Cada vez tenho mais a certeza de que as respostas às grandes questões ligadas à existência se encontram entre os verdes, os amarelos, encarnados das flores, na fineza do desenho das folhas do jacarandá, nas raízes da ameixoeira e do azevinho que se cruzam debaixo de terra e no polen que viaja a uma velocidade estonteante entre as ramas da laranjeira. Existe na Natureza, um código, algoritmos, sequências de Fibonacci e uma topologia matemáticamente relevante que nos indica como resolver os grandes mistérios, as grandes questões, as grandes incógnitas. Adoro ver como são sábias, as plantas, como se falam, convivem, se ajudam, se aniquilam e sobrevivem, felizes. Temos tudo a aprender com estes seres vivos que, não por não falarem, não terem olhos nem boca nem ouvirem, não terem feito um curso superior e não twitarem cada segundo ou não espetarem facas envenenadas nos colegas de trabalho, por hipótese, são menos protagonistas desta vida. Sento-me no jardim, longe da mesquinhez e velhacaria humanas, observo, oiço, com atenção e humildade e reconforta-me saber que um dia, quando for pó, irei colaborar para que estas plantas continuem a ser donas do nosso Universo e detentoras do segredo da nossa existência. Um dia serei planta, também e animarei o jardim dos meus descendentes. Isso reconforta-me. Serei parte de uma destas rosas ou de uma das camélias deste jardim. Serei tão feliz como agora, a esta hora do sol por, do lado de cá da existência. 

 
 
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