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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Hoje faz sentido

Hoje e sempre fará sentido parar no caminho. E regressar a casa. Ao lugar onde se guardam as essências, os fundamentos, a lógica estrutural que dá sentido às escolhas que nos levam aos lugares desejados. Faz ainda mais sentido quando no caminhar o desconforto se faz evidente, se acumula e o cansaço se torna insuportável.
Regressar a casa é um risco. Mas maior é ainda o de continuar sem dar ouvidos a esse desconforto. Porque se ele existe, não pode nem deve ser ignorado. Há que medir os seus contornos, procurar-lhe as causas, detectar o seu alcance. Fazer-lhe face.
É bom regressar a casa. Abrir a porta, deixar cair os pesos no chão, percorrer lentamente os cantos esquecidos, colher os cheiros familiares, encontrar de novo o sentido a essa paisagem interior que nos caracteriza. É bom voltar, abrir as janelas, preparar um café, deitar-se no sofá de sempre, olhar em volta e ir identificando, uma a uma, as razões de ser dessa familiaridade acolhedora de sempre.
É bom acender o primeiro cigarro, deixar que aquelas músicas de sempre encham o ar dos afectos cálidos e doces arrumados em casa e ir saboreando-os sem lhes opôr resistência. Começa-se por revivê-los tal como foram vividos no passado embora nos vamos dando conta, à medida que o tempo vai passando, que uma nova maneira se os sentir se sobrepõe à antiga e que a eles se juntam agora os novos afectos colhidos pelo caminho.
E lentamente, muito lentamente, começa a aventura de saber exactamente onde se situam as novas coordenadas afectivas, a razão de ser da paragem no caminho, a necessidade absoluta que sentimos de ultrapassar o desconforto e recuperar o sentido às escolhas feitas.
É preciso dar tempo ao tempo. A paragem, em casa, tem que demorar o tempo que for preciso. Não é fácil abordar desconfortos. Não é fácil perceber porque surgem. Não é fácil apreender e compreender o alcance que têm. Por vezes nem é fácil desenhar-lhes os contornos. Por isso regressamos a casa. Se pudessem ser resolvidos sem este regresso ao conforto das essências, sê-lo-iam. E só tempo e o silêncio e esta estadia serena em casa permitem identificar as razões pelas quais fomos levados a parar. O tempo, o silêncio e a rotina caseira. Sós, connosco e em silêncio a deixar que o tempo corra e vão surgindo elementos para as coordenadas futuras...onde deixem de existir os desconfortos e se possa de novo empreender as caminhatas que dão sentido à vida.
Faz tanto sentido...

domingo, 29 de abril de 2012

No silêncio de uma noite de chuva
os pensamentos vão escorrendo
gota a gota
uma atrás de outra
e infiltram-se
por onde o dia
me veda às ideias
e vou atrás delas
a cair sem cessar
pela vidraça, a correr
são cristais
que encontro no caminho
e vou guardando
sem pensar
na chuva que vai caindo
e lentamente,
consumindo
o meu olhar
vai longe o caminhar
na vida a gotejar
pouco a pouco
deixo de pensar
os olhos a fechar
no doce embalar
da chuva a escorrer
pela vidraça, devagar
gota a gota,
silenciosa,
tudo é paz
tudo é sossego,
adormeço.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Um poema por colher


Um poema por colher

À beira da minha estrada
Existe um poema por colher
Rosas brancas de palavras
Amor eterno por escrever.

Foi Deus que as plantou
Numa tarde, sem dizer.
Um anjo o anunciou
E eu sem perceber.

Errei por caminhos vários
À procura de palavras
Rosas brancas em rosários
De orações desfiadas.

Palavras brancas de rosas
De um amor por acontecer.
Saiba eu escreve-las todas
Para um poema colher.

Lisboa, 25 de Abril de 2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O meu Universo

Sou fantasia do Universo
narrada na pessoa
que devolves
do olhar que me roubaste
a essa narrativa,
uma a uma,
nas palavras lentas
de mim,
que vou acrescentando
de ti, ao meu passado
tantas vezes sonhado
numa doce poesia
de um Universo 
de fantasia.



quarta-feira, 11 de abril de 2012

Dar brilho à vida

Há pessoas que dão brilho à vida, iluminam, à sua passagem, irradiam luz quando estão presentes e dela deixam um rasto que fica a pairar no ambiente tempo depois de o terem abandonado, transformam a realidade à sua volta num espaço de magia. Acredito que esta é uma capacidade física que certas pessoas adquirem pela forma como estão na vida. E estar na vida não é mais do que exercitar o que somos. Brilha quem exercita as atribuições profundas e resguardadas que levamos dentro e que devido ao racionalismo levado à ultrança, repousam virgens dentro de nós.

Desde que os racionalistas re-inventaram a Lógica que fechámos as portas a esta capacidade que o Ser Humano tem de envolver-se com a realidade que o rodeia. Mas tenhamos esperança. Porque uma das poucas competências que não puderam ser racionalizadas pela máquina fria da Lógica foi o Amor, rebelde e adverso a qualquer forma de raciocínio que o limite e neutralize. E o Amor, em todas as suas manifestações, é a força que nos devolve a nossa integridade, como Seres Humanos.

Porque nos sentimos especialmente envolvidos e transportados para uma dimensão diferente da realidade quando ouvimos alguém a tocar piano com uma Arte especial? Porque essa pessoa ama o que faz, está apaixonado pelo que faz e essa é precisamente a faculdade que lhe permite interpretar a música numa dimensão diferente: ele põe ao serviço das suas faculdades musicais a paixão que tem pela Música e essa paixão chega-nos através dessa faculdade que tem de envolver o ambiente onde ela é exercida, de espalhar o seu brilho ao seu redor. E de repente, sentimos o brilho e deixamo-nos transportar até onde ele nos leva: dentro de nós, a esse recondito esconderijo onde guardamos as nossas próprias faculdades para criarmos essa relação de brilho.

Em termos neuro-cirurgicos, naõ deve se difícil de explicar. O nosso cérebro está feito de infinitas capacidades de conexão. Tendo apenas criado as conexões sore as quais se baseia a Lógica, é normal que estejamos a desaproveitar as infinitas capacidades que temos para criar essas conexões brilhantes: desenvolvemos a capacidade para Amar, é certo. Mas damos ao Amor um significado que o limita à capacidade para estabelecer um número muito restrito de "relações amorosas". Elas estão catalogadas e todos sabemos quais são: o amor entre duas pessoas, o amor de mãe (pai), o amor de filho (filha), o amor por muitas coisas. Mas o deixarmos que o Amor tome conta de muitas mais coisas que fazemos e a chave para vivermos uma vida muito mais intensa, muito mais plena, muito mais relacional.

Virá o dia em que o actual sistema de pensar o que somos e o que acontece à nossa volta ruirá. Já faltou mais. Hoje está aceite que há pessoas espcialmente dotadas para criar "empatias" e gerar assim um maior bem-estar e envolvimento dos que as rodeiam. Essas pessoas que hoje apelidados - com um certo despeito ainda - de sensíveis são as que mais bem preparadas estão para vivências que levarão o Ser Humano mais longe e mais fundo.

Por isso é que eu aconselhei o nosso Primeiro Ministro a mostrar a paixão que tem pelo país e pelo que faz. Só assim poderá envolver os Portugueses na sua Cruzada: tirar o país da lama e erguê-lo de novo. Com Lógica e armado de "razoabilidade" ( no sentido pejorativo) não vai lá. O que receio é que essa paixão não exista...e se assim for...ainda não é desta que damos um salto em frente...
Recomendo vivamente a leitura deste artigo de Eduardo Lourenço, escrito em 1997, sobre nós, Portugueses. É curioso como pode ser tão transcendente, o ser-se Português. Nenhum outro povo, através dos seus poetas, escritores, pensadores, compositores, intérpretes, pintores, é capaz de embrulhar a origem e a pertença numa mística tão profunda e coerente, onde brilham os símbolos, o tempo, o espaço, a alma, o pensamento, o sentir, o sonho. Somos um povo que se sonha, mais do que se vive, que espera mais do que encontra, que pensa e sente quando devia agir. A realidade incomóda-nos porque nela a nossa mística perde toda a sua capacidade de embalar e de confortar. Porém, é possível transformar esta mistica existencial em motor de um novo Portugal. Apear-se do sonho e caminhar na realidade embrulhado no conforto de saber que temos sempre um lugar para onde voltar e ser embalado até adormecer. A nossa essência, deixamo-la em casa, dela levaremos apenas a consciência, enquanto vivemos a realidade, onde as coisas só acontecem fazendo-as acontecer. E o nosso pragmatismo - citado por Eduardo Lourenço - é essa capacidade que temos de colocar um parentese na mística, enquanto lutamos pela vida. Ou seja: há que ser alemão durante o horário laboral e ser Português fora de horas aos fins-de-semana, férias e feriados. Não nos podemos queixar. Os outros povos, quiçá, só sabem ser eles próprios o tempo inteiro...Esta é a minha fórmula para o Ser Português no século XXI.
www.janusonline.pt
O nosso mundo, na aurora de um novo milénio, parece-se a um desses grandes aeroportos onde a humanidade se cruza sem se ver. Esta imagem, simbolizando a tão falada mundialização, sugere ao mesmo tempo a dissolução, num gigantesco

terça-feira, 10 de abril de 2012

Portugal no mundo - Portugal em rede - Portugal global

O mundo está em mudança acelerada. A economia globalizou-se,as notícias percorrem o globo à velocidade da luz e com elas a vida, o pensar, o agir e o sentir das pessoas: cada vez mais, a partir do local onde vivem as nossas raízes, temos uma consciência planetária. Com estas mudanças cresce também a sensação de que caminhamos para um novo mundo deixando atrás um passado diferente, tão diferente do que aí vem.
COmeça pelo mapa-mundi. Estas alterações na economia e nos meios de comunicação alteraram já o centro de gravidade do mapa-mundi. Até hoje ele era centrado na Europa mas a verdade é que cada vez mais somos levados a girar o globo para nos centrarmos noutras zonas. Lentamente, sem darmos por isso, hoje o mapa-mundi que pensamos está centrado no Pacífico algures entre a China, o Japão e os Estados Unidos. Não convém a muitos mas temo que a realidade acabe por impôr-se.
Quando penso em Portugal no mundo é contra estas novas coordenadas geo-políticas e geo-económicas que tenho que o pensar. E se assim for, Portugal deixa de aparecer ao pormos os olhos no mapa. Encaixado no corpo da Europa a fitar o mar com um rosto melancólico e sonhador, o Portugal global não se confina porém a este pequeno espaço geográfico de 100000 km2, onde está radicada a nossa origem nacional. Não deve confinar-se. Deve usar este espaço articulado com a Europa para ocupar o espaço global que construiu e ao qual deram e continuam a dar sentido milhares de portugueses espalhados pelo mundo.
O grande desafio do Portugal do futuro é saber pensar e agir estratégicamente com base nestas suas coordenadas vitais. Somos uma Comunidade de Língua Portuguesa espalhada pelos cinco Continentes. Pertencemos à Europa mas também pertencemos à CPLP. E possuímos uma vastidão de "feitorias de informação e conhecimento" em cada Comunidade Portuguesa no mundo. Que devem ser postas em rede, articuladas, valorizadas para fazer chegar a esses destinos os interesses do Portugal global.
A Língua Portuguesa, como dizia Fernando Pessoa, é a nossa Pátria. Fazer da língua uma alavanca para a penetração dos interesses portugueses no mundo, é formular uma nova Politica Externa de Portugal.
Quando penso em Portugal penso numa rede de luzes espalhadas pelo mundo. Uma rede de pessoas que, apesar de estarem integradas nas sociedades de acolhimento, preservam e mimam este património que é sentir-se Português e ter pelo nosso país um respeito e um carinho especiais. Esse património intangível sentimental é o capital de que Portugal precisa para por a render e dele retirar a capacidade para se tornar um actor global capaz de adaptar-se aos desafios do futuro, num mundo que já é diferente desde que comecei a escrever estas linhas.

domingo, 1 de abril de 2012

Fernando Pessoa I - o Universo

Fui ver a exposição de Fernando Pessoa. Recomendo vivamente. Com aquele espírito de tolerância com que devemos ver exposições uma vez que a multidão impede-nos sempre o recolhimento que desejaríamos para podermos interiorizar e saborear in locco o que vemos. A vida e obra de Fernando Pessoa exige silêncio...mas enfim...recolhemos o que podemos e uma vez em casa...sentamo-nos à mesa, com um café, e saboreamos o banquete que nos oferece a vida e obra desse génio que sentiu, pensou e escreveu o Universo em português.
Einstein foi um génio. Soube pensar e descrever o Universo através de equações que ainda por cima, na sua quase totalidade, resultaram estar certas. Essa ideia muito dele do Universo surgiu-lhe quando ainda apenas era uma criança e se imaginava, à noite, a cavalgar um raio de luz. Deve ter sido tão poderosa, essa imagem, que a partir dela soube descrever um Universo coerente, em que todos nos revemos, ou pelo menos, sabemos que funciona da maneira como ele o descreveu.
Fernando Pessoa também foi um génio. Multiplicou-se e desdobrou-se para nos explicar que levamos em nós a capacidade para sermos Universais. Para isso basta que nos aventuremos no nosso interior e que nele encontremos e recenseemos os caminhos, os lugares, as formas de ser, estar e compreender o Universo de Ser humano. Ele conjugou um sem fim de Universos humanos, tantos quanto pôde e a sua curta vida lhe permitiram identificar.
Ao deitar um olhar global sobre a obra de Fernando Pessoa - a vôo de pássaro -  o que sinto, vejo, penso, percebo e me digo a mim própria é que existem várias maneiras de compreender e explicar o Universo onde vivemos. Einstein deu-nos uma explicação física tendencialmente global e coerente, à excepção de alguns aspectos que falharam. Fernando Pessoa dá-nos também uma possível concepção global do Universo, mas do ponto de vista do ser humano e não das leis da física. Ambas as concepções explicam o Universo, ambas as perspectivas são válidas e correctas, apenas diferem na perspectiva de abordagem.
E é aqui onde quero chegar porque esta é uma ideia que me persegue há muito tempo e não acabo de conseguir explicá-la de uma forma inteligivel. Proust descreveu o mecanismo da memória sem nunca ter estudado medicina ou neurologia ou qualquer outra disciplina que abordasse o funcionamento do cérebro. Mas fê-lo e acertou. Quem não recorda aquelas extensas passagens do "Du côté de chez Swann" em que o gosto do pedaço de madalena molhado no chá lhe evocam as memórias de uma infância passada em casa da tia avó Léonie em Combray. Hoje a "neurociência" dá razão a Proust e sabemos que os mecanismos da memória funcionam aproximadamente da forma como ele os descreveu.
Com a obra de Fernando Pessoa acontece algo semelhante. O ser humano é um ser universal. Leva inscrito no seu código genético o Universo e nele encontramos todos os mecanismos que o regem. Partilhamos com as coisas e as outras formas de ser vivas uns mecanismos básicos: a física explica-nos que somos todos e tudo é feito da mesma matéria, apenas diferimos no seu agregado: nós, os seres humanos somos mais complexos na medida em que possuímos a consciência de ser. Pelo menos é isso que sabemos. Está para ver se as coisas e os outros seres vivos não humanos também não a possuem...eu penso que sim, mas isso é outra história que me desviaria do objectivo onde quero chegar.
Na obra de Fernando Pessoa encontramos a tentativa de descrever - a morte prematura impediu-o de encontrar a explicação ao que identificou, penso eu - essa faculdade de ser universal que o Ser Humano leva nele: daí os inevitáveis e sucessivos desdobramentos a que se sentiu compelido: nele Fernando Pessoa, o caminho estava aberto para encontrar e viver as inúmeras conexões que o nosso cérebro alberga para sermos. Somos porque dentro de nós, devido a leis físicas herdadas e adquiridas de agregação, as partículas se juntam e se inter-relacionam entre elas de uma forma suficientemente poderosa (as quatro forças físicas: a gravitacional, a eletromagnética, a forte e a fraca) para nos dar uma identidade determinada que nos diferencia de outras milhares, milhões, infinitas possibilidades de sermos. Mas, onde penso que Fernando Pessoa deu um passo em frente foi ao explicar-nos que podemos ser tantos quantos queremos e que, na verdade, apenas depende da nossa capacidade - que nele foi acidental - de querermos ser qualquer...outro alguém, se essa forma de ser diferente nos permite estar de uma forma que nos faça sentido. Na senda de Proust, e outros, Fernando Pessoa viajou no interior do Ser - através da introspecção que nele era poderosa - e viu "com os olhos da alma", o que muitos de nós não conseguimos ver, e descreveu, "com a pluma da arte", como raros de nós conseguiremos alguma vez fazer, na maravilhosa língua que é a portuguesa, como é que essa potencialidade de sermos quem quisermos se consegue materializar.
Deve por isso ser considerado um génio, precursor das descobertas que irão sem dúvida ser realizadas neste século XXI no âmbito da neurociência. Se não fosse pouco, por si só, Fernando Pessoa, nas suas desmultiplicações, produziu o suficiente e o suficientemente coerente para nos dar umas quantas visões do Universo que coincidem com as visões de uma infinidade de pessoas. Embora existam traços comuns entre todos os heterónimos, são o suficientemente diferenciados para que, pessoas diferentes, possam rever-se na forma como cada um desses heterónimos descreveram o que sentiam. Daí fascinar milhões de pessoas no mundo: todos sentimos alguma vez o que ele sentiu e todos conseguimos ver o mundo como eles o descreveram. É certo que a sua "prosa" (prosa stricto sensu e poesia) são difíceis...mas se viermos para casa e soubermos saborear lentamente aqueles versos magníficos...é possível compreendê-los e apreciá-los.
Perder-se com Fernando Pessoa é uma magnífica aventura ao nosso interior. A esse mundo fascinante que é a conjugação entre o sentir, o pensar e o compreender através de todos os mecanismos que possuimos: a lógica, as sensações, as emoções, os estados de espírito...é preciso um certo isolamento para conseguirmos lá chegar. Mas mais do que isolamento, a condição para lá chegar é o "desapossamento" de qualquer "lastro" que nos dificulte ou obstaculize a viagem ao interior: os pré-conceitos. O próprio Fernando Pessoa descreveu essa conditio sine qua non para lá chegarmos:

"Não basta abrir a janela
para vermos os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
e um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

Alberto Caeiro ainda vai mais longe:

"Entre o que vejo de um campo e vejo de outro campo
Passa um momento uma figura de homem.
Os seus passos vão com "ele" na mesma realidade,
mas eu reparo para ele e para eles, e são duas cousas...."

Muito mais poderia ser dito acerca desta viagem ao interior que Fernando Pessoa fez no curto espaço de tempo em que esteve vivo. Tudo, em Fernando Pessoa, me interessa, me seduz, me distrai, me arrebata, me ensina e me deleita. É um Mestre. Para além de que molda a língua portuguesa com o encanto subtil e a gravidade profunda que encontramos em determinadas obras musicais. As suas poesias são como encadeamentos de acordes musicais que atingem a nossa sensibilidade e a fazem vibrar como se estivéssemos a ouvir música. Para além, é claro, de nos levarem, com o significado que transportam, ao nosso interior e orquestrarem um Universo sinfónico que, há dias, horas e momentos, fazem todo o sentido.

Segue:
Fernando Pessoa II - O Universo na Língua Portuguesa
Fernando Pessoa III - O Universo de ser Português

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