
Será que Jesus, a sua história, os seus ensinamentos e a sua doutrina fazem sentido se o despojarmos da sua dimensão divina? A Igreja Católica e os cristãos, em geral, dirão que não, como é lógico. Independentemente de fazer ou não sentido dizer-se que Jesus só é plenamente entendido na sua dimensão divina, penso, também, que esta é uma forma da Igreja Católica poder reivindicar, em solitário (ou quase) os seus direitos de "propriedade" sobre o papel que deve ser dado à figura de Cristo. No entanto, e face aos inúmeros fatores de desagregação e de mudança rápida e tumultuosa na sociedade em que vivemos, a figura do Jesus criador e apologista de um modelo social e de convivência baseados no amor, emerge como um líder de uma atualidade, eu diria, assustadora, no bom sentido.
Se Jesus, hoje, estivesse entre nós, que responderia à pergunta que todos, sem exceção, nos colocamos face à escalada do terror e à nossa incapacidade mais absoluta para lidar com ela? Seja ela qual for, seria sempre a mais radical entre todas as que podemos imaginar. Que diria? Eu procuro, nos Evangelhos, a resposta e, nestes dias de profunda inquietação pelo nosso futuro coletivo, penso que nos animaria a estender a mão, dar a outra face, oferecer o abraço e inclusivamente a nossa vida a quem mais nos faz sofrer. Dirão: Impensável. Impossível. Será? O amor, como ele nos ensinou, como base do nosso entendimento e convivência coletivas, é assim tão irrealista? E sendo tão irrealista quanto possa ser, não seria, apesar de tudo mais eficaz? Cristo, líder humano e político, no sentido amplo, é inspirador e devia ser dado um maior relevo à sua doutrina e ensinamentos como base de uma sociedade mais justa e fraterna. (a democracia cristã, infelizmente, falhou a tentativa). Hoje celebramos a sua dimensão divina, portanto, para os que nela acreditam, desejo um bom dia de celebração.
 
 
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