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sábado, 15 de agosto de 2015

O meu mundo, é outro, tenham lá santa paciência...

Hoje ouvi o comentário do Marques Mendes, na SIC. Não vivemos no mesmo mundo. Quem o ouve pensa que "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis" (Pangloss, Candide, Voltaire)...o mundo é, de facto, para quem sempre viveu e viverá dos frutos de um sistema que chuta para a frente os problemas, maravilhoso, encantador, divertido...Os fogos? O ano foi especialmente quente e ainda estamos abaixo da média dos últimos anos...Os dados da macro-economia, simpáticos, animadores, estamos no bom caminho. Sócrates vai pagar a Santos Silva? Um fait divers, nada de grave. As rentrées políticas? Comentários elegantes para uns e outros. O "acordo" do Eurogrupo com a Grécia" Boas notícias, claro. Abre-se de orelha a orelha o sorriso oficial, "se tivessem feito como Portugal...isto das aventuras, tem que se lhe diga...e não é que o povo grego está desiludido, assegura, porque o pior teria sido se as pretensões do Siryza tivessem ido para a frente, não isso é que não! Quanto às presidenciais, a análise ficou-se por comentáriozitos apimentados, nada que o elevasse a mente brilhante na reta final que acabou com um sorriso satisfeito e orgulhoso de si próprio, "como adoro ter-me conhecido", até para a semana, infelizmente para o país e para todos nós. 
Deprimente, este Portugal satisfeito e otimista que aparece nas televisões e nos jornais e discute outdoors e passa de helicóptero por cima dos incêndios, que ignora os historiais pesados que carregam todos esses amigalhaços da política e discute as suas propostas como se elas fossem credíveis e, pior ainda, como se fosse verdade que as fossem implementar quando todos sabemos que não vão e que continua a burla perpetrada por uns quantos contra todos, mercê da ignorância, do temor, do medo que reina no país.
Uma sátira, eis o que podemos fazer. Escrever uma sátira cruel e irreverente, que os apanhe a todos no flagrante delito de abuso, descarado, da posição dominante de que usufruem, pintando o país de um rosa-laranja berrante que fere, que é de mau gosto, que destoa, que quer à força e à martelada impingir-se ao país real, meter-se na vida das pessoas, explicar a vida às pessoas, lavar os cérebros com sabão macaco para que fiquemos todos a pensar branquinho, branquinho.
Ainda tive a pouca sorte de ver passar pelo écran o Marco António, a chamar bombistas à oposição, e acontecia isto ainda antes de entrar na sardinhada dos laranjinhas, agora coligados com os do Portas...não desejo ver o que poderá dizer quando acabar a jantarada...
Não...não vivo no mundo do Marques Mendes, no mundo desta comunicação social que alimenta esta gente e contribui para nos passar um atestado de "parolos a ver passar o Mercedes"...no mundo das trincheiras onde uns arremessam sardinhas e recebem de volta carapaus, entre copos, gargalhadas e palmadas satisfeitas e orgulhosas por se conhecerem. Não, o meu mundo é outro.

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