 O meu calendário, como o de todos, já vem com datas pré-fabricadas. O dia em que começa o verão, aquele em que muda a hora, o feriado assim, o feriado assado, aquela efeméride, são aquelas bolinhas verdes que vêm já muito bem postas na régua, tipo o material de base do Ikea. Depois, há umas quantas bolinhas azuis, amarelas, pretas, cor-de-rosa, lilás, castanhas e encarnadas (que vêm num saquinho muito arranjadinho) que são as que personalizam os calendários, à escolha do freguês, sei lá, por exemplo: As nossas férias, as dos filhos (por exemplo, cor-de-laranja), os nossos anos (pode ser amarela) os dias de pagamentos (se forem os dos impostos, só podem ser encarnadas) o dia do cão ir ao veterinário, o dentista do menino, a revisão do carro, para quem gosta de futebol, não há bolinhas que cheguem, o dia disto, o dia daquilo e por aí fora e por aí adiante. Há uma bolinha, a preta, que durante anos, reservei sempre para o dia de hoje, dia 29 de Dezembro. Os anos da Cristina. Porque era o dia dos anos da Cristina, porque era um dia que, acontecesse o que acontecesse, era incontornável, era obrigatório, era o dia dos anos dela e que, porque ela adorava fazer anos, era um must, era uma efeméride. "O que é que vais fazer este ano?". Acho que nunca ou raros foram os anos - e para mim foram 35 anos - em que a ouvi dizer: "Nada". Ou era um jantar com a família, ou era um café depois do jantar com a família, ou era um jantar reduzido, fora, em casa, no Restelo, em Sintra, nas Pedras Altas, havia sempre, sempre, uma combinação. Bolinha preta porquê? Preta a cor do cabelo, preto a cor dos olhos, a cor da classe, preta a cor da incondicionalidade, da constância, a cor da noite, do infinito. Hoje e sempre, dia 29 de dezembro, é um dia especial. Que teria ela feito hoje, pergunto-me? À Assunção Vassalo, ao Manel Vassalo, à Madalena Vassalo e ao pai Manel, um abraço especial pelo dia de hoje. Que teria ela inventado para o dia dos seus 55 anos?
O meu calendário, como o de todos, já vem com datas pré-fabricadas. O dia em que começa o verão, aquele em que muda a hora, o feriado assim, o feriado assado, aquela efeméride, são aquelas bolinhas verdes que vêm já muito bem postas na régua, tipo o material de base do Ikea. Depois, há umas quantas bolinhas azuis, amarelas, pretas, cor-de-rosa, lilás, castanhas e encarnadas (que vêm num saquinho muito arranjadinho) que são as que personalizam os calendários, à escolha do freguês, sei lá, por exemplo: As nossas férias, as dos filhos (por exemplo, cor-de-laranja), os nossos anos (pode ser amarela) os dias de pagamentos (se forem os dos impostos, só podem ser encarnadas) o dia do cão ir ao veterinário, o dentista do menino, a revisão do carro, para quem gosta de futebol, não há bolinhas que cheguem, o dia disto, o dia daquilo e por aí fora e por aí adiante. Há uma bolinha, a preta, que durante anos, reservei sempre para o dia de hoje, dia 29 de Dezembro. Os anos da Cristina. Porque era o dia dos anos da Cristina, porque era um dia que, acontecesse o que acontecesse, era incontornável, era obrigatório, era o dia dos anos dela e que, porque ela adorava fazer anos, era um must, era uma efeméride. "O que é que vais fazer este ano?". Acho que nunca ou raros foram os anos - e para mim foram 35 anos - em que a ouvi dizer: "Nada". Ou era um jantar com a família, ou era um café depois do jantar com a família, ou era um jantar reduzido, fora, em casa, no Restelo, em Sintra, nas Pedras Altas, havia sempre, sempre, uma combinação. Bolinha preta porquê? Preta a cor do cabelo, preto a cor dos olhos, a cor da classe, preta a cor da incondicionalidade, da constância, a cor da noite, do infinito. Hoje e sempre, dia 29 de dezembro, é um dia especial. Que teria ela feito hoje, pergunto-me? À Assunção Vassalo, ao Manel Vassalo, à Madalena Vassalo e ao pai Manel, um abraço especial pelo dia de hoje. Que teria ela inventado para o dia dos seus 55 anos?P.S. A foto não é a melhor, aliás é para esquecer mas é única e foi irrepetível. Bruges, 1988.
 
 
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