Refugiados. Podemos oferecer-lhes um contrato para uma nova Cidadania. Precisamos mais deles do que dos investidores "gold"!
Portugal é um país que vive aquém do potencial que tem. Sem dúvida. Temos terras abandonadas, recursos por explorar, falta de população. Basta conhecer bem o país do lado direito da A1, essa enorme zona a que erradamente chamamos o interior que já não consegue atrair pessoas para que nela construam a sua vida e nela criem uma economia produtiva que sustente a sua fixação no território. Mas para quem tudo perdeu e nada tem, o nosso país pode ser uma boa opção para recomeçar. Foi este mesmo raciocínio que animou milhares de portugueses a abandonar o nosso país e a procurar na Europa e no Mundo uma oportunidade para recomeçar. Hoje, por esse mundo fora, existem terceiras gerações desses Portugueses emigrantes que estão perfeitamente integrados na sociedade que acolheu os seus ascendentes. É uma realidade. A mesma realidade pode vir a acontecer com os milhares de refugiados que buscam um país de acolhimento, uma nova oportunidade para recomeçar. Nem só de investidores "gold" vive o nosso país. Estas pessoas dão tudo para poderem recomeçar e não esperam nada mais, por ora, do que esse princípio de linha: um lugar, um contexto amigável e um conjunto de bens que lhe permita desenvolver o que sabem fazer em prol das suas famílias e certamente em prol da sociedade de acolhimento. É muito caro? Vai-nos custar a todos um investimento significativo? Sabem qual é o custo do despovoamento do chamado interior, a curto, médio e longo prazo, em Portugal? Sabem qual é o custo para as populações de não terem serviços públicos no lugar onde vivem? Sabem qual é o custo, para todos nós, de cada jovem que deixa de viver na sua terra e se fixa no litoral do país? O custo atual e o custo futuro? Existe um enorme potencial económico à espera de ser concretizado que pode sê-lo se soubéssemos integrar, no nosso país, esses milhares de refugiados que buscam uma pátria. Não é pacífico? Claro que não é pacífico. O que é que terão pensado os franceses, os belgas, os suíços de todos esses portugueses que se amontoavam nas "banlieus" para construírem uma vida melhor? Durante anos foram estigmatizados e viviam em guetos, a fazerem o que os anfitriões já não queriam fazer. Hoje somos nós, ou muitos de nós, que desconfiamos. Merecem essa desconfiança? Porque é que não sabemos por em cima da mesa um contrato para uma nova Cidadania e propô-lo a muitos desses jovens, casais, famílias para que venham para o nosso país ajudar-nos a fazer crescer a nossa economia? Colaborar connosco a melhorar as condições de vida de todos nós? A ajudar o "interior" do nosso país a aproveitar os seus recursos locais? Há uma coisa que eles têm e nós estamos em vias de perder: a esperança, o sonho, a motivação, a energia para recomeçar. Todos temos muito para dar e partilhar. Os contratos de confiança constroem-se. É uma oportunidade enorme. Que podia ser equacionada caso houvesse um mínimo de estratégia concertada...infelizmente, o sistema - o malfadado sistema - como disse ontem, tem-nos atados de pés e mãos e é incapaz de sair dos carris onde está encalhado há anos...que desespero!
 
 
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