Depois de passar em bicas dos pés entre a lixaria que vai por Lisboa, embarquei no Alfa Pendular (o nome de pendular é horrível) rumo ao Porto onde não há festa. Viajar de comboio é a forma mais simpática e civilizada de viajar. Ora bem. Cómodamente sentada, sem estar a cheirar com a ponta do nariz o estofo da cadeira reclinada do companheiro da frente, o telemovel a carregar mais o computador em cima de uma mesa ampla, folgada, o jornal, o café (muito mediocre, mas eram 7 da manhã e agradece-se) tenho Internet e posso aceder aos ficheiros do trabalho. Pelas vidraças, panorâmicas, sinto que viajo, que estou mesmo a viajar, ou seja, a paisagem vai desfilando à minha volta, tranquilamente e eu vou podendo apreciar os primeiros planos mais fugidios, os segundos, a uma velocidade cómoda que me permite ir identificando algum detalhe, e finalmente, com o devido sossego e parcimónia, o plano lá do fundo da paisagem, serrarias ondulantes ou planícies verdejantes, o mar...que maravilha, refrescante! Esperguiço-me, não incomodo, é quase como estar lá na minha sala, em casa, enquanto no entretanto, pela janela fora corre o filme do nosso país radiante e todo em flor. Recebo um abraço do querido amigo Antonio Rebello De Andrade, porque hoje é dia 13 de junho e se fosse viva, a minha mãe faria 81 anos. Logo à noite, em Sintra, vou por uma daquelas suas rosas na jarrinha ao lado da fotografia. A melhor homenagem que lhe podia fazer. De novo o mar, estamos em Espinho, quase a chegar. Que bom que é viajar. De Alpha...a desfilar a paisagem... pendular!
 
 
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