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terça-feira, 22 de março de 2016

Poesia

"Não, meu amor,
não me deixo intimidar
pelas regras 
doutas e pesadas
que se inventaram
apenas para impedir
que chame poesia
à melodia
que a tua alma me
inspira
e que se escreve
com palavras
que não cabem
num poema
espartilhado
de rimas contadas
e cadência
ditada
por uma pontuação
forçada
de rigor.
Não, meu amor,
não vou obrigar
a doçura do teu olhar
a rimar
num verso vulgar
não pedirei às tuas mãos
nas minhas, apertadas
que rezem a eternidade
numa qualquer oração
nem quero imaginar
que a tua gargalhada
de cristal genuíno
tenha de ser interrompida
pelo final de uma quadra
ou que a tua fantasia
não possa deslizar
traquina e irreverente
de um soneto
aborrecido
para o leito de um hino
à alegria de viver.
Poesia, meu amor,
é escrever-te
nas palavras
em que em mim te inventas
cada dia
é cantar-te, devagarinho
nos acordes
em que em mim te recrias
com fantasia
é pensar-te com rebeldia
é viver-te, sem pensar
se o que escrevo por te amar
se chama poesia."

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