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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Dar brilho à vida

Há pessoas que dão brilho à vida, iluminam, à sua passagem, irradiam luz quando estão presentes e dela deixam um rasto que fica a pairar no ambiente tempo depois de o terem abandonado, transformam a realidade à sua volta num espaço de magia. Acredito que esta é uma capacidade física que certas pessoas adquirem pela forma como estão na vida. E estar na vida não é mais do que exercitar o que somos. Brilha quem exercita as atribuições profundas e resguardadas que levamos dentro e que devido ao racionalismo levado à ultrança, repousam virgens dentro de nós.

Desde que os racionalistas re-inventaram a Lógica que fechámos as portas a esta capacidade que o Ser Humano tem de envolver-se com a realidade que o rodeia. Mas tenhamos esperança. Porque uma das poucas competências que não puderam ser racionalizadas pela máquina fria da Lógica foi o Amor, rebelde e adverso a qualquer forma de raciocínio que o limite e neutralize. E o Amor, em todas as suas manifestações, é a força que nos devolve a nossa integridade, como Seres Humanos.

Porque nos sentimos especialmente envolvidos e transportados para uma dimensão diferente da realidade quando ouvimos alguém a tocar piano com uma Arte especial? Porque essa pessoa ama o que faz, está apaixonado pelo que faz e essa é precisamente a faculdade que lhe permite interpretar a música numa dimensão diferente: ele põe ao serviço das suas faculdades musicais a paixão que tem pela Música e essa paixão chega-nos através dessa faculdade que tem de envolver o ambiente onde ela é exercida, de espalhar o seu brilho ao seu redor. E de repente, sentimos o brilho e deixamo-nos transportar até onde ele nos leva: dentro de nós, a esse recondito esconderijo onde guardamos as nossas próprias faculdades para criarmos essa relação de brilho.

Em termos neuro-cirurgicos, naõ deve se difícil de explicar. O nosso cérebro está feito de infinitas capacidades de conexão. Tendo apenas criado as conexões sore as quais se baseia a Lógica, é normal que estejamos a desaproveitar as infinitas capacidades que temos para criar essas conexões brilhantes: desenvolvemos a capacidade para Amar, é certo. Mas damos ao Amor um significado que o limita à capacidade para estabelecer um número muito restrito de "relações amorosas". Elas estão catalogadas e todos sabemos quais são: o amor entre duas pessoas, o amor de mãe (pai), o amor de filho (filha), o amor por muitas coisas. Mas o deixarmos que o Amor tome conta de muitas mais coisas que fazemos e a chave para vivermos uma vida muito mais intensa, muito mais plena, muito mais relacional.

Virá o dia em que o actual sistema de pensar o que somos e o que acontece à nossa volta ruirá. Já faltou mais. Hoje está aceite que há pessoas espcialmente dotadas para criar "empatias" e gerar assim um maior bem-estar e envolvimento dos que as rodeiam. Essas pessoas que hoje apelidados - com um certo despeito ainda - de sensíveis são as que mais bem preparadas estão para vivências que levarão o Ser Humano mais longe e mais fundo.

Por isso é que eu aconselhei o nosso Primeiro Ministro a mostrar a paixão que tem pelo país e pelo que faz. Só assim poderá envolver os Portugueses na sua Cruzada: tirar o país da lama e erguê-lo de novo. Com Lógica e armado de "razoabilidade" ( no sentido pejorativo) não vai lá. O que receio é que essa paixão não exista...e se assim for...ainda não é desta que damos um salto em frente...

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