"Entrega-te a
Jesus Cristo e ele transformar-te-á!". Hoje dissémos adeus à tia Maria
Emília Raimundo. Mais um elo da cadeia da nossa vida terrena que se desfaz e
que se liga à cadeia da vida que começa com este enorme mistério que é a morte.
Fomos, todos aqueles que com ela possuíamos esse elo vital, interpelados a
deitar um olhar para trás e a recordar esses momentos em que convivemos com
ela, imagens, conversas, a voz, episódios, épocas extensas da nossa infância,
adolescência, idade adulta e até há bem pouco tempo e com ela surgem outras
tantas que, entrelaçadas, formam o puzzle da vida de cada um de nós. É um olhar
tingido de tristeza, sim, não a veremos mais e um sentimento de uma maior solidão,
é verdade, somos e seremos imparávelmente cada vez menos a partilhar a vida cá
neste mundo. Mas há também algo de sublime e trsnscendente, neste encontro com
a morte, porque se trata de um momento único e o último que protagonizaremos
como seres humanos.
Confrontados com
este momento, tratando-se de alguém que referenciou a nossa vida, a dor é
grande. Ninguém lhe escapa, a esta dor. Porém..."entrega a Cristo a dor e
ele transformá-la-á em alegria". Confia, acredita, tem fé. É
entregando-nos de corpo e alma, ocupando todos os espaços, momentos e
interstícios em que a dor se infiltra, que a conseguiremos transformar em
alegria. No final do túnel, no final dessa viagem vertical ao fundo da dor,
surgirá o momento em que nada mais há a percorrer dentro de nós. Para os que
acreditamos essa viagem chama-se Jesus. Para os que não acreditam na capacidade
de transformação desse amor espiritual, existe ainda assim a esperança de que
qualquer dor é ultrapassavel quando entramos nela com a vontade de a
transformar num trampolim para a serena aceitação da nossa condição humana
fugaz e transitória. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, ou não, a nossa
entrega humilde mas corajosa e incondicional a tudo o que vivemos,
especialmente aos momentos de maior dor, é uma condição indispensável para
descobrir à vida o que melhor tem para nos dar. Esperança e alegria profundas
num dia triste e pendurado de uma época coletiva baça e deslavada. Adeus tia
Maria Emília. Dê um abraço aos meus pais e a tantos outros que, como amigos
seus que foram e são, estavam à sua espera para a acolher nessa sua nova vida!
:-)))
 
 
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