Páginas

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Ser romântico

Ser romântico não significa que se perca o mundo e a realidade de vista ou se chumbe em eficiência/eficácia ou não se dê com a saída pragmática aos problemas e se viva alheio à questão, por exemplo e entre outras que pesam sobre o ser humano moderno, o défice público, como acusa o século XX. Não. O romantismo pode e deve ser visto como o estado de espírito que nos abre a mente para encontrar, nessa realidade, a razão de ser de tudo, o insólito e inexplicável verosímil, a narrativa que irmana antíteses, explica contradições, cria percursos, estradas, caminhos infinitos, paisagens que se vão sucedendo e complentando como uma lógica que paira por cima do vôo rasante desses atributos humanos que hoje se enaltecem ou se colam à nossa pele, músculos e ossos e são causa da muita tristeza e penumbra da nossa vida. Pueril, ingénuo, inocente e pateta? Talvez, talvez...porém, sintam, por um instante, como a beleza que os olhos contemplam e a poesia que se vai escrevendo na alma quando passeamos nestes jardins de Monserrate são os ativos que fazem de nós, nesse preciso instante, o herói que podíamos ser, que nos sentimos capazes de ser ante os desafios que levamos na mochila! Ser romântico é isso: é levantar vôo apesar do lastro, é encontrar em nós e no tudo que nos rodeia aquela lógica profunda que contraria, supera, re-escreve a física da miséria e de todos esses atributos e ativos e competências que o realismo considerou como sendo a única forma de ser feliz e ter êxito nesta vida...desprestigiando a fábula que se esconde por trás, por cima, entre a realidade. Uma prova? Quem não se sente triste quando, acabado o passeio (ou outros momentos e lugares) e chegados ao carro, vê como o brilho vai esmorecendo e de herois nos transformamos nos resignados de sempre?



Sem comentários:

Enviar um comentário

Seguidores, fãs, detratores, amigos, interessados