Esta cameleira vem do
tempo do meu pai. Era feliz, os miudos andavam de bicicleta à volta dela e
quando dava flor, cor de rosa, vinha para dentro enfeitar as jarras. Depois do
meu pai morrer, com as obras da casa, a minha mãe teve muito medo que a
cameleira morresse também. Preocupava-a que o símbolo desaparecesse e falava
dela, ao telefone, como se se tratasse de um familiar, dando noticias do seu
estado. Não me lembro, agora, se antes de morrer pode ver como a cameleira,
mãe, dava vida a um braço que agora rebentou viçosamente dando nova vida à
velha cameleira. E hoje, sentada à sua beira, notei que perto do chão nasciam
uns novos ramos, minusculos mas fortes. E não pude deixar de me senyir
contente. Pelo meu pai, primeiro mas sobretudo pela minha mãe que tanto carinho
tinha por esta cameleira. Onde estiver, a minha mãe estará contente. E eu
também! Tudo resiste quando é cuidado!

 
 
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