependência para que a nossa consciência de bons Cidadãos, certinhos, corretozinhos, ajuizadinhos ...fique bem tranquila. E para que continuemos a poder comprar a felicidade que só os dólares, os euros, os yenes e os yuans podem comprar. Porque somos escravos dessa felicidade que só se compra com o que eles acumularam. Com o que eles têm. Com o que eles controlam! O dinheiro!
E não vai ser tão cedo que vamos todos tomar consciência e arranjar uma alternativa que possa derrubar este novo Império. Digo isto porque tenho a certeza absoluta de que há seis ou sete que no final deste texto, se o lerem, me vão dizer que me passei para o Bloco de Esquerda ou que vou votar Costa. Haverá também quem me chame de conflituosa egocêntrica e revoltada...Ele há sempre quem esteja disponível para servir os Impérios. Ainda que sem o saber e ao engano. Time for Pink Floyd!

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