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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Sê a mudança que queres ver no mundo

Gosto imenso daquelas construções com peças de dominó que, quando se empurra a primeira, as seguintes vão caindo e é possível ver a mudança em andamento. Também gosto de experimentar pegar numa peça, a meio do percurso e deixar o espaço que ocupava, livre. E ver como as peças que iam caindo umas atrás das outras, de repente, param.
Insistimos em pensar que as mudanças, no mundo dos humanos, não podem funcionar também desta maneira. É verdade que os humanos não são meras peças descerebradas de dominó e que, por isso, é impossível fazer uma mudança com este método mecânico sequencial. Consegir convencer todos os Humanos necessários à mudança a alinharem-se de forma sequencial e quase mecânica é impossível, diz-se. Visto a olho de pássaro e face à quantidade exorbitante de humanos que é necessária para fazer uma mudança sistémica, claro que é impossível.
Mas... e se limitarmos, a cada um, a tarefa de convencer o do lado? Quantos precisamos para assegurar o alinhamento estratégico? Menos, muito menos.
Apesar de o sabermos e de ser bastante indiscutível que é assim que funcionam, por exemplo, as ondas humanas nos estádios de futebol, o grito unânime nas manifestações, a difusão de mensagens na rede, ainda não se puseram em prática estratégias sérias para fazer mudanças sistémicas na sociedade desta maneira. Olho à minha volta e vejo grupos de pressão que tentam fazer passar a sua mensagem e chegar junto do poder usando as mesmas fórmulas de sempre - a de convencer o poder para que dite a mudança, de cima para baixo - ainda sabendo que o seu êxito é reduzido. Porque o poder é uma dessas peças que, colocada no início ou no meio da sequência, salta fora dela para impedir que a mudança se expanda porque a mudança, não lhe interessa. É por isso que penso que o poder deve ser sempre colocado no final da sequência quando já nada pode fazer para impedi-la.
É por isso que Ghandi formulou este seu famoso princípio: Sê a mudança que queres ver no mundo. Sem essa consciência e atitude individual...é cada vez mais difícil ordenar mudanças, impor mudanças, realizar mudanças, concretizar mudanças...E se pensarmos que o poder de mudar de um só pode ser fácilmente propagado ao do lado, e que este o pode contagiar ao seguinte, o nosso poder de mudança é uma peça fundamental da mudança universal.


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