20 jan 2023
Silêncios.
Escuro como breu. Silêncios da noite. Pinga, pinga, pinga sem cessar. Ao longe o regato gorgulha água que desce em cascata pela encosta sinuosa da serra. Dois ou três passaritos entoam uma melodia recorrente, parecem apitos, esganiçados. Por vezes é a ventania que assobia, sibilina pelas frinchas ou a madeira a arder na lareira que estala e salta para a pedra em brasa ou se acende numa labareda grave e profunda. Um murmúrio da Uva, um ressonar baixinho do Tinto, vão sendo horas, até ao primeiro carro que desce a ladeira, ainda em contenção. As vidraças vão clareando com a luz pálida e mortiça de mais um despertar triste de chuva, frio e nevoeiro. Outros serão os silêncios que começam com este novo amanhecer.
 
 
Sem comentários:
Enviar um comentário