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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Será mesmo de segurança que precisamos?

Os Portugueses querem mais segurança. É uma opção válida, como qualquer outra. Tem vantagens e ganhos mas também tem desvantagens e custos.

Essencialmente pretende-se segurança para consolidar o que já se tem, preservar para o futuro aquilo sobre o qual se tem a certeza hoje. Prolongar o status quo. É possível fazer previsões, planear, programar e ter uma certeza razoável de que essas previsões poderão vir a ser executadas. Perfeito. Este é o lado positivo da segurança.

O seu lado negativo advém do compromisso que é necessário fazer com a liberdade. Quanto maior for a necessidade de segurança, menor é a liberdade de escolha, a liberdade de agir em função das circunstâncias.

Porque a segurança total significa que temos que reduzir ao máximo a margem de erro, a margem de imprevisibilidade, assumir o controlo total das circunstâncias que dependem de nós mas também daquelas que nos são exteriores e isso traz consigo, em última análise, a escravidão. Ainda que não exijamos a segurança completa algum grau de liberdade temos que estar dispostos a ceder para conseguir fazer esse tal planeamento da previsibilidade futura. E é aqui que há que ser consciente de que ao fazê-lo, reduzimos a nossa margem de manobra sobre oportunidades que podem surgir, do contexto. Porque optámos pela segurança e esta exige-nos o cumprimento de uma série de obrigações que reduzem a nossa capacidade de iniciativa, de maleabilidade, de agir com sentido da oportunidade e em função das oportunidades.

Ninguém descobriu ainda uma fórmula mágica que concilie a nossa necessidade de segurança com o desejo de sermos livres.

A ter que escolher, prefiro a liberdade à segurança ainda que a liberdade comporte riscos e uma certa dose de caos. Lamento, uma vez mais, que as opções políticas compitam entre si pela oferta de segurança e não pela oferta de liberdade. E essa liberdade consubstanciar-se-ía na oferta de um modelo de desenvolvimento social e económico baseado na partilha de talento, criatividade, inovação e na co-criação partilhada de soluções, num quadro de mutualização de responsabilidades entre todos os agentes e a Cidadania. Um novo modelo: mais liberdade, mais oportunidades, mais produtividade, mais valor acrescentado, mais riqueza...Um risco, como é lógico, para quem quer segurança...Mas também, menos oportunidades. Será mesmo de segurança que precisamos?


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