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domingo, 27 de janeiro de 2013


Não sei o que os meus amigos facebookianos, companheiros de rota existencial, pensam ácerca da importância que os lugares têm na nossa maneira de sentir as coisas e até de dar forma a uma identidade determinada, que coabita, junto com outras, dentro de nós. O nosso Bilhete de Identidade é algo bem mais complexo que um simples cartão de identificação que nos arruma numa determinada circunstância pessoal. Vimos dos que nos deram origem, estamos vinculados ao lugar onde nascemos e pertencemos onde vivemos habitualmente. Mas...e com este "mas" é que começa a verdadeira aventura. Porque com os pés assentes nesse substrato existencial, os percursos que vamos abrindo ao longo da vida levam-nos a acrescentar, a essa identidade, vivências "geográficas" que podem ir ao ponto de criar novas identidades de nós próprios, que, como disse, passam a coabitar, em harmonia, ou não - depende muito de cada um - dentro de nós. Há quem as carregue dentro de si toda a vida, como se fossem troféus, postais, que se colocam na nossa estante das recordações. Há quem as veja mais como um casacão pendurado no armário que vestimos quando nos temos que deslocar a essa identidade. Seja como for (cada um que descubra a sua própria maneira de viver as coisas), a verdade é que quando olhamos para essas vivências muito marcadas que nos vão acrescentando campos ao nosso BI de partida, tomamos consciência de que somos vários e muitos ao mesmo tempo e que isso não nos surpreenda nem nos inquiete. Sou e somos. Um e vários. Um determinado alguém cujo espetro de luz se vai ampliando ao longo da vida e que brilha conforme o dia se anuncia dentro de cada um de nós, nessa ou naquela amplitude de onda em que nos fomos acrescentando, hoje nesta, amanhã naquela outra, com as cores da alegria, nas sombras da tristeza, a intensidade do entusiasmo, a palidez do desânimo, com as tonalidades de Lisboa, Bruxelas, Barcelona, Sofia, Bruges ou Sintra, onde estamos, por onde passámos e de onde recolhemos e nos espalhámos, atomos de aqui e de ali, de uns e de outros, que se agregam dentro de nós para dar corpo, forma e sentido ao enorme caleidoscópio que somos. É assim, meus amigos, que eu vivo várias vidas na vida só que me foi dada a viver e me declino por todos os farrapos que vou escrevendo sempre que tenho tempo e me apetece. Hoje estou em Barcelona. Outro registo. Será porque sou um caleidoscópio. Por isso o escrevo. Não vá esquecer-me. Com chuva, com sol, a cores, a preto e branco, num ou noutro de cada um, tenham um bom dia. E brilhem!

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