Tarde de inverno
E por isso vou a correr escrever. Para que as ideias escorram depressa para o papel e dêem espaço às novas que se apressam a tomar forma. Escrever é forrar as paredes interiores de ideias arrumadas.
sábado, 16 de outubro de 2021
Um amor eterno
Adormecer de amor no sonho mais bonito de setembro
Histórias e lugares de outro mundo
Viver para ser livre.
Chamou-me a atenção o meu querido amigo Zé Vasco Pimentel, amigo dessa infância que nos cai em cima quando, por distração, abrimos o primeiro armário do nosso quarto das memórias, que o tempo está guardado nas coisas. É uma grande verdade, Para nos apropriarmos dele, basta olhar para um objeto, agarrar um pensamento e obrigá-lo a descascar-se como se de uma Baboushka se tratasse, parando, quando mais nos apetece, na estação de uma das pequenas aldeias da nossa memória para passearmos pelos momentos que o nosso estado de espirito, caprichoso, escolheu, nessa tarde. Eu habito, nesta casa, que agora é minha, em cada um dos objetos que me envoltam, desde que nasci. Desde que me lembro e me consigo pensar que eles habitam comigo. Embora nem todos me pertençam, pertencem à minha memória, ao meu tempo que neles também já existe. Não tenho apego às casas porque aprendi a mudar-me com a memória e a colocá-la pelas casas por onde vou passando, nos objetos, nas rotinas, nos percursos, nos gestos, nos ambientes recriados. Onde estou, sou, e comigo, a minha memória. Momentos felizes, os de desfolhar o tempo guardado. Nas coisas e em nós.
Eternidade
A casa dos meus sonhos
Jardim dos amores
Lá fora, o calor do meio-dia. Já apetece. Deixar para trás as penumbras descoloridas, as tardes entre mantas, a humidade, o recolhimento, dias e dias entre brumas, nevoeiros cerrados e a chuva que não se acaba. Abrimos as portas para o jardim pelo ímpeto de ir em direção à luz, queremos cor, calor, o ar do jardim, ir, correr, É tempo de sair. De si, do recolhimento, do espaço exíguo e limitado, do olhar perdido em busca do horizonte através dos vidros embaciados. Hoje abriram-se as asas e voámos sem medo ao sabor da liberdade. Por fim!
O que a vida nos dá só nós sabemos
Palavras sentidas, gastas, baratas, de toda a gente
Meu querido pai,

Eu penso, logo existo, dizia Descartes. Posso pensar em qualquer coisa, pois existo. No entanto, embora exista, há algo no qual, por muito que eu me esforce, não consigo pensar: quando inicio o caminho da procura do que seria ou não seria se o que existe não existisse, não consigo nem sequer ter um só pensamento sobre essa nossa não existência coletiva. Porque o meu pensamento não consegue pensar sobre a não existência. Logo, a não existência é impensável…aflige-me. São paisagens àridas, vazias, sem palavras, sem sons, sem cor. Faz bem, o meu pensamento em não se aventurar para além deste Bojador do conhecimento.
O maior júbilo da existência é pensar.
 
 sexta-feira, 15 de outubro de 2021
Gloria in excelsis…
A sabedoria que há em ser ateu
A linha da tua vida
 
