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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Neste Natal, ofereça aos seus um "políticamente correto"

Há-os de várias cores, modelos, tamanhos. Para ocasiões de luxo ou mais ao estilo "casual" (leia-se em inglês) ou ainda para momentos tertulianos. A oferta é grande, Portugal é, neste particular, um país de abundância, criatividade e eficácia. O investimento tem retorno garantido, há colunas de admiradores, seguidores, fans, defensores, lutadores, dispostos e disponíveis para se arrumarem atrás de qualquer "politicamente correto" que se compre para se viver comodamente na ribalta a gozar, a usufruir...aquilo que o tuga gosta: comprar a Sorte Grande para viver bem e não ter que fazer nada o resto da vida. Pois bem, este Natal, graças à entrevista que o nosso "buldozer mediático" deu ontem na TV, o mercado do politicamente correto está aberto ao público com novos produtos, novas ideias, novas modas. Prevejo um grande dinamismo na economia só à custa dos confrontos entre os vários "politicamente corretos" que foram ontem lançados no mercado. Passo a descrevê-los:
1. É politicamente correto, para uns, afirmar-se com os pulmões em máxima rotação e as carótidas ao rubro, que o Sócrates é um malandrão, um corrupto, um desenvergonhado, um criminoso e que devia apodrecer na prisão.
2. É políticamente correto, para outros, dizer-se que os malandrões são os juízes, os magistrados, os procuradores, os investigadores, sejam da Relação, do MInistério Público, da Autoridade Tributária, da DIAP, da DCIAP ou lá quais forem as siglas que identificam uma corporação que mais parece a Maçonaria que se vinga, a seu bel prazer, de uma série de vítimas que incomodam ou incomodaram e puseram em causa a classe.
3. É, também, políticamente correto dizer-se, e alguns fazem-no com fervor religioso, que à Justiça o que é da Justiça e ao mundo o que é mundano, ou seja, "não me com-pro-me-ta", como dizia o Jô Soares. É aquela posição impossível de quem se coloca numas escadas de tal forma que não deixa saber se sobe ou desce, a arte do equilibrista que vive à espera de ver quem ganha a jogada para se imiscuir, sem ser notado, com a multidão dos seguidores.
4. Mas como a economia tem que crescer e para isso precisa de incorporar novos clientes, novos consumidores, antecipo aqui um novo "políticamente correto" que fará furor na temporada que se segue à deste Natal e que está já disponível nas lojas vanguardistas e de moda tipo rebelde, amante de causas perdidas e revoluções eternamente adiadas. Permite-lhe, a si, que não se vê encaixado em nenhum dos três produtos atrás sinalizados, advogar e defender que uns e outros estão intimamente ligados e a corrupção não tem trincheiras, essa é uma ilusão que nos pretendem vender, uns e outros, para desviarem a nossa atenção daquilo que é a Verdade. Atenção que este "políticamente correto", sendo de nova geração, vai com um "dispositivo", uma espécie de "óculos" semelhantes aos que nos dão nos cinemas 3D e que, quando colocados, fazem aparecer as ligações, as conexões entre todos os "manegam" o poder neste nosso país. Com estupefação, incredulidade e indignação, descobriremos que afinal os malandrões são-no todos...incrível! Oooh, espanto, afinal a corrupção é um enorme cefalópode, infinito-pode (substitua o infinito pelo número de patas que acha que o "bicho" tem) com infinitas caras, nomes, apelidos, cargos, funções, atribuições e relaciona tudo e todos...o problema deste novo produto de "políticamente correto" é que sem o tal dispositivo, ninguém consegue detetar essa teia maravilhosa e surpreendente de pessoas todas unidas por uma mesma causa: burlar o país e a nós todos.
Escolha um destes "politicamente correto", este Natal e presenteie os seus com aquele que achar que lhes dá mais felicidade e prazer. E dizem que não somos criativos e que não sabemos tirar partido das adversidades...Há países onde há só dois "políticamente correto". Os de um lado contra os do outro. Nós somos infinitamente mais criativos. Há quatro formas de ser e estar neste nosso cantinho chamado Portugal, plantado nos subúrbios dessa Europa duolítica envelhecida e gasta, que nunca para, nunca fica de braços cruzados, nunca se resigna e está sempre pronto para desbravar novos mares, novos mundos, novos mercados...Aplausos, pois, para todos os que tornaram e tornam possível esta magnífica obra de arte chamada Portugal, chamada Portugueses, chamada Todos Nós! Somos o máximo! E não esqueça, este Natal ofereça aos seus o que cada um dos seus quer...Fique descansado, ninguém saberá o que verdadeiramente pensa...(he, he, he, engane-os a todos)!

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