Apanhei-a a fugir da Serra no alvor da manhã. Belíssima, estonteante de bela! Por isso se lhe chama ao lugar, o Monte da Lua. Um santuário de peregrinação para quem quer ter uma noite inesquecível! A ver a lua, claro…
E por isso vou a correr escrever. Para que as ideias escorram depressa para o papel e dêem espaço às novas que se apressam a tomar forma. Escrever é forrar as paredes interiores de ideias arrumadas.
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
Pedras do passado, presente e futuro
E ei-las,
As muralhas de uma ambição
De nacionalidade, de país
De propósitos e destinos
Outrora
Quando havia vontade 
De batalhar, de construir
De erguer, 
De dar aos seus
A terra, o pão e a glória.
Hoje, apenas as pedras
Guardam memória
Dessa época, dessa entrega
Desse olhar, dessa espada
Desse sangue, dessa força
Dessa vontade de ser
Português
Hoje Portugal, o nosso grande país
Arrasta os pés,
Empobrecido, esfomeado
Trocado por três moedas
Vendido a terceiros
Sem eira bem beira
Hoje,
Sem força, sem fé, sem génio
Portugal olha cá de baixo à procura 
de novas aventuras 
Outros horizontes 
Inesperadas bravuras
Impérios e riquezas, 
Sem saber como nem onde
sábado, 20 de janeiro de 2024
Ave alada, dourada
Ave alada, dourada
que miras, empertigada
que miras, empertigada
Saltas, paras, picas
a terra nevada 
com nervos, irritada
e paras e espreitas
e de novo saltitas
leve, airosa, decidida
lá mais à frente
encontras, sacodes,
roliça, emproada
e elevas-te
sem esforço, com graça,
esvoaças, 
ave de asas
douradas
nesta manhã fria, 
silenciosa, 
branca e baça.
Corpo celeste
Não digas nada.
Não preciso que fales 
para que me chegue à alma 
nesse teu sorriso
radiante de luz,
nesse teu olhar 
que escorre mel,
nesse teu jeito
traquinas, adolescente
de insinuares
um corpo
que cobiço 
ardentemente.
Somos dois seres celestes
que se atraem e se cruzam
sem saber que se procuram
E se encontram
Numa encruzilhada 
Do Universo
Que não é casual.
Tu não és casual,
Mas sim o meu destino
O nosso ponto de encontro
No final do caminho
Cruzado o espaço sideral
Desejado o teu abraço
Desde o início dos tempos
Em que te imaginei
E te sonhei estrela 
Do meu firmamento.
Ris-te de mim e dos meus sonhos
Mas é neles que cobras vida
E me sorris e me convidas
A viajar pelo espaço-tempo
Ao início dos tempos
Quando te conheci.
És o meu início
E serás o meu final
Sorriso de luz
Alma de estrela
Abraço infinito
Corpo brilhante e celeste
Que cruza a minha vida
a minha perdição.
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
Jardim do amor
Amo tanto esse possível que é por vezes o amor
A tua palavra amável, o teu suspiro, o teu ardor.
Um beijo roubado, uma promessa, a saudade, a dor
Um jardim escondido, uma casa abandonada,
Um lugar sózinho, um abraço por dizer
Tantas palavras doces, baixinho, atropeladas
Um poema que levas dentro e me entregas a tremer. 
O amor é tudo isso, tão possivel, a acontecer
Dois braços entrelaçados que se apertam até doer
Nesse jardim romântico que sonhei ao amanhecer
Que mais, que outra coisa vou eu querer
Desta vida curta, complicada e pra esquecer
Que os os teus braços apertados, apertados, até morrer.
sábado, 6 de janeiro de 2024
Para quê?
Somos tão efémeros e voláteis quanto este amanhecer que do outro lado da minha vidraça embaciada pelo frio deixa sós os braços da noite escura e se lança sem pudor nem remorso no colo do alegre despontar da alvorada.
A vida que dura e é eterna na nossa memória são esses instantes, esses longos e prolongados estados de alma que nos transportam de um momento para outro criando a ilusão de que fluímos sem cessar, que somos alguém, nesta imensa floresta que ladeia o curso do tempo, a correr, inexoravelmente até à foz.
Mas não é assim.
Eu nunca chego a ser. Apenas venho e vou e caminho sem cessar e sou feliz, imensamente feliz quando transito de uns braços que me acolhem na escuridão para o colo que me protege da luz que fere e cega. 
Como este amanhecer que se desvanece nos brilhos do acordar da luz para além do meu horizonte, eu não sou, não estou e não ficarei nem sequer como pensamento ou memória.
Para quê?
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