9:58 da manhã. Lisboa. 7 de dezembro. Um dia como qualquer outro. (Não fossem os anos da amiga Mafalda Taquenho e os anos de casada da amiga Isabel Rebelo de Andrade Santos, lógico). Tão bom ou tão mau como a sucessão de dias que tem sido a vida de todos nós que nascemos depois de 1960. Em paz. Vim trazer o meu filho Luis a Lisboa, ao Liceu Francês. No caminho, fiz-lhe perguntas sobre a matéria do teste de História. As duas Grandes Guerras. Datas, conceitos, factos. Batalhas, estratégias, personalidades. Faz hoje, 7 de dezembro, anos do ataque a Pearl Harbour. A Europa estava ocupada. A Inglaterra sob fogo. O dia à dia plácido e inconsequente de milhões de Europeus transformado em inferno. À espera dos americanos. Foi há 70 anos...E essas guerras, ele percebeu, não surgem do nada. O Blitzkrieg é apenas uma estratégia militar. A guerra começa a tomar forma, lentamente, quando, ante as dificuldades, deixamos de ter respeito uns pelos outros. Quando deixamos de ouvir, de dialogar, de perceber. A partir desse momento, as Instituições que criámos para gerir a concordia deixam de ter valor, deixam de ser uma garantia. Passa a imperar a lei do mais forte, daquele que grita mais, daquele que está disposto a deitar tudo a perder para impor a sua verdade. Se não acreditamos com firmeza e coragem no dialogo e na concordia, na tolerância e no respeito e defendemos com unhas e dentes as Instituições que representam esses Valores, há sempre quem esteja disposto a impor a sua Verdade. Essa Verdade só existe e só se impõe porque não tem nada pela frente que lhe resista. Nenhuma voz mais alto se "alevanta", como dizia o poeta. Em 1938, a Europa, as Instituições, a paz, a vida plácida e serena do quotidiano desaparecem em pouco menos de uns meses. O Blitzkrieg invade a Polónia, o Saarland, a Checoslováquia e irrompe pela Bélgica, Holanda, Luxemburgo e França. Sem oposição. São os Valores que cedem como castelos de cartas, manteiga, fumo.
Todos levamos dentro a fraqueza e a grandeza. Nenhum de nós está na posse da Verdade. E ante esta Certeza, a inteligência e a humildade -duas facetas da nossa Grandeza - convidam-nos a sermos capazes de ouvir, falar, discutir, aceitar. Para ultrapassar as fraquezas que tão humanas são. Com firmeza. Com convicção. Sem concessões.
Depositei o Luis no Liceu. Espero que possa dar conta das datas, dos factos e das vicissitudes das duas grandes guerras. Mas acima de tudo o que espero é que tenha percebido que acredito, convictamente, nestes Valores. E que foi a sua ausência a verdadeira causa daquela destruição. E que o mesmo voltará a acontecer se não soubermos bater-nos por eles, hoje e sempre. Cada dia. Cada instante. Boa sorte, Luis! Vai correr bem de certeza absoluta!
 
 
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