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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Uma farsa para rir a bandeiras despregadas e não se deixar convencer.

O caso dos cartazes mostra bem o que vai nos bastidores mentais dos políticos e dos seus aparelhos. A batalha política joga-se no campo do marketing, na construção de cenários que têm como objetivo convencer-nos da veracidade das motivações, preocupações, empenhos e, pior, dos resultados e do seu impacto nas nossas vidas. O episódio dos "outdoors" não teria maior repercussão se, por trás destes cenários fabricados, existissem personagens credíveis, que têm valores e princípios, em que acreditam, que professam e pelos quais mostram a sua convicção, profunda. Mas, como penso, de profundo não há nada e é bom que o assumamos numa atitude de maturidade e coerência. Eu não acredito. Nem me deixo enganar pela pouca importância que querem dar à história dos cartazes. Que embora seja um incidente de percurso, não nos enganemos, é assim que os políticos e os seus aparelhos têm vindo a gerir o bem comum, de há anos a esta parte. E as razões são sérias, não são "faits divers". Um e os que o rodeiam, pretendem convencer-nos que embora tendo sido o segundo do Sócrates nada teve a ver com o roubo ao Estado e aos Portugueses que foi perpetrado nas nossas barbas, impunemente, até hoje. Se era o segundo e sabia da forma como era gerido o bem comum, é cúmplice. Se não sabia, é incompetente e não serve para gerir nada de ninguém porque não oferece confiança, muito pelo contrário. Um dos outros esteve mais do que implicado no caso dos submarinos - não me atirem areia para os olhos e não me façam de tonta - e só se safou porque durante a época do Sócrates a impunidade era válida para todos porque beneficiava a todos. As artimanhas e as obscuridades são tantas que não oferece mais confiança do que o outro. O terceiro, o mais angélico dos três, ainda há pouco louvava - em público, note-se - um dos vigaristas do sistema mais acabado, o Dias Loureiro...constituído arguido em vários processos ligados ao caso BPN mas não só. 
E não vamos mais longe. Porque as segundas e terceiras linhas são segundas e terceiras linhas para assegurar uma gestão do bem comum que todos os anos, há mais de 30 anos, rouba uma fatia, grossa, de recursos públicos para investir em iniciativas, projetos, pessoas e negócios de cujos rendimentos o povo português não tirou nem ganhou qualquer benefício, antes pelo contrário, chegámos mesmo ao cúmulo de estarmos a pagar, com os nossos impostos, as consequências deste roubo organizado e mafioso.
Não sou "ayatola" nem pretendo fazer de justiceira. Longe disso. Eu não sou chamada a julgar as responsabilidades penais. Apenas as políticas. A Constituição dá-me esse direito e essa obrigação. Portanto, não dá para continuar a fechar os olhos ou a olhar para o lado, discutindo apenas aquilo que nos é apresentado públicamente como sendo o único que podemos ter em conta na avaliação da idoneidade dos candidatos e na confiança que nos merecem para executar o que dizem que vão executar. Os cartazes são mais uma das manifestações que provam a ligeireza com que o bem comum é tratado num país onde, na esfera pública, tudo é permitido, tudo é válido, tudo é possível devido apenas à falta de rigor, de seriedade e de exigência com que nós, os Cidadãos, gerimos o mandato de escrutínio e avaliação que nos é dado pela Constituição, à hora de votar. Temos a obrigação de ir mais fundo, na avaliação do que nos é proposto e marcar a agenda política que nos interessa para que os nossos bens, as nossas vidas, o nosso futuro não continue a ser gerido por uma máfia organizada que tem tanta desfaçatez, tanta lata, tanta confiança de que vai ser outra vez eleita que não se importa de fabricar cartazes falsos, de louvar criminosos em público, de rir-se nas nossas barbas com as histórias de submarinos arquivadas ou que passeia alegremente a sua cumplicidade nas fraudes do Sócrates vestido de anjinho.
Gargalhadas, é o que me merece tudo isto. A política, em Portugal, e mais agora nesta campanha eleitoral é digna de uma farsa de Gil Vicente, de uma sátira de Ramalho Ortigão, de uma "revista" do tempo da outra senhora, ou de uma comédia do Vasco Santana, Ribeirinho e António Silva. Rir, a bandeiras despregadas, é o que tenho vontade, quando os oiço e os vejo...porque no dia das eleições, nenhum deles me vai conseguir convencer a dar-lhes o meu voto. Nenhum. Porque são responsáveis, políticamente, pela farsa política que montaram e andam a gerir, à minha custa, à nossa custa, há anos sem fim. Basta!

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