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domingo, 11 de outubro de 2015

Uma oportunidade de mudança no interesse do país (nem à esquerda nem à direita)

Para todos os que acreditam e se sentem capazes de fazer Pactos no Interesse Geral. 

Para mim, o país e a democracia portuguesa perderam a enorme oportunidade de serem sérios e consistentes na noite em que o Cessna em que viajavam Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, foi sabotado e caiu. 

Depois deste malfadado episódio, o país e a democracia foram tomados de assalto por um establishment político e económico cujo Pacto de Regime institucionalizou a exploração alternada dos recursos que somos e temos, em proveito próprio. Digo exploração e sublinho o termo porque é esse o termo exato para a prática e, sobretudo, para o resultado que está à vista e que é inapelável. Portugal é hoje um país absurdamente miserável e estafado, sem ética, sem rigor, sem seriedade, sem ambição, sem audácia, preguiçoso e acomodado. Vive-se...sobrevive-se...aceita-se...num encolher de ombros generalizado e assumido que nos oprime, nos esmaga, nos mata, como na pior das ditaduras.

Mas...tudo ía pelo melhor no melhor dos mundos possíveis, neste país que aceitou ao longo de décadas, brandamente, esta miserável exploração, até às últimas eleições. No mundo à nossa volta, o terramoto já há muito que fez sentir os seus efeitos. Portugal, distante desse epicentro onde tudo começou a mudar, não ficou imune aos primeiros abalos e serenada a poeiraça levantada pelo abalo, eis que surgem as primeiras consequências.

Afinal, parece que nem tudo ía pelo melhor para esse establishment que dita as regras neste nosso Portugal há décadas. Malfadada democracia! Veio comprovar e destapar, sem contemplações, que esse famoso Pacto de Regime - o centrão da potencial governabilidade - existe e foi fabricado apenas no interesse desse establishment que o inventou e geriu, até hoje. É muito simples: a bem do interesse nacional, uns e outros deveriam ser capazes de se sacrificar porque o que verdadeiramente interessa é o país, a sua prosperidade e o bem estar de todos. Nada disso vai acontecer. 

Mas alguém se surpreende? Alguma vez alguém pensou que o Pacto de Regime ía mais além do que o exercício do poder para a exploração, alternada, do país e dos seus recursos? Ora uns, ora outros, mas nada mais do queisso? 

Como muitos, vaticino um período longo de instabilidade. Mas atenção. A instabilidade não nos é imputável, longe disso. A instabilidade vem-nos do terramoto que se está a organizar na Europa e no Mundo, em clivagem profunda devido aos efeitos em pleno da terceira vaga provocada pela globalização e pelo advento da Sociedade da Informação. As mudanças que estão em curso atingem as estruturas políticas, económicas sociais e culturais. Não estamos a mudar de ciclo. Estamos a mudar de Era. E algum dia haviam de começar a ser visíveis, no nosso dia-à-dia, as consequências. Ei-las. A continuidade do Pacto de Regime, sendo possível...já não é possível. Tem alguma coisa a ver com o advento da nova Era? Claro que tem. Tem tudo a ver, embora o epicentro se registe noutras latitudes que não a nossa. 

Ao contrário de muitos, vejo nesta aparente instabilidade, uma enorme oportunidade. Oportunidade para que emirjam novas formações e novas vozes. E que isso possa contribuir para regenerar o país e que ao Pacto de Regime no interesse de uns possa ser construído um Pacto de Regime no interesse de todos. Sei que muitos não acreditam nem têm esperança nisso. Se assim fosse, nada do que aconteceu teria acontecido como aconteceu. Mas o povo votou. E dos seus votos, isso sim, emergiu o processo de mudança. Que é sempre uma oportunidade.

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