E por isso vou a correr escrever. Para que as ideias escorram depressa para o papel e dêem espaço às novas que se apressam a tomar forma. Escrever é forrar as paredes interiores de ideias arrumadas.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Ser despedido
Viver o próprio despedimento é passar por um dos momentos mais duros na vida. É um processo que se abate sobre nós como uma cascada de ondas violentas em que a massa ininterrupta de água, quando não nos derruba no primeiro instante, nos vai enfraquecendo e desiquilibrando e atordoando até não sermos capazes de lhe oferecer mais resistência, concentrando-se então a luta na procura de um novo ponto de apoio e sobrevivência. A ondulação não é eterna - há quem diga que as vagas se deslocam a sete - e quem já se sentiu enrolado na rebentação sabe que, em melhores ou piores condições, se emerge sempre à superfície. O levantar não é fácil. A perda brusca da sustentabilidade vital assusta, dá medo, corroi a confiança que temos em nós próprios e deixa sequelas e às vezes feridas. Mas também deixa lições: a primeira é de que o Ser Humano está programado para sobreviver e leva nele gravados os mecanismos e ferramentas para ultrapassar as piores circunstâncias e vivèncias. A segunda é a de que olhamos para a vida e a forma de estar nela de uma maneira diferente. A experiência apetrecha-nos. E por último que, por muito violentas que sejam as ondas, elas são apenas sete seguidas. Depois da queda vem a ascensão. E uma nova bonança. É preferível não passar por esta experiência, claro. Mas quem diz que ela não serviu para testar qualidades ocultas e colocar-nos numa nova perspectiva que, de outra forma, jamais se nos apresentaria aos nossos olhos? Apesar de tudo, quem é apanhado pelas ondas e vem a rebolar, atordoado, até à praia, agradece profundamente que alguém, neste percurso vertiginoso, lhe dê uma mão e ajude a recuperar o equilíbrio perdido. E mostre solidariedade e compreensão!
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