Insisto em que temos
com as plantas, como com as pessoas e os animais, um vínculo. Não sei a partir
de que momento é que elas entram na nossa órbita mas não tenho dúvidas de que
entram. É um vínculo menos sofisticado do que aquele que nos une aos animais,
pois estes requerem, da nossa parte, alguma constância na manifestação do nosso
afeto para que nos devolvam o seu. É certamente menos exigente mas não por isso
menos devoto. Ontem e hoje dediquei-me a plantar, transplantar, limpar, varrer,
e regar. Plantas, flores. Trouxe-as do viveiro e pu-las na terra e em vasos.
Admirei-as, fiquei contente, dão cor, vida, criam ambientes, embelezam. E
criam-se relações, uma interdependência. A beleza cessa quando nos descuidamos
e volta quando perdemos tempo a cuidá-las. Já aqui disse um dia que as plantas
rivalizam entre si pelo nosso afeto, a nossa atenção. Eu tinha uma palmeira que
odiava as outras plantas que entravam em casa e que conseguiu que todas
morressem até ficar só, no seu império afetivo...só não é estranho se pensarmos
como abri esta crónica: que, queiramos ou não, aceitemos ou não, a verdade é
que se criam laços com as plantas. Nem melhores nem piores...diferentes,
adaptados às circunstâncias, singulares, como tudo no Universo dos seres vivos.
Só a ignorância explica que ignoremos esta realidade...

 
 
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