O mundo está em mudança acelerada. A economia globalizou-se,as notícias percorrem o globo à velocidade da luz e com elas a vida, o pensar, o agir e o sentir das pessoas: cada vez mais, a partir do local onde vivem as nossas raízes, temos uma consciência planetária. Com estas mudanças cresce também a sensação de que caminhamos para um novo mundo deixando atrás um passado diferente, tão diferente do que aí vem.
COmeça pelo mapa-mundi. Estas alterações na economia e nos meios de comunicação alteraram já o centro de gravidade do mapa-mundi. Até hoje ele era centrado na Europa mas a verdade é que cada vez mais somos levados a girar o globo para nos centrarmos noutras zonas. Lentamente, sem darmos por isso, hoje o mapa-mundi que pensamos está centrado no Pacífico algures entre a China, o Japão e os Estados Unidos. Não convém a muitos mas temo que a realidade acabe por impôr-se.
Quando penso em Portugal no mundo é contra estas novas coordenadas geo-políticas e geo-económicas que tenho que o pensar. E se assim for, Portugal deixa de aparecer ao pormos os olhos no mapa. Encaixado no corpo da Europa a fitar o mar com um rosto melancólico e sonhador, o Portugal global não se confina porém a este pequeno espaço geográfico de 100000 km2, onde está radicada a nossa origem nacional. Não deve confinar-se. Deve usar este espaço articulado com a Europa para ocupar o espaço global que construiu e ao qual deram e continuam a dar sentido milhares de portugueses espalhados pelo mundo.
O grande desafio do Portugal do futuro é saber pensar e agir estratégicamente com base nestas suas coordenadas vitais. Somos uma Comunidade de Língua Portuguesa espalhada pelos cinco Continentes. Pertencemos à Europa mas também pertencemos à CPLP. E possuímos uma vastidão de "feitorias de informação e conhecimento" em cada Comunidade Portuguesa no mundo. Que devem ser postas em rede, articuladas, valorizadas para fazer chegar a esses destinos os interesses do Portugal global.
A Língua Portuguesa, como dizia Fernando Pessoa, é a nossa Pátria. Fazer da língua uma alavanca para a penetração dos interesses portugueses no mundo, é formular uma nova Politica Externa de Portugal.
Quando penso em Portugal penso numa rede de luzes espalhadas pelo mundo. Uma rede de pessoas que, apesar de estarem integradas nas sociedades de acolhimento, preservam e mimam este património que é sentir-se Português e ter pelo nosso país um respeito e um carinho especiais. Esse património intangível sentimental é o capital de que Portugal precisa para por a render e dele retirar a capacidade para se tornar um actor global capaz de adaptar-se aos desafios do futuro, num mundo que já é diferente desde que comecei a escrever estas linhas.
 
 
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