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sábado, 31 de maio de 2014

Cinco minutos de brilhantismo glorioso

Ninguém pode nem deve ser apreciado nem julgado pelos seus cinco minutos de brilhantismo glorioso. Está portanto errado o marketing que vive da cristalização desses minutos e faz bandeira desse momento único que até pode fazer imenso sentido, ser profundamente inspirador, revelador até de um enorme potencial...mas engana. Porque às vezes parece mas não é. Quer ser, mas não consegue. E quando se apagam as luzes, o som e as câmaras, a realidade desmente aquele instante, a inconsequência desfaz as aparências, a ausência de continuidade faz desmoronar pelas fundações os melhores propósitos. O único marketing válido é o antimarketing, aquele que começa e acaba nos bastidores, que dá conta da continuidade, o investimento que se faz no infinitamente pequeno, afinal, aquilo de que é feito o infinitamente grande. A luz está nas sombras, a glória nos bastidores, a fama nos longos 55 minutos que precedem e seguem esses cinco em que muitos investem porque sabem que outros não têm, outros não conseguem, outros não existem. Para muitos, finalizados esses cinco minutos, não há regresso a casa mas tão somente ao compasso de espera dos próximos. Ao hiato. Parece impossível. Há quem viva a investir nesses cinco minutos...porque o que manda é o mercado. Havendo procura, há oferta. Se são rentáveis, valem a pena. Só que, mudam-se os tempos, mudam--se as vontades. E antevejo que em breve o anti-marketing destronará o marketing e vai ser preciso ter agenda para aguentar 55 minutos de luz direta a incidir sobre a anti-gloria o anti-brilhantismo...Já imaginaram o que seria se as luzes incidissem 55 longos minutos sobre alguns dos herois e heroínas que hoje nos brilham cinco minutos nos écrans da televisão? Pode ser patético. Pode ser angustiante. Pode ser terrível. Entretanto, vamos continuar a assistir ao mercado da oferta e procura dos tais cinco minutos de glória e brilhantismo.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Recebi dos meus companheiros de Equipa, estas maravilhosas orquídeas de uma cor que só a Natureza sabe qual é. Eu adoro flores e não me canso de apreciar nelas a sua delicadeza, sensibilidade e graça, uma maneira de ser e estar na vida e para com os outros que devia guiar-nos e servir de referência. É de uma enorme generosidade terem as cores que têm, as formas que têm, a textura que têm. Se todos nos comportássemos e nos déssemos aos outros com a generosidade das flores, a vida era tão mais fácil de ser levada...obrigada aos meus amigos que me ofereceram tanta delicadeza, sensibilidade e graça para eu poder apreciar quando chego a casa. São referências inspiradoras que enriquecem a vida. Oxalá eu saiba cuidar delas!
Photo: Recebi dos meus companheiros de Equipa, estas maravilhosas orquídeas de uma cor que só a Natureza sabe qual é. Eu adoro flores e não me canso de apreciar nelas a sua delicadeza, sensibilidade e graça, uma maneira de ser e estar na vida e para com os outros que devia guiar-nos e servir de referência. É de uma enorme generosidade terem as cores que têm, as formas que têm, a textura que têm. Se todos nos comportássemos e nos déssemos aos outros com a generosidade das flores, a vida era tão mais fácil de ser levada...obrigada aos meus amigos que me ofereceram tanta delicadeza, sensibilidade e graça para eu poder apreciar quando chego a casa. São referências inspiradoras que enriquecem a vida. Oxalá eu saiba cuidar delas!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Foi já há tantos anos que o meu pai fez anos que até parece que o fez numa minha outra vida que com o presente apenas se cruza na minha memória e nestes momentos de fotografias em que entramos no passado e tudo parece ainda tão real! Mas sou só eu e o desfilar do pai em vários momentos dele e nossos e dos amigos que teve. Só não tenho fotografia dele hoje e nem sei se sou capaz de o imaginar com 86 anos nem ele queria por isso partiu quando partiu. As recordações sorriem, enquanto passeiam pela memória, trazem com elas alegrias, momentos, pedaços inteiros de vida, nossos, somos nós, aqui, hoje, mas algures no nosso passado. Mas magoam, também e muito. Porque ele levou com ele todos os meus anos passados e não deixou mais do que fotografias que infelizmente hão-de ser sempre as do nosso passado...na mesma, pai, parabéns pelo seu dia de anos. 19 de abril.




Ao vasculhar entre as fotografias do passado, encontrei esta e não resisto a partilhá-la com as minhas primas Maria Rita Belard KopkeInês Kopke Teotónio Pereira e Guida Kopke. Então, como hoje, nada mudou. Chamo a atenção para o célebre "peitilho", uma peça de vestuário que a minha mãe adorava e que consistia numa gola engomada, a extremidade decorativa de um peitilho que ligava ao homólogo nas costas através de dois simples elásticos. Observe-se que este astuto "dispositivo da economia familiar", ao prescindir das mangas, teria provocado que a camisola, de lã autêntica, tocasse diretamente nos braços caso não fosse a providencial e complementar camisola interior de mangas compridas. Apesar das minhas queixas (o peitilho, por não dispôr de um sistema de fixação inferior, às vezes subia, subia e acomodava-se todo perto do pescoço...) e do anacrónico de ter que usar camisola interior + peitilho para evitar as picuras da lã, a minha mãe era inflexível porque achava imenso "que sim". Todas as mães usam o argumento "porque sim" porque adoram ver a estética exterior. Só percebi isso quando nasceu a Terezinha e o giro que era brincar às bonecas com ela...Mas nunca a obriguei a usar "peitilho", trauma de infância, ou não, a julgar pela fotografia...a Guida - que não usava peitilho, parecia bem menos feliz vestida de "saloia" doq ue eu com o meu "peitilho".

domingo, 18 de maio de 2014

Crónica de Domingo

Reconheço que devo muito do que sou à Banda Desenhada. Alguma, não toda. E apenas e só na medida em que muitos dos personagens, desenhos e diálogos foram e são responsáveis por terem forjado em mim um determinado sentido de humor, uma forma de observação e caracterização que reduz e reconduz muito do vejo à minha volta a algumas daquelas situações, personagens...Tento sempre fazê-lo, intimamente, como se fosse um qualquer um exercício físico saudável, com o intuito de relativizar o que vivo e me é dado a viver, dando-lhe as devidas proporções, desarticulando o dramatismo, limando excessos emocionais, reduzindo o significado aparente com que se nos impõem, por vezes, algumas vivências externas. E sempre, ou quase sempre me é possível encontrar um paralelo, do que me vai sendo dado a viver e nas minhas próprias atitudes e formas de estar, nalguma cena, diálogo ou desenho de uma banda desenhada. Quantos Oliveiras da Figueira já não se cruzaram connosco na vida? Abraracourcixes? Rantamplans? Irmãos Metralha? Os inefáveis membros dos Serviços Secretos da Bordúria? A tropa pirata suicida? Os mesquinhos e vaidosos traidores a César? "Aut Ceasar, aut nihil" A mítica Castafiore? E quantas vezes não nos acontece vermo-nos a nós próprios caricaturados na imagem de um desses personagens ridículos ou heroicos? Os variadíssimos personagens que encarnam e personificam a traição, a vaidade, a mesquinhez, a bravura, a amizade, a estupidez, a avarícia...Fechem os olhos por uns momentos e exercitem-se, com deleite e prazer, e um indisfarçável sorriso interior (ou gargalhadas, até) a identificar, à vossa volta, pessoas, situações, conversas e relações que possuem nalgumas destas obras desenhadas - magistrais, inesquecíveis - os paralelos e as referências humorísticas que nos servem para, como disse, relativizar a nossa circunstância e a alheia e manter, em qualquer processo, a saúde mental e o ânimo que queremos e precisamos para continuar. Há muito que passei do exercício físico a este exercício menos físico. E sou tão disciplinada, determinada e convicta neste exercício como o meu amigo Professor Jose Luis De Moura o é nas suas corridas diárias. Afinal, a vida joga-se entre neurónios...Bom domingo! Ah, e peguem no Tintim e as joias da Castafiore..."Ah, je ris de me voir si belle dans ce miroir..." Quem é?

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A maldade

A maldade, a verdadeira maldade surpreende, choca, deixa sem palavras, gela a alma. Porque avança calada, de mansinho, pela planície da confiança, aproxima-se sem ser vista, oculta sob forma de um aliado, confidente, entra, instala-se, sorri, é doce, suave como o veludo e quando dispara não magoa, tamanha é a dor.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Dia 0 do Projeto UAW

Dia 0 do projeto UAW. Inicio do meu Diario de Bordo, a cronica em torno de 200 pessoas desempregadas que têm esperança. Ter esperança é navegar por entre um feixo de fé. Pela banda larga por onde são canalizados todos os nossos sentimentos positivos. O nosso reduto de força. Sentimentos cruzados, emoções à flor da pele. O compromisso, são estas pessoas todas. É essa a minha agenda, já não tenho medo porque é essa a minha Verdade, cresci até encontrar essa Alegria que forra as paredes internas de serenidade. Não há forma de ser diferente senão andar colado ao fundo de nós próprios. E nesse fundo há apenas e só estes olhos todos à minha frente, a atenção e a esperança. E nasce a ponte, feita do engenho, da imaginação, da determinação e do esforço. São palavras mas já não são só palavras. É o dia 0. Para todos eles. Mas também para mim. As decisões tomam-se assim. Com esta Alegria. O resto, é organização e método

sábado, 10 de maio de 2014

Navegamos ao sabor das ondas, no mar infinito que é a nossa vida. Só vale a verdade para o capitão do barco. Às vezes são suaves, as ondulações, outras vezes não tanto e outras ainda em que a calmaria é o pior cenário da existência. "Stille Ruhe herrscht im Wasser, ohne Regung ruht das Meer. Und bekummert sieht der Fischer, glatte Flasche, ringsumher. Keine Luft, von keiner Seite, Todesstille, furchterlich. In der ungeheuern Weite, reget keine Welle sich." Os ventos mudam por vontade dos Deuses, irritados com as verdades da Humanidade e dos humanos, cruzam-se vontades, rasgam-se os cenários, somos meros capitães do nosso barco e é assustador quando a brisa morre e de repente se faz silêncio e só sentimos os nossos próprios passos na imensidão de uma calmaria angustiante. Não há perícia que valha, tática que ajude, de nada serve a angústia, o reduto está no recolher, no final do abrandar o passo, penduradas as aparências, a sós e sós face à verdade e a verdade é que a alegria se foi. O recomeçar irá estar à vista de um longo compasso de calmaria, quando de novo formos capitães do nosso barco e não existam, por fim, mais Deuses no Universo, que tamanha ingenuidade pensar que existem Deuses, acreditar em Deuses e deixar que nos roubem a alegria...No entretanto, há que também saber viver, sem alegria. Ou olhar em volta, assustado, a calmaria, como diz Goethe.

Sem alegria

Hoje, ao recolher-me, desci as minhas escadas mais pausadamente do que é habitual, pensei um degrau atrás do outro, prolonguei a demora em chegar, até que se fizesse silêncio, entrei, pendurei-me, fui-me deixando pelas rotinas e sentei-me. Tinham-me roubado a alegria, de forma vulgar mas eficiente, fiquei sem ela e sem palavras, sem gestos, sem pensamentos, levaram tudo, de repente, aconteceu, o sol brilha mas já não aquece, a música continua mas em silêncio, vejo os sorrisos de sempre mas já não os sinto, ainda pareço mas sou menos, cada vez menos, em queda livre, defesa um, defesa dois, defesa três, por mim abaixo, vertiginosamente, as palavras desfazem-se com os segundos, não sei se desta, conseguirei sobreviver, fecho os olhos, porque existo, sentada, é noite, arrefeceu, não sei onde estou, até hoje não sei se serve para alguma coisa estar, se é possível estar ou se vou conseguir estar, sem alegria.

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