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domingo, 18 de maio de 2014

Crónica de Domingo

Reconheço que devo muito do que sou à Banda Desenhada. Alguma, não toda. E apenas e só na medida em que muitos dos personagens, desenhos e diálogos foram e são responsáveis por terem forjado em mim um determinado sentido de humor, uma forma de observação e caracterização que reduz e reconduz muito do vejo à minha volta a algumas daquelas situações, personagens...Tento sempre fazê-lo, intimamente, como se fosse um qualquer um exercício físico saudável, com o intuito de relativizar o que vivo e me é dado a viver, dando-lhe as devidas proporções, desarticulando o dramatismo, limando excessos emocionais, reduzindo o significado aparente com que se nos impõem, por vezes, algumas vivências externas. E sempre, ou quase sempre me é possível encontrar um paralelo, do que me vai sendo dado a viver e nas minhas próprias atitudes e formas de estar, nalguma cena, diálogo ou desenho de uma banda desenhada. Quantos Oliveiras da Figueira já não se cruzaram connosco na vida? Abraracourcixes? Rantamplans? Irmãos Metralha? Os inefáveis membros dos Serviços Secretos da Bordúria? A tropa pirata suicida? Os mesquinhos e vaidosos traidores a César? "Aut Ceasar, aut nihil" A mítica Castafiore? E quantas vezes não nos acontece vermo-nos a nós próprios caricaturados na imagem de um desses personagens ridículos ou heroicos? Os variadíssimos personagens que encarnam e personificam a traição, a vaidade, a mesquinhez, a bravura, a amizade, a estupidez, a avarícia...Fechem os olhos por uns momentos e exercitem-se, com deleite e prazer, e um indisfarçável sorriso interior (ou gargalhadas, até) a identificar, à vossa volta, pessoas, situações, conversas e relações que possuem nalgumas destas obras desenhadas - magistrais, inesquecíveis - os paralelos e as referências humorísticas que nos servem para, como disse, relativizar a nossa circunstância e a alheia e manter, em qualquer processo, a saúde mental e o ânimo que queremos e precisamos para continuar. Há muito que passei do exercício físico a este exercício menos físico. E sou tão disciplinada, determinada e convicta neste exercício como o meu amigo Professor Jose Luis De Moura o é nas suas corridas diárias. Afinal, a vida joga-se entre neurónios...Bom domingo! Ah, e peguem no Tintim e as joias da Castafiore..."Ah, je ris de me voir si belle dans ce miroir..." Quem é?

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