Navegamos ao sabor das ondas, no mar infinito que é a nossa vida. Só vale a verdade para o capitão do barco. Às vezes são suaves, as ondulações, outras vezes não tanto e outras ainda em que a calmaria é o pior cenário da existência. "Stille Ruhe herrscht im Wasser, ohne Regung ruht das Meer. Und bekummert sieht der Fischer, glatte Flasche, ringsumher. Keine Luft, von keiner Seite, Todesstille, furchterlich. In der ungeheuern Weite, reget keine Welle sich." Os ventos mudam por vontade dos Deuses, irritados com as verdades da Humanidade e dos humanos, cruzam-se vontades, rasgam-se os cenários, somos meros capitães do nosso barco e é assustador quando a brisa morre e de repente se faz silêncio e só sentimos os nossos próprios passos na imensidão de uma calmaria angustiante. Não há perícia que valha, tática que ajude, de nada serve a angústia, o reduto está no recolher, no final do abrandar o passo, penduradas as aparências, a sós e sós face à verdade e a verdade é que a alegria se foi. O recomeçar irá estar à vista de um longo compasso de calmaria, quando de novo formos capitães do nosso barco e não existam, por fim, mais Deuses no Universo, que tamanha ingenuidade pensar que existem Deuses, acreditar em Deuses e deixar que nos roubem a alegria...No entretanto, há que também saber viver, sem alegria. Ou olhar em volta, assustado, a calmaria, como diz Goethe.
 
 
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