A política está na berra! Bora aí todos ao estádio que vai haver "porrada" e ainda por cima, grátis! E azinhas de frango para todos!"
O debate político, hoje, no nosso país é do género: "Os do lencinho amarelo, todos "prá-li"! Pessoal do lencinho azul, corram "prá-colá". Uns e outros correm, atabalhoadamente e sem saber bem porquê, para onde as vozes mandam. "Dá-lhe agora tu, força!". E ouve-se o pessoal dos amarelos a gritar palavras de ordem de júbilo. Mata, esfola, dá-lhe com força". E quando há um dos azuis que mete o pé em falso e se estatela no chão, é um eco de júbilo selvagem e primário entre os amarelos. "Bora, malta, é agora que os vamos atropelar!" O árbitro apita, vocifera, também leva na cabeça, encolhe-se e volta ao campo de batalha, com o apito agora mais rouco. À volta do campo de jogos, os apostadores, os atiçadores, os desejosos de "todos ao molho e fé em Deus". Sempre é amais animado que o dia-à-dia em casa, com a mulher e os filhos a reclamar e a exigir e a queixarem-se. Leva a bucha, senta-se na bancada, abre a lata de cerveja, guardanapo à volta do pescoço e esfrega as mãos: "Agora não é só a bola. É espetáculo grátis todos os dias. Bora, malta, todos contra todos!"
De repente, entre a movimentação desordenada e barulhenta, ouve-se alguém gritar: "Estão-se a rir de nós! Eu vi, é aquele ali dos azuis!" Ouvem-se, de facto, algumas gargalhadas que vêm das profundezas da horda azul. "Não vale rir!" - diz o árbitro com voz de cana rachada enquanto corre em direção às "Melées". Quando se aproxima, porém, leva uma bofetada aónima vindo dos azuis e ouve-se alguém a vociferar: "Tu não te metas! Isto é connosco!" Um coro uníssono de "Bem jogado! Mata o árbitro que é ladrão!"
E por aí fora e por aí adiante, o espetáculo há-de continuar, com Suas Excelências a divertirem-se no campo, o Zé Povinho a saborear a azinha de frango do jantar à frente da televisão, os atiçadores a transpirarem a adrenalina de quatro anos de contenção e os apostadores a esfregarem as mãos pelas receitas. O que mais me surpreende é que vejo alguns "bon-chique-bon-genre" que alinham pensando que é aqui que devem investir o que são e representam. Azinhas de frango com um guardanapo ao pescoço e a gritar...O tempora, o mora...
De repente, entre a movimentação desordenada e barulhenta, ouve-se alguém gritar: "Estão-se a rir de nós! Eu vi, é aquele ali dos azuis!" Ouvem-se, de facto, algumas gargalhadas que vêm das profundezas da horda azul. "Não vale rir!" - diz o árbitro com voz de cana rachada enquanto corre em direção às "Melées". Quando se aproxima, porém, leva uma bofetada aónima vindo dos azuis e ouve-se alguém a vociferar: "Tu não te metas! Isto é connosco!" Um coro uníssono de "Bem jogado! Mata o árbitro que é ladrão!"
E por aí fora e por aí adiante, o espetáculo há-de continuar, com Suas Excelências a divertirem-se no campo, o Zé Povinho a saborear a azinha de frango do jantar à frente da televisão, os atiçadores a transpirarem a adrenalina de quatro anos de contenção e os apostadores a esfregarem as mãos pelas receitas. O que mais me surpreende é que vejo alguns "bon-chique-bon-genre" que alinham pensando que é aqui que devem investir o que são e representam. Azinhas de frango com um guardanapo ao pescoço e a gritar...O tempora, o mora...
 
 
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