Quando um dos filhos já faz 25 anos, os mais pequenos nos passam em altura, a nossa "ratinha" já quase que dirige uma empresa, o sobrinho já vai para "a noite de Santos", as sobrinhas vão e vêm e vão e vêm, e nos fazem imensa companhia com esse vendaval de alegria que entra e sai de "sopetão" (como dizia o inefável Gabriel Alves)...quando a vida daqueles a quem demos vida e ajudámos, com amor, com preocupação (e quanta irritação, por vezes e alguma impaciência, ai o armário!), às apalpadelas, quantas vezes!, outras com as certezas que vamos adquirindo, quando essa vida desabrocha com a beleza e pujança que irradia desta fotografia e o mano começa a ter uma respeitável barba branca, chegou o tempo de começar uma nova vida, nossa, merecida, desejada de tantas coisas para fazer e viver ainda e da qual eles, os "nossos eternos miúdos" também possam sentir-se orgulhosos e na qual possam participar, como homens e mulheres feitos e amigos e conselheiros, porque não?, a vida é uma cadeia eterna de mãos que se vão dando, de formas diferentes, ora nos puxam,ora empurramos, consolamos, advertimos, recebemos e damos, reparem na fotografia e vejam como as mãos dão continuidade e sentido às gerações, ao carinho, ao compromisso. Nem sempre é fácil reunir todos e nem sempre o ambiente e o quotidiano estão isentos de fricções e desentendimentos, egoismos e orgulhos vãos e mas...há estes momentos de "dar sentido às coisas" e deitar sobre elas uma olhar com um algoritmo que identifica apenas as traves mestras da nossa existência e aponta à essência da nossa vida. E...ficamos a galgar por aí fora no silêncio, a pensar apenas desta maneira que sabe encaixar as peças soltas no sítio certo e às tantas o olhar vem ao de cima e...são todos tão bonitos que ainda por cima dá gosto só olhar.
E por isso vou a correr escrever. Para que as ideias escorram depressa para o papel e dêem espaço às novas que se apressam a tomar forma. Escrever é forrar as paredes interiores de ideias arrumadas.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Manhã de Natal

Manhã de Natal. Há no ar, nos símbolos, nos gestos, nos olhares, nos abraços e palavras partilhadas e distribuídas pela nossa Comunidade afetiva, no coração de todos uma sinceridade, autenticidade e genuinidade de sentimentos que só este dia nos arranca de dentro de nós e os traz à flor da pele. Isso significa que o nosso coração está cheio de amor, bondade e compaixão, que o somos e que só porque não somos coerentes é que não os estendemos aos restantes dias do ano. Todos levamos dentro, cada dia, o dia de Natal. O que sentimos hoje não é artificial. O que é artificial é deixar de o fazer, dizer, sentir no dia a dia dos outros 364 dias do ano. Recorda-lo, recordarmo-nos disto é a grande tarefa de cada um, cada dia. Dou, portanto, um imenso valor a todas as mensagens de Amor que se trocam estes dias porque o Natal e o que para todos representa tem a enorme capacidade de abrir as portas do coração. É só isso. Quando, ao longo do ano, não soubermos praticar o que hoje sentimos, lembremo-nos que o Natal nos mostrou que somos capazes. E sejamos sinceros e coerentes. Custa pouco. Um bom dia de sentimentos de Natal para esta Comunidade de Amigos. A ouvir musica portuguesa porque o coração vestido de Português é mais bonito! E a poesia faz perdurar!
domingo, 13 de outubro de 2013
Viver acaba por ser o processamento de um conjunto de dados.
Podia até ser um daqueles cartões perfurados das antigas máquinas de cálculo.
Sentados algures na linha do tempo, nos bastidores de nós próprios, a nossa
consciência iria fazendo buraquinhos atrás de buraquinhos, com pachorra ou sem
ela, de uma maneira sistemática, segundo a segundo, hora a hora, cada dia,
todos os meses, ao longo dos anos. Por vezes há tempo e a necessidade de nos
sentarmos com o perfurador do nosso cartão de dados da vida, à lareira de uma
boa conversa de pão, queijo e vinho tinto, e fazer um balanço. "Olhe para
ali, amigo, vê aquele buraquinho, ali naquele dia?" E sentados com aquele
formato de papel que não existe no Stapples no colo, poderiamos verificar, com
uma aterradora certeza, a importância decisiva que aquele furinho, feito naquele
dia, àquela hora, talvez distraídamente, talvez inconsequentemente, quem sabe
se não por inércia, preguiça..."egoísmo, amigo, egoísmo..." -
sentencia o perfurador, cruzando os braços atrás da cabeça e enconstando-se,
comodamente, no cadeirão de bombazina moldado a um conforto puído pelo uso.
Baixo de novo o olhar sobre a manta da vida inexoravelmente perfurada e sigo em
silêncio o itenerário vital daquele furinho... E vejo como o caminho, a partir
daquela origem, se foi complicando, desmultiplicado por outros rumos, a maioria
deles desembocando em becos sem saída, impasses, ruturas, volta atrás, começa
de novo, energias perdidas, planicies sem horizontes, desertos de solidão,
papel branco sem notícias, sem dados relevantes, sem sentido, silêncio...
 "Pois...mas
outros há dos quais te podes orgulhar, não te atormentes...queres ver?"
 Mas eu não quero.
Estas análises frias de dados amachucam, deixam um sabor amargo na boca que
inviabiliza qualquer outro sabor que faça sorrir. Existem tantos furinhos na folha
da minha vida como aquele que o amigo dos bastidores me mostrou...tantos em que
podia ter feito, podia ter dito, podia, podia, podia e podia...e não fiz, não
disse, não evitei. E são estes momentos que contam, afinal. É neste cruzamento
de hipóteses futuras que se vai escrevendo a vida, furando rumos, momento atrás
de momento, minuto a minuto, cada dia, no vértice de uma pequena decisão sem
importância...volto para o meu cenário e a consciência de que posso mudar o
rumo ao cartão de dados que o perfurador que Deus me adjudicou vai gerindo de
acordo com as minhas decisões, atenua-se, esbatece-se e esmorece sob o peso da
lucidez que afinal não tenho, da inércia em que me instalei, do egoísmo do qual
não me liberto, das desculpas que me corrompem a vontade, das ocupações que me
sugam, da cobardia que tento ocultar, do espelho de mim que evito enfrentar.
Engano-me se penso que posso apagar este meu ativo de dados perfurados com uma
simples confissão ou até pelo arrependimento, que pode ser genuíno. Nem sequer
a escrita serve, quando às vezes até pode ser um ponto de partida. Afinal, para
que serve tanta análise, tanta lucidez, tanta consciência, se ante o inexoravel
perfurar do cartão de dados que é a vida, não sou capaz sequer de evitar esse
conjunto de furinhos falsamente irrelevantes que me conduzem sistematicamente a
este beco vital de uma angústia sem saída...apesar do sol estar a brilhar e dos
meus jacarandás me estarem a sorrir uma luz doce e serena, ali da minha
varanda, filtrada através da renda tão delicada dos seus braços.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
O meu jacarandá sabe melhor do que eu que é uma árvore e não
uma planta ornamental qualquer. Está-me a dizer que precisa de mudar de patamar
de incubação, ou seja, passar para a terra. É a linguagem das plantas. Eu sou
um apenas um "pau mandado", no mundo do vegetal. A nossa pretensa
superioridade advem-nos da nossa miopia existencial. É claro que eu domino o
mundo vegetal: posso cortar a água ao jacarandá e ele morre. Sou superior por
isso? Ter capacidade para matar a vida, neste caso a vegetal, faz de mim um ser
superior? Não achamos isso, pois não? Faz de nós meros assassinos, isso sim e a
vida é o que nos diferencia do Universo frio, escuro e improdutivo. Portanto,
obedeço ao comando do jacarandá porque a minha função no Universo e o que me
superioriza ao resto dos seres vivos é a nossa especial aptidão para fomentar a
criação, a vida, a continuidade. Para isso temos consciência: o
"Criador" deu-nos ferramentas adicionais para zelarmos zelosa e
ativamente pela vida. esse o meu papel em relação com o jacarandá. A fitografia
apenas mostra que o jacarandá está impaciente e que não tenho estado devidamente
atenta. Traduzido por miúdos: levri uma reprimenda e só por boa-vontade é que
não me tira pontos no cartão de ser vivo. Ou não pago multa...isso é que não!
Tenho um enorme respeiyo por qualquer forma de vida mas deixar que o meu
jacarandá se arme em EMEL so porque aprendeu com os que diariamente andam sob a
minha varanda a sacar fundos para alimentar estruturas, isso não. Jacarandá
amigo, irás para a terra simtrense do meu jardim mas sem te armares em esperto.
Estou atenta e viverás! Mas com calma! Um bom dia para todos e todos a favor da
Vida.
sábado, 31 de agosto de 2013
Diletantismo na areia
 Uma tarde de diletantismo na areia. Ao longe, as vozes, as
caras, o azul do mar, a brisa que atenua o calor, o gelado, a conversa, o corpo
na horizontal, dolce fare niente...perfeito para pensar nas grandes questões,
essas sobre as quais assenta o mundo...ensaiam-se ideias, exploram-se
hipóteses, identificam-se caminhos...é tão bom, pensar, deitada na areia, a
dois centimetros destes maravilhos cristais coloridos e cintilantes...nao sei
se durmo, se estou acordada mas é tão bom este diletantismo horizontal, ao sol,
ao longe, muito ao longe as vozes da realidade...quem inventou o
"praiar", é um génio. Ou um artista, a julgar pela fotografia.
Uma tarde de diletantismo na areia. Ao longe, as vozes, as
caras, o azul do mar, a brisa que atenua o calor, o gelado, a conversa, o corpo
na horizontal, dolce fare niente...perfeito para pensar nas grandes questões,
essas sobre as quais assenta o mundo...ensaiam-se ideias, exploram-se
hipóteses, identificam-se caminhos...é tão bom, pensar, deitada na areia, a
dois centimetros destes maravilhos cristais coloridos e cintilantes...nao sei
se durmo, se estou acordada mas é tão bom este diletantismo horizontal, ao sol,
ao longe, muito ao longe as vozes da realidade...quem inventou o
"praiar", é um génio. Ou um artista, a julgar pela fotografia.domingo, 11 de agosto de 2013
Relações afetivas singulares
Insisto em que temos
com as plantas, como com as pessoas e os animais, um vínculo. Não sei a partir
de que momento é que elas entram na nossa órbita mas não tenho dúvidas de que
entram. É um vínculo menos sofisticado do que aquele que nos une aos animais,
pois estes requerem, da nossa parte, alguma constância na manifestação do nosso
afeto para que nos devolvam o seu. É certamente menos exigente mas não por isso
menos devoto. Ontem e hoje dediquei-me a plantar, transplantar, limpar, varrer,
e regar. Plantas, flores. Trouxe-as do viveiro e pu-las na terra e em vasos.
Admirei-as, fiquei contente, dão cor, vida, criam ambientes, embelezam. E
criam-se relações, uma interdependência. A beleza cessa quando nos descuidamos
e volta quando perdemos tempo a cuidá-las. Já aqui disse um dia que as plantas
rivalizam entre si pelo nosso afeto, a nossa atenção. Eu tinha uma palmeira que
odiava as outras plantas que entravam em casa e que conseguiu que todas
morressem até ficar só, no seu império afetivo...só não é estranho se pensarmos
como abri esta crónica: que, queiramos ou não, aceitemos ou não, a verdade é
que se criam laços com as plantas. Nem melhores nem piores...diferentes,
adaptados às circunstâncias, singulares, como tudo no Universo dos seres vivos.
Só a ignorância explica que ignoremos esta realidade...
domingo, 4 de agosto de 2013
Em maré de
recordações, pensei que não mas adoro, convictamente, esta pequena religião de
colocar a flor junto das fotografias das pessoas que nos fazem falta. A minha
mãe tem outras fotografias mais institucional do que esta para estar na sala
mas eu escolhi esta, em que esta com o meu tio Jerónimo, com um ar muito
natural e cheia de vida. Lembro -me dela assim, vital, alegre, senhora de si. E
fui buscar uma jarrinha que eu adoro pelo seu romantismo e delicadeza e pelo
facto de poder levar apenas uma flor e não uma flor qualquer mas uma cujas
pétalas não pesem como um fardo sobre os braços do anjinho. Uma rosa aberta em
pétalas que parecem saiotes de seda em flor. Adoro este quadro, este nicho de
saudade e recordação. Outros recantos como este existem na minha memória.
Quando cá estou em Sintra, longe dos afazeres, enchem-me o dia. Uma outra forma
de cuidar de um jardim. Não por isso menos exigente e menos gratificante.
Esta cameleira vem do
tempo do meu pai. Era feliz, os miudos andavam de bicicleta à volta dela e
quando dava flor, cor de rosa, vinha para dentro enfeitar as jarras. Depois do
meu pai morrer, com as obras da casa, a minha mãe teve muito medo que a
cameleira morresse também. Preocupava-a que o símbolo desaparecesse e falava
dela, ao telefone, como se se tratasse de um familiar, dando noticias do seu
estado. Não me lembro, agora, se antes de morrer pode ver como a cameleira,
mãe, dava vida a um braço que agora rebentou viçosamente dando nova vida à
velha cameleira. E hoje, sentada à sua beira, notei que perto do chão nasciam
uns novos ramos, minusculos mas fortes. E não pude deixar de me senyir
contente. Pelo meu pai, primeiro mas sobretudo pela minha mãe que tanto carinho
tinha por esta cameleira. Onde estiver, a minha mãe estará contente. E eu
também! Tudo resiste quando é cuidado!
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Não é "MAIS MULHERES AO PODER", é "MAIS PROFISSIONALISMO NA POLITICA"
Novos Ministros, novos Secretários de Estado: tudo
homens...amigos dos homens que já lá estão, que só convidam homens porque só
têm amigos homens e como só se vai para o Governo quando se é amigo de alguém,
forçosamente há que ser homem para entrar nesse circulo. Eu não tenho nada
contra os homens, rigorosamente nada. O vicio, aqui, é a questão da amizade. E
enquanto for a amizade o fator que faz com que se chegue à primeira linha da
politica, os que lá estão chamam os amigos. E como os amigos que têm são
homens...são eles que ocupam todas as linhas da frente. E como são eles que
ocupam todas as linhas da frente e as segundas linhas...a escolha recai sempre
sobre um homem. Se a politica fosse feita com profissionalismo e sem necessidade
de haver este vinculo exacerbado de confiança pessoal...talvez as mulheres
tivessem hipoteses. Mas não. A politica hoje, em Portugal, exige que exista
esse vinculo de lealdade que só a amizade ou a dependencia absoluta podem
oferecer. Porque existe muita mentira, porque se protegem interesses, porque se
omitem factos, porque se manipula a verdade. Um profissional isento não aceita
isso. Um profissional honesto não aceita isso. E, portanto, há que rodear-se de
fidelidade ou de dependência. Não estou a dizer que uma mulher seja melhor do
que um homem. Estou simplesmente a dizer que a exigencia desses vinculos de
fidelidade e dependencia fazem com a escolha recaia sobre os mais proximos. E
como entre os mais proximos dos que lá estão só há homens...são eles que são
escolhidos. Eu não quero mais mulheres na Politica. Quero que a Politica se
faça sem recurso a amizades. E se assim fosse, certamente haveria mais mulheres
no Poder. Não tenho dúvidas. Há que saber ler a realidade por trás das
estatisticas. E usar os argumentos válidos. Não é "MAIS MULHERES AO
PODER", é "MAIS PROFISSIONALISMO NA POLITICA". E isso faria com
que houvesse mais mulheres na politica e a chegar ao poder.
terça-feira, 9 de julho de 2013
À medida que o tempo vai passando há palavras que deixam de ser usadas para passarem a formar parte dos afetos silenciosos, pensados, sentidos e que cobrem as coisas que nos rodeiam de saudade. Nesta casa que agora é minha e onde eu durante... tantos anos articulei a palavra "mãe" e me senti "filha" é onde o silêncio da ausência pesa mais. Há ainda muitos gestos, muitas rotinas, muitos impulsos, muitas ideias, muitas conversas, muitas perguntas e comentários que são lógicos a cada virar da esquina, a cada momento do dia mas que morrem antes de serem som. E não é que essas rotinas fossem fáceis, pelo contrário, mas os conflitos, recorrentes, eram de estimação e inerentes à estimação. Hoje ainda custa ser só mãe onde, por ser onde estava a minha mãe, também aprendi a ser mãe mas onde fui, acima de tudo, a filha que deixei de ser. Há dias e dias e silêncios que custam mais do que outros. Enfim. É assim, a vida.
domingo, 7 de julho de 2013
Na parede do meu jardim nasceram dois maracujás. O que prova que se todos tivéssemos 3metros quadrados de jardim em casa, até podíamos ser autosuficientes nalguns produtos frescos. Podiam até ser criadas empresas especializadas no cuidado desses pequenos jardins ou hortas caseiras. Empresas certificadoras da qualidade. Predios maiores poderiam transformar os patios em jardins e as crianças, ao chegar a casa podiam ter uma aula de agricutura. Alhuns professores ou eng agronomo...s ou tecnicos agricolas reformados poderiam dar aulas, ensinar, numa nova abordagem à sua profissão. Nada impede que paralelamente à globalização va nascendo um outro movimento que va aprofundando o universo da localização, ou seja, tirar partido do que temos, dar-lhe outro/mais valor e com isso criar lačos interativos entre pessoas que vivem perto umas das outras. Reinventar-se, reinventarmo-nos! Voar com um maracujá que nasceu pendurado mesmo em cima da janela é mais do que ter um simples maracujá nascido debruçado sobre a minha janela (e também sobre os jacarandás adolescentes). Voando em cima do jardim de "ás", como Jack Nicholson em cima do "ninho de cucus". Como dizia ontem, so o capital humano faz estas proezas de voar onde não é possível voar, à partida. A Bolsa de Nova Iorque a duras penas sobe e se algum movimento mais brusco e inesperado faz, é quando desce abruptamente, gerando o caos e o pânico no mundo inteiro! Ora, se eu agora adquirisse o conhecimento e trabalhasse esforçadamente, do meu vôo maracuja iano podia até criar riqueza. Entre o stress novaiorquino e a duvida lisboeta, eu invisto nesta duvida lisboeta que nasce da descoberta de um maracujá atrevido e endiabrado que para vir ao mundo escolheu um lugarzinho ao sol, entre as folhagens que decoram a moldura da janela da minha varanda sobre o Largo Hintze Ribeiro, numa manhã de domingo de sol, calor, luz e cor! Depois disto tudo, não me atrevo sequer a pensar mais em comê-lo à sobremesa! See More
A vida é tão fascinante, tão apaixonante, tão empolgante, tão tão recompensadora, em cada instante, em cada uma das coisas que vivemos, que mesmo quando os olhos se nos enchem de lágrimas porque alguma dor as traz com ela, no fundo de nós é sempre possível sentir gratidão pelo imenso privilegio que é podermos ter uma vida, que nos pertence, que podemos levar por onde quisermos, imprimir-lhe o que somos, adorná-la com o que nos faz feliz, lançar nela as sementes que nos perpetuarão e partilhá-la com quem mais amamos. A história da nossa vida. O livro da nossa existência. O privilégio de ser o autor.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
PELO CONSENSO, MARCHAR, MARCHAR!
 Neste país faz
falta uma catarse, uma revolução, um terramoto. E é do máximo interesse
nacional que essa revolução tenha lugar quanto antes. Uma revolução serena,
refletida e organizada. Sem carros de combate, manifestações multitudinárias ou
maquinações de bastidores. Estão, neste momento, criadas as condições para que
seja construída, neste país, uma alternativa política séria aos partidos que
hoje exercem o poder ou lhes são alternativos. Felizmente vivemos num sistema
democrático e essa possibilidade existe e pode ser organizada sem que seja
perseguida físicamente. Não há, portanto, nenhuma desculpa, por esse lado, para
que não seja criada. Olhamos à volta, seguimos atentamente a vida política
nacional e deparamos com pessoas, forças políticas, Instituições que deixaram de
ter o crédito e a adesão popular necessárias ao exercício do poder, à
construção dos consensos políticos e sociais necessários ao desenvolvimento das
reformas de fundo que todos sabemos que são as únicas que permitirão assegurar
a nossa independência, como país. A realidade, escondida demagógicamente pelos
que exercem o poder, é no entanto, tão avassaladora que está aos olhos de
todos: este país já está no abismo. As poucas condições que existiam há dois
anos atrás, no momento em que nos foi dada a oportunidade para assegurar essas
condições mínimas, foram desbaratadas pela classe política, pelas elites
económicas, pelos dirigentes sociais e pela Comunicação social. Hoje somos um
país irremediavelmente individado, empobrecido, enfraquecido, desmoralizado, manietado,
sem margem para agir, sem margem para avançar, sem modelo económico, com um
modelo social falido, um sistema educativo que não oferece saídas, uma
democracia refém dos interesses, uma Instituições desacreditas, um nivel de
expectativas insustentáveis, inteiramente nas mãos de credores, fartos de
alimentar um país sem rei nem roque, injusto, profundamente injusto!
 A decisão do
Presidente, infelizmente, vem tarde e não vai ter efeitos nenhuns porque apela
a "agentes" (como ele próprio lhes chama) que não reúnem as condições
(nenhuma) necessárias para conseguir o consenso necessário para inverter essa
queda, para oferecer saída ao país que eles souberam e quiseram construir. Que
ninguém se iluda, porque não presta assim qualquer bom serviço ao país. Pesam
nas ações, nas consciências e nas motivações de todos os que hoje seriam
necessários para construir esse consenso, o peso brutal da inidoneidade para
promover esse consenso, para dar as garantias necessárias, para desenvolver as
soluções indispensáveis: não possuem a legitimidade - que vai mais além da
legitimidade democrática - para aparecem diante de todos nós e avançarem com
propostas destinadas a promover esse consenso, para levar a cabo as
transformações radicais de que este país carece. Se o fizerem, que resposta
poderão dar à pergunta, que todos temos preparada e que é a seguinte:
"Podendo, porque razão não o fizeram antes?" E sabendo, como todos
sabemos, que não o fizeram porque não quiseram, aceitando-o, tornamo-nos
irremediávelmente cúmplices de uma situação que não nos tirará do abismo. Eu
não quero sufragar estas propostas.
 Não podemos ser
cúmplices e pactuar de novo e sempre e sempre alimentando o nosso próprio
círculo vicioso. A única opção que temos é organizar essa alternativa imediatamente.
É juntar as pessoas que têm a competência necessária para gerir os assuntos do
Estado, tenham um mínimo de experiência e possuam a vocação para o fazer. E
avançar com uma alternativa política, que se chama um partido político, que
ofereça aos portugueses as soluções e o compromisso para levar a cabo essas
soluções. É uma revolução serena, refletida e transparente. Sem o tal
"reconhecido prestígio", é certo, mas em boa verdade, esse
"reconhecido prestígio" tem sido o que até hoje tem impedido que as pessoas
válidas deste país não tenham conseguido chegar onde os Portugueses podem
apreciar o que valem. Como fazê-lo, se para o fazer, é necessário pactuar com
os que agora vemos que conduziram o país ao abismo? Não será essa falta de
"reconhecido prestigio" a condição sine qua non para formar parte da
alternativa? Eu penso que sim. Eu penso que o "reconhecido prestígio"
desta alternativa que proponho está em não possuir qualquer "reconhecido
prestígio" à luz dos que hoje o ditam, o atribuem, o concedem. Se eu e
muitos como eu tivéssemos esse "reconhecido prestígio", porque razão
não teríamos sido capazes de participar na condução do país? Eu não tenho e não
quero ter esse tal "reconhecido prestígio" porque caso contrário não
poderia, em consciência, vir aqui e afirmar "todo o alto que esta página
de facebook me permite" que é preciso, que temos que, que estou
disponível, que quero, que somos capazes que temos que promover uma alternativa
política às existentes, quanto antes, de forma imediata, sob a forma de um novo
partido político e que estou disposta, com a energia que tenho, a organizá-la,
a promovê-la, a transformá-la na alternativa capaz de arrancar os Portugueses à
letargia, à inércia, ao descrédito, à desilusão, ao abandono em que estão e
fazê.los marchar, marchar, por um novo país. Quem considerar que pode colaborar
comigo, que me diga aqui porque há trabalho para todos sempre e quando
partilhem desta vontade de organizar a revolução serena, refletida, consensual
e eficaz que precisamos. Até Junho de 2014, porque nessa data, queiramos ou o
momento de olharmos para a VERDADE, será incontornável. Até nisto, a
oportunidade se apresenta. Até Junho vão quase 11 meses. Tempo mais do que
suficiente para organizar uma alternativa. Quem quiser, já sabe. É só bater à
porta. Eu já estou a bater às portas de todos os que lêem o que escrevo. Mas
que ninguém fique à espera que se lhe bata à porta duas vezes. O carteiro, como
no filme, só bate uma única vez!
sábado, 16 de março de 2013
Só por ti, Jesus
Só encontro paz e sossego nos braços de Jesus, nesse abraço de compreensão, carinho, bondade e compaixão que ele me oferece quando me sinto perdida e nada nem ninguém me podem valer. Sendo um monólogo, não é, porém, um monólogo qualquer porque nem nós próprios temos a compaixão e a bondade que é preciso para sermos sinceros e tocarmos no fundo das nossas fraquezas, das nossas contradições, dos nosso erros, defeitos, maldades e egoismos. Nos seus braços, esse negro que ensombrece a nossa alma dissolve-se, desaparece, sentimo-nos compreendidos, perdoados, amados na nossa pequenez e imperfeição. E esse amor que compreende e embala é infinito, trascendente, inesquecível. Ante tanta bondade, é simples pedir perdão. Perdoai-me, Senhor, e dizê-lo é fácil porque é esse o ponto de partida da conversa, é aí que nos coloca a bondade e a compaixão de Cristo, não apenas na identificação do erro, da falha, da miséria mas antes na vontade de melhorar, de ultrapassar, de não sermos tudo aquilo que nos leva a Ele, sermos pedoados. Ante esse amor, no pedir perdão existe, talvez não arrependimento, mas sim humildade. Sou assim, meu Jesus, sei que só o teu amor me ensinará a não sê-lo, seguindo o teu exemplo. Só tu para mim és exemplo, porque só o teu perdão me conforta e me faz seguir. Nada nem ninguém me dá esta paz. Nada nem ninguém me consola. Nada nem ninguém me levam a querer ser outro alguém que não o que sou. Só o teu amor convence, só o teu amor redime, só por ti, fico em silêncio e me falo como sou, porque só tu tens compaixão pelo que sou e só tu me aceitas como sou porque sabes que só em ti encontramos força para mudar.
Poesia que quero ser
Poesia que quero ser
Há momentos, ao longo dos dias, tão longos, em que é preciso deitar a mão a um livro de poesia, voltar a entrar naquele verso, deixar-se deslizar pela encosta daquela rima, inspirar toda a sensibilidade e beleza espalhadas com perfume de rosas por aquele soneto fora, até ao fundo dos pulmões e deixar que invada a alma, com a força de uma rebentação furiosa galgando barreiras, ...inundando obstáculos, meus e dos outros, sem dó nem piedade, como quem abre uma janela e deixa entrar a ventania...e depois, depois, o tempo pára em bicas dos pés, para não ofender o silêncio e oiço de novo o badalar baixinho das minhas coordenadas, estou aqui, aqui, estou sempre aqui, ainda aqui, embora o dia longo, tão longo, tivesse ido apinhando à minha volta e em cima de mim uma imensidão de palavras, gestos e compassos vazios, de esperas e cansaços inúteis e alheios, ía assim o dia mais longo do dia-a dia até esses versos de de amor e fantasia terem vindo interromper o ritmo da monotonia e me terem devolvido o sentido ao dia, a poesia que sou e quero ser.
Há momentos, ao longo dos dias, tão longos, em que é preciso deitar a mão a um livro de poesia, voltar a entrar naquele verso, deixar-se deslizar pela encosta daquela rima, inspirar toda a sensibilidade e beleza espalhadas com perfume de rosas por aquele soneto fora, até ao fundo dos pulmões e deixar que invada a alma, com a força de uma rebentação furiosa galgando barreiras, ...inundando obstáculos, meus e dos outros, sem dó nem piedade, como quem abre uma janela e deixa entrar a ventania...e depois, depois, o tempo pára em bicas dos pés, para não ofender o silêncio e oiço de novo o badalar baixinho das minhas coordenadas, estou aqui, aqui, estou sempre aqui, ainda aqui, embora o dia longo, tão longo, tivesse ido apinhando à minha volta e em cima de mim uma imensidão de palavras, gestos e compassos vazios, de esperas e cansaços inúteis e alheios, ía assim o dia mais longo do dia-a dia até esses versos de de amor e fantasia terem vindo interromper o ritmo da monotonia e me terem devolvido o sentido ao dia, a poesia que sou e quero ser.
sábado, 2 de março de 2013
Viagem com café pela Língua Portuguesa
Bom dia. Eram seis da manhã quando munida de um longo café e aceso o primeiro vicio, rumei, pelas pontas dos dedos, que mal conseguiam conter a excitação, em direção à minha primeira "no cost e tax free trip" da minha "União Imaginativa" muito particular mas universal, onde Troikas só de Curiosidade, Excentricidade e Refinamento, esta última característica verdadeiramente indispensável para garant...ir que as outras possam ser exercidas sem ser incomodada pela vulgaridade, agressiva, neste últimos tempos. Como o custo é zero, estou protegida. Das leis da matemática retive a que diz que qualquer coisa a multiplicar pelo zero, não sai da casa zero, ou seja, que tudo o que hoje possa acontecer no meu exterior, a multiplicar pelo zero, fica reduzido a nada. É permitido fumar, levar explosivos, perfumes acima dos 100 ml e não nos mandam tirar as botas, nem o cinto nem esvaziar os bolsos. Tão pouco corremos o risco de ter como companheiro de viagem alguém que cheira a ontem, ressona, areja os pés ou tenta conversar. E se assim for, use o zero e verá como tudo se dissolve e pode continuar regressar em paz e sossego ao seu percurso. Divino! 
Abro o Tomo I do Dicionário da Academia das Ciências. Germânica, disciplinada, pelo princípio é que se começa, e deslizo pela melodia da letra A que na Língua Portuguesa é uma sinfonia de sons agudos, graves, guturais, "um veículo multifunções". Diz mais de nós que o bacalhau à Brás ou o Fado. Ela é artigo, preposição, prefixo, pronome pessoal, demonstrativo, locução, é possível ir aos limiares do Universo montado na letra A da Língua Portuguesa, um verdadeiro arauto do fenómeno identitário que somos, símbolo de versatilidade criativa e fonte de inesgotável criatividade. Avanço porque vislumbro mais abaixo a primeira palavra a sério do nosso léxico: "ABA" que não os Abbas suecos que precisaram de dois "bb" para se afirmarem. Nós somos capicuas logo com a primeira palavra do nosso léxico, com apenas três letras, as mais simples, A, B e A, uma versão codificada do “há mar, há mar, há ir e voltar”, peregrinos que somos do além para voltarmos às nossas raízes mais profundas, o nosso inicio, a letra A. Foi o que eu fiz, ir-me para voltar a estar onde estava, embora diferente do que fui, como muitos compatriotas que reproduziram o movimento pendular que caracteriza a nossa mais profunda identidade, este perpétuo vai-à-procura-de-algo pelo mais além fora, para um dia voltar ao ponto de partida, que é a nossa terra. Parece absurdo onde nos leva a palavra ABA, A-B-A, mas seguindo em frente, curiosamente, a segunda palavra que consta do nosso Dicionário é precisamente “AB ABSURDO”, a metodologia que eu precisava para provar o que acabei de enunciar: quando nada é demonstrável, podemos recorrer ao AB ABSURDO para demonstrar a validez do teorema. Não é incrível que estas duas palavras se sigam uma à outra? Somos pendulares e capicuas ab absurdamente e sem sair da letra A. Mas esperem que a minha vista se levantou e esbarrou com outra palavra tão sugestiva como oportuna, nada mais nada menos que o adjetivo “ABADALHOCADO”, não é genial? Vem na sequência do que ontem escrevi, desanimada, sobre a existência de uma espuma apodrecida de gentes que tiranizam o nosso país e a vontade de FAZER BEM que muitos temos e que não conseguimos exercer. Tudo se deve a que sob essa espuma de incompetência, corrupção, inépcia e má-fé, existe uma forma se ser “ABADALHOCADA”, essa forma suja e desmazelada de levar vestidos os princípios e os valores que dá aso a que se gere, nas capas exteriores, essa espuma peganhenta e isoladora que nos impede respirar, lá está, um ambiente ABAFADIÇO, ABAFADO, ABAFANTE, algo assim como uma estância acanhada e bafienta e sem ventilação onde vamos definhando e desaguando lentamente até nos dissolvermos num gasoso e tóxico CO2. E estou ainda e só nas primeiras palavras do nosso alfabeto, imaginem lá que decido viajar até aos confins galácticos da letra Z através dos caminhos e percursos e atalhos de imaginação infinita que nos proporciona a nossa maravilhosa língua que é a PORTUGUESA, a nossa, que a nós se deve e que declinamos e assobiamos e trauteamos por uma escala que supera a dos oitavos e que leva em si, em cada palavra, suculentas e sumarentas imagens que espremidas e alinhadas com humor e sagacidade, nos denunciam cruelmente…bendita Língua Portuguesa que inventa a palavra “abadalhocado” quando o povo se prepara para pedir aos estrangeiros que se vão quando deviam era pegar numa das primeiríssimas palavras do nosso léxico e pregá-la sorrateiramente nas costas de todos aqueles que trituram os princípios e valores sobre os quais queremos, uns, viver e ser e estar. ABDICADORES, ACOMODATÍCIOS, ACABADOTES, ACULTURADOS, ADIADOS, ADORMECIDOS, ADULADORES, AFERROLHADOS, AFREGUESADO, AGASTADO, AGENÉSICO. Ou AGÓNICO e AGONIZANTE…escolham. Á votre guise! Podemos escrever um Manifesto, uma Declaração de Princípios, uma Constituição, uns estatutos apenas com palavras com a letra A. E ainda só vou pelos primeiríssimos percursos da minha maravilhosa viagem através do DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Sem IVA nem IRS e sem gastar um Euro!
Abro o Tomo I do Dicionário da Academia das Ciências. Germânica, disciplinada, pelo princípio é que se começa, e deslizo pela melodia da letra A que na Língua Portuguesa é uma sinfonia de sons agudos, graves, guturais, "um veículo multifunções". Diz mais de nós que o bacalhau à Brás ou o Fado. Ela é artigo, preposição, prefixo, pronome pessoal, demonstrativo, locução, é possível ir aos limiares do Universo montado na letra A da Língua Portuguesa, um verdadeiro arauto do fenómeno identitário que somos, símbolo de versatilidade criativa e fonte de inesgotável criatividade. Avanço porque vislumbro mais abaixo a primeira palavra a sério do nosso léxico: "ABA" que não os Abbas suecos que precisaram de dois "bb" para se afirmarem. Nós somos capicuas logo com a primeira palavra do nosso léxico, com apenas três letras, as mais simples, A, B e A, uma versão codificada do “há mar, há mar, há ir e voltar”, peregrinos que somos do além para voltarmos às nossas raízes mais profundas, o nosso inicio, a letra A. Foi o que eu fiz, ir-me para voltar a estar onde estava, embora diferente do que fui, como muitos compatriotas que reproduziram o movimento pendular que caracteriza a nossa mais profunda identidade, este perpétuo vai-à-procura-de-algo pelo mais além fora, para um dia voltar ao ponto de partida, que é a nossa terra. Parece absurdo onde nos leva a palavra ABA, A-B-A, mas seguindo em frente, curiosamente, a segunda palavra que consta do nosso Dicionário é precisamente “AB ABSURDO”, a metodologia que eu precisava para provar o que acabei de enunciar: quando nada é demonstrável, podemos recorrer ao AB ABSURDO para demonstrar a validez do teorema. Não é incrível que estas duas palavras se sigam uma à outra? Somos pendulares e capicuas ab absurdamente e sem sair da letra A. Mas esperem que a minha vista se levantou e esbarrou com outra palavra tão sugestiva como oportuna, nada mais nada menos que o adjetivo “ABADALHOCADO”, não é genial? Vem na sequência do que ontem escrevi, desanimada, sobre a existência de uma espuma apodrecida de gentes que tiranizam o nosso país e a vontade de FAZER BEM que muitos temos e que não conseguimos exercer. Tudo se deve a que sob essa espuma de incompetência, corrupção, inépcia e má-fé, existe uma forma se ser “ABADALHOCADA”, essa forma suja e desmazelada de levar vestidos os princípios e os valores que dá aso a que se gere, nas capas exteriores, essa espuma peganhenta e isoladora que nos impede respirar, lá está, um ambiente ABAFADIÇO, ABAFADO, ABAFANTE, algo assim como uma estância acanhada e bafienta e sem ventilação onde vamos definhando e desaguando lentamente até nos dissolvermos num gasoso e tóxico CO2. E estou ainda e só nas primeiras palavras do nosso alfabeto, imaginem lá que decido viajar até aos confins galácticos da letra Z através dos caminhos e percursos e atalhos de imaginação infinita que nos proporciona a nossa maravilhosa língua que é a PORTUGUESA, a nossa, que a nós se deve e que declinamos e assobiamos e trauteamos por uma escala que supera a dos oitavos e que leva em si, em cada palavra, suculentas e sumarentas imagens que espremidas e alinhadas com humor e sagacidade, nos denunciam cruelmente…bendita Língua Portuguesa que inventa a palavra “abadalhocado” quando o povo se prepara para pedir aos estrangeiros que se vão quando deviam era pegar numa das primeiríssimas palavras do nosso léxico e pregá-la sorrateiramente nas costas de todos aqueles que trituram os princípios e valores sobre os quais queremos, uns, viver e ser e estar. ABDICADORES, ACOMODATÍCIOS, ACABADOTES, ACULTURADOS, ADIADOS, ADORMECIDOS, ADULADORES, AFERROLHADOS, AFREGUESADO, AGASTADO, AGENÉSICO. Ou AGÓNICO e AGONIZANTE…escolham. Á votre guise! Podemos escrever um Manifesto, uma Declaração de Princípios, uma Constituição, uns estatutos apenas com palavras com a letra A. E ainda só vou pelos primeiríssimos percursos da minha maravilhosa viagem através do DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Sem IVA nem IRS e sem gastar um Euro!
sexta-feira, 1 de março de 2013
Ideias faladas - Palavras pensadas
A palavra é uma ideia falada e uma ideia é uma palavra pensada. O lugar mais bonito para passear a imaginação é um dicionário e o da Língua Portuguesa é como uma praia de areia fina e águas calmas, um sonho. Amanhã, para ultrapassar os dissabores da vida, vou passear-me pela letra A do Dicionário da Real Academia das Ciências. E provávelmente até vou esquecer aquilo em que não quero pensar. Programão! Boa noite!
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Viagens pensadas
O melhor passatempo de todos é pensar.
As horas passam, o tempo não cansa, não há plano para ir nem hora de volta nem
abrigo onde ficar, basta tão só saber declinar pelos verbos fora e escolher a
melhor encosta por onde deslizar, se sou, tenho, faço e quero ou não, e pelo
contrário, porém, contudo, mas...e volto para trás porque regras não há e a
escolha me pertence se sou ave, mortal, leitura, compasso, gerundio, processo,
alegria ou estou por nascer no sorriso de alguém, abrando, abordo o infinito
com o gerúndio, sempre, tenho tempo, não há pressa, ninguém me espera num
abraço ou talvez, quem sabe, porventura, quiçá e se entrasse por essa porta,
agora perdi-me porque é doce o entardecer e escolho cores subtis, aromas
quentes, sabores a perder de vista, pego na caneta e escrevo uma ode à saudade,
um verso de amor, uma carta a um amigo e um apanhado da minha vida, já cá não estás
nem sabes a falta que me fazes, a luz esmorece, recolhida e esvanceci, sou três
pontos supensivos de silêncio, um compasso de espera, estou no intervalo e saio
para arejar e embarco, vamos, depressa, corro, já não chego a tempo, que
aflição e porque é que é sempre assim, assim, assim, quem diria, e sou eu ou é
um passatempo, um passar o tempo a passar o tempo a pensar como passa,
passando, passando a declinar ou declinando, sem abrigo, vagabundeando, com
atropelo ou sem ele, imaginando, saboreando, derramando sobre o papel o que nem
forma lhe dou nem pretensão possui nem espero partilhar, o melhor passatempo,
passar o tempo a pensar. 
Excertos do "Aberto todos os dias, férias, feriados e faltas", do "il est l'heure de s'ennivrer de", do "l'art du temps" e finalmente do "Hier encore", in domingo de manhã, 2013.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
A verdadeira resposta da sociedade civil
Vemos aquilo que nos mostram, ouvimos aquilo que nos contam e
lemos aquilo que nos explicam. A imagem do país agitado e agressivo é
certamente real, mas parcial. Porque os holofotes vão onde há circunstâncias
que permitem manter a atenção cativa, sem grande esforço. Somos audiência. 
Dito isto, na penumbra, onde a maioria de todos nós vive, silenciosa e ordeiramente, batalha-se, esforçadamente pela oportunidade. Os Portugueses são um povo de pessoas com ideias, imaginação, competência, talento e iniciativa. Face às necessidades que se acumulam, à margem dos holofotes, vão surgindo novas e inovadoras iniciativas empresariais e solidariedades, aqui e ali, um pouco por toda a parte, para abrir novos caminhos e oferecer novas respostas. Nas empresas, nos pequenos negócios, nas Instituições de solidariedade, nas Associações, nas redes informais, localmente. Propostas que entusiasmam, modernas, radicais.
E existe uma enorme convergência de ideias, de esforços, de soluções para as carências que todos constatamos. A páginas tantas, longe do ruído das ribaltas, constatamos como todos dizemos o mesmo, propomos o mesmo, andamos a fazer o mesmo e queremos o mesmo. E o mesmo é que a sociedade portuguesa precisa de unir as pessoas, as ideias, os recursos e chegar a soluções que tenham massa crítica e escala para que as medidas que hoje nos são propostas pelo Governo para estimular a economia, surtam pleno efeito.
E o que falta para que isso aconteça? Liderança. Inteligência. Generosidade. Vontade e esforço. A sociedade civil não se organiza nem age à base de decretos nem se impõe por força de um poder organizado que a representa. É por isso urgente que uma série de pessoas, que a representam nas suas vertentes e facetas plurais, se unam para dar escala e força aos ativos de que dispõe: às ideias, recursos, talentos, vontades e esforços. Não é o Governo que cria postos de trabalho. É a sociedade civil. Não bastam os fundos do Estado e da União para estimular a economia, há que complementá-los com os fundos privados. Não são os diplomas que promovem o empreendedorismo que fabricam empreendedores, mas sim a sociedade avisada e com imaginação. Nem sequer é o Governo que exporta e conquista novos mercados, mas aquele que viaja, vezes sem conta, pelo mundo fora, à procura de novos clientes. Não se espere que o Governo se ponha a fazer o que só à sociedade compete e o que compete é aproveitar as condições que o Governo cria, para avançar com respostas, à escala do que pretendemos e sabemos que urge: transformar o país.
Hoje, as luzes mediáticas incidem sobre ruídos legítimos mas inúteis e vazios, perspetivas desmoralizantes e sem saídas, propostas destrutivas e improdutivas, guerras políticas vãs e cansativas. A alternativa a este ruído virá quando a sociedade civil for capaz de articular os sons do silêncio e transformá-los numa incontornável narrativa de êxito. Todos sabemos como fazê-lo. Porém, há que articular-se, promover lideranças, agir e aproveitar o enquadramento de mudança que nos é proposto e avançar decisivamente. Esta resposta, a única que importa e urge, é a que irá gerar a dinâmica ganhadora e os holofotes não terão outro remédio senão retratá-la. A voz, a imagem e a história de um êxito. De todos.
Dito isto, na penumbra, onde a maioria de todos nós vive, silenciosa e ordeiramente, batalha-se, esforçadamente pela oportunidade. Os Portugueses são um povo de pessoas com ideias, imaginação, competência, talento e iniciativa. Face às necessidades que se acumulam, à margem dos holofotes, vão surgindo novas e inovadoras iniciativas empresariais e solidariedades, aqui e ali, um pouco por toda a parte, para abrir novos caminhos e oferecer novas respostas. Nas empresas, nos pequenos negócios, nas Instituições de solidariedade, nas Associações, nas redes informais, localmente. Propostas que entusiasmam, modernas, radicais.
E existe uma enorme convergência de ideias, de esforços, de soluções para as carências que todos constatamos. A páginas tantas, longe do ruído das ribaltas, constatamos como todos dizemos o mesmo, propomos o mesmo, andamos a fazer o mesmo e queremos o mesmo. E o mesmo é que a sociedade portuguesa precisa de unir as pessoas, as ideias, os recursos e chegar a soluções que tenham massa crítica e escala para que as medidas que hoje nos são propostas pelo Governo para estimular a economia, surtam pleno efeito.
E o que falta para que isso aconteça? Liderança. Inteligência. Generosidade. Vontade e esforço. A sociedade civil não se organiza nem age à base de decretos nem se impõe por força de um poder organizado que a representa. É por isso urgente que uma série de pessoas, que a representam nas suas vertentes e facetas plurais, se unam para dar escala e força aos ativos de que dispõe: às ideias, recursos, talentos, vontades e esforços. Não é o Governo que cria postos de trabalho. É a sociedade civil. Não bastam os fundos do Estado e da União para estimular a economia, há que complementá-los com os fundos privados. Não são os diplomas que promovem o empreendedorismo que fabricam empreendedores, mas sim a sociedade avisada e com imaginação. Nem sequer é o Governo que exporta e conquista novos mercados, mas aquele que viaja, vezes sem conta, pelo mundo fora, à procura de novos clientes. Não se espere que o Governo se ponha a fazer o que só à sociedade compete e o que compete é aproveitar as condições que o Governo cria, para avançar com respostas, à escala do que pretendemos e sabemos que urge: transformar o país.
Hoje, as luzes mediáticas incidem sobre ruídos legítimos mas inúteis e vazios, perspetivas desmoralizantes e sem saídas, propostas destrutivas e improdutivas, guerras políticas vãs e cansativas. A alternativa a este ruído virá quando a sociedade civil for capaz de articular os sons do silêncio e transformá-los numa incontornável narrativa de êxito. Todos sabemos como fazê-lo. Porém, há que articular-se, promover lideranças, agir e aproveitar o enquadramento de mudança que nos é proposto e avançar decisivamente. Esta resposta, a única que importa e urge, é a que irá gerar a dinâmica ganhadora e os holofotes não terão outro remédio senão retratá-la. A voz, a imagem e a história de um êxito. De todos.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Evangelho – Mt 6,
24-34: "Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas
Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles".
Os lirios do campo são um dos melhores indicadores de bordo que podemos ter.
Sendo algo exterior, é dentro de nós que os devemos procurar. E quando os
encontrarmos e os soubermos apreciar e imitar, tudo o resto vem por acréscimo.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Não sei o que os meus amigos
facebookianos, companheiros de rota existencial, pensam ácerca da importância
que os lugares têm na nossa maneira de sentir as coisas e até de dar forma a
uma identidade determinada, que coabita, junto com outras, dentro de nós. O
nosso Bilhete de Identidade é algo bem mais complexo que um simples cartão de
identificação que nos arruma numa determinada circunstância pessoal. Vimos dos que nos deram
origem, estamos vinculados ao lugar onde nascemos e pertencemos onde vivemos
habitualmente. Mas...e com este "mas" é que começa a verdadeira
aventura. Porque com os pés assentes nesse substrato existencial, os percursos
que vamos abrindo ao longo da vida levam-nos a acrescentar, a essa identidade,
vivências "geográficas" que podem ir ao ponto de criar novas
identidades de nós próprios, que, como disse, passam a coabitar, em harmonia,
ou não - depende muito de cada um - dentro de nós. Há quem as carregue dentro
de si toda a vida, como se fossem troféus, postais, que se colocam na nossa estante
das recordações. Há quem as veja mais como um casacão pendurado no armário que
vestimos quando nos temos que deslocar a essa identidade. Seja como for (cada
um que descubra a sua própria maneira de viver as coisas), a verdade é que
quando olhamos para essas vivências muito marcadas que nos vão acrescentando
campos ao nosso BI de partida, tomamos consciência de que somos vários e muitos
ao mesmo tempo e que isso não nos surpreenda nem nos inquiete. Sou e somos. Um
e vários. Um determinado alguém cujo espetro de luz se vai ampliando ao longo
da vida e que brilha conforme o dia se anuncia dentro de cada um de nós, nessa
ou naquela amplitude de onda em que nos fomos acrescentando, hoje nesta, amanhã
naquela outra, com as cores da alegria, nas sombras da tristeza, a intensidade
do entusiasmo, a palidez do desânimo, com as tonalidades de Lisboa, Bruxelas,
Barcelona, Sofia, Bruges ou Sintra, onde estamos, por onde passámos e de onde
recolhemos e nos espalhámos, atomos de aqui e de ali, de uns e de outros, que se
agregam dentro de nós para dar corpo, forma e sentido ao enorme caleidoscópio
que somos. É assim, meus amigos, que eu vivo várias vidas na vida só que me foi
dada a viver e me declino por todos os farrapos que vou escrevendo sempre que
tenho tempo e me apetece. Hoje estou em Barcelona. Outro registo. Será porque
sou um caleidoscópio. Por isso o escrevo. Não vá esquecer-me. Com chuva, com
sol, a cores, a preto e branco, num ou noutro de cada um, tenham um bom dia. E
brilhem!
OUTROS NOMES DE OUTROS
Cada um sabe de si. Porque gosta disto, prefere aquilo, se
afasta do outro, se centra aqui. Porque corre, porque pinta, escreve, canta,
lê, desenha, constroi e conversa. O que o faz rir, o comove, o horroriza, o
abala, o convence, o implica, o arrasta ou influencia. E como interioriza e
processa tudo o que recolhe e vibra, brilha, irradia. E porque o faz. E como.
Eu sei porque o faço, como o faço, o porquê de o fazer e apenas deixo o
quando ao aleatório das circunstâncias. E nesse processo intervenho só eu e o
que sinto, e o que sinto é o que escrevo, porque escrevo para perceber o que
sinto. Haverá em mim átomos de outros e partículas de tudo o que me rodeia e me
chega porque não estou só nem as minhas fronteiras são opacas ou impermeáveis,
mas guio-me essencialmente pelos meus códigos e pelas leis do meu Universo mais
próximo, onde os campos de energia se materializam no que sou e no que sou
apenas. Não busco referências alheias nem me sei reger por códigos de outros e
menos me revejo no que outros antes de mim disseram ou deixaram dito ou
escrito. Tudo o que sinto vem de mim e me faz sentido a mim e não procuro
convencer ninguém senão a mim mesma. Haverá formas mais doutas e eruditas de
exprimir o que se sente, mais pensadas, mais construídas de reflexão, carregadas
de filosofia aprendida, repletas de rodapés de referências bibliográficas
escritas por outros, chamadas de atenção doutrinárias reconhecidas e
respeitadas...Havê-las-á quando for esse o objetivo, o de reforçar o que se
sente com o que outros disseram e sentiram e exprimiram e para quê e porquê?
Porque se é feito disso, dessas referências alheias e pensadas por outros, um
dia, ditas por outros, sentidas por outros mas não por nós. Eu sou eu, outros
serão outros, cada um é o que é e sabe de si. Não explico ao outros o que devem
ser, o que poderiam ser ou o que deixam de ser mas apenas o que sou e como
sinto e por isso escrevo. Não pretendo ir nem um milimetro mais além daquilo
que sou capaz de sentir e se mais alguém, além de mim, sente como eu, é pura
coincidência, nunca consequência de uma pretensão. Deus deu-me apenas um e só
um território. A caneta que encontrei serve para nele me escrever. Outras
coisas serão "nomes de outros" e terão, por isso mesmo e como não
podia deixar de ser "outros nomes".
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Estou a pensar que
do capital teconologico, do financeiro e do humano, este ultimo é o unico que
se auto-reproduz. Po-lo a render supera em larga escala qualquer investimento
que se faça no tecnologico ou no financeiro. Invista no capital humano! Invista
em si e nos potenciais tesouros humanos que o rodeiam! É como ganhar o
Euromilhões!!!!!
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Pego no livro de
Daniel Cohn-Bendit e Guy Verhofstadt sobre a Europa. Advogam uma revolução
post-nacional. Primeira página? O de sempre. "Estamos a ser iltrapassados
por..." Mau humor. Começamos mal. Continuo. "A Europa é um Continente
de cabelos grisalhos..." E?, pergunto-me. Qual o mal? Somos um peso? Somos
um desperdício? Somos emplastros? A verdadeira revolução poderia vir destes
cabelos grisalhos cheios de experiência, cheios de vida e ainda cheios de
energia. Porque se faz este raciocinio tão basico? Eu sou grisalha e vejo que
tenho tanta ou mais energia, curiosidade, capacidade inovadora e de adaptação
que os milhões de jovens que andam pelo mundo. Não somos um peso, não! Somos o
capital humano mais qualificado que a Historia da Humanidade jamais produziu.
No dia em que nos fartarmos de ser vistos como chumbo num mundo volatil,
efímero e transitorio. Pego no "Riem ne s'oppose à la vie", da
Delphine de Vigan. Um romance sobre a mãe. Muito mais construtivo e enriquecedor.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Um dia ainda hei-de
escrever a sério sobre os peitilhos enervantes, camisolas de lã picantes, os
collants escorregadiços, as botas de chumbo, as gabardines de oleado, as saias
de flanela grossa, os passe-montanha da mesma lã picante, as pastas de
carneira, os pães com manteiga acumulados no fundo das mesmas, o papel
encerado, estrela do ano, que forrava cadernos e livros, a inestimável
pedra-pomes, complemento inseparável da caneta de tinta permanente, o cheiro do
leite quente no tupperware...meu Deus, que enjôo...os papeis dourados e
prateados das estrelas de Natal...e tantos outros postais partilhados com
tantas pessoas que, por terem vivido, sentem o mesmo que eu. Estamos juntos
nesse olhar sobre um passado comum e isso é alegria no estado puro!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Segunda-feira, 7 da
manhã, abro o Outlook e a minha semana parece o 27 numa hora de ponta,
atafulhada e a rebentar pelas costuras, reuniões coladinhas umas às outras,
documentos e afazeres variados de pezinhos no ar ã tentar chegar ao papel de
saída, uma fila de tarefas malhumoradas à espera - vê-se...em vão - por entrar
na programação...e os telefonemas...porque é que eu pus alertas e avisos
naquelas músicas embirrentas??!!!, olho e apetece-me fugir e penso que houve
uma altura, quando era pequena, em que cheguei a acreditar que era possível
fazer um jeito ao nariz e...magia...aparecia tudo feito! É isso mesmo. Eu devia
era ser a Samantha, dar três jeitos ao nariz e pôr tudo a mexer-se à minha
frente e a fazer o que é preciso fazer. Como o 38 quando arranca do Calvário,
na "bisga"! Oh yeaaaaahhh!!!! A nice week for all of you!!"
Hoje sei como a
vida são esses postais ilustrados que vamos colocando com amor na estante da
nossa memória. Envelhecer é isso mesmo: possuir uma já considerável coleção de
momentos, coisas, vozes, cheiros e imagens que entretêm o nosso olhar sobre o
passado e cosem uns aos outros os retalhos da nossa memória. E é curioso.
Porque são esses passeios tranquilos pelas paisagens de outrora que adoçam o
meu olhar sobre o presente e no entanto é a doçura com que hoje percorro esses
momentos que fazem deles as referências do meu presente. Parece difícil de
entender mas no fundo não o é tanto assim. Tenho nas mãos uma fotografia minha
dos tempos da quarta classe junto da Maria João Castelo Branco, ambas vestidas
com o então tão desgradável e irritante peitilho cuja gola redonda de piqué
branco espreita, no pescoço, pelo decote da camisola escura e grossa de lã
virgem. Alguém usava esses peitilhos? Quem os experimentou sabe tão bem quanto
eu o incómodo que era usá-los, sobretudo porque, ao não terem mangas, punham em
permanente contacto com a pele as mangas dessas camisolas de lã feitas em casa
que picavam até aos nervos. Hoje, a João e eu recordamos esse martírio típico
da austeridade a que os nossos pais nos habituaram, essa certeza inabalável e
incorruptivel de um estilo de vida sobrio e aproveitado, que outro não havia
nem era dado que houvesse e isso hoje comove-nos e faz-nos sentir umas
previlegiadas por termos tido a ocasião de ser guiadas por valores e princípios
que vigoravam à margem das modas, dos caprichos, dos ventos. São esses os
postais que forram o meu íntimo, é neles que assentam hoje as minhas
convicções. E são estas convicções de hoje, feitas do passado que me permitem
olhar para o passado, para esse peitilho irrequieto e enervante e sorrir.
Embora, convenhamos, que o peitilho continue a ser, para todos os efeitos, o
vestuário mais irritante que alguém jamais inventou!
domingo, 20 de janeiro de 2013
Foi no dia em que
fui ao Centro de Desenvolvimento Comunitário da Ameixoaira da Santa Casa da
Misericordia de Lisboa que me publicaram este artigo no Diário Económico. Fui
ouvir e dar apoio aos empreendedores do bairro da Ameixoeira. Quando o escrevi,
senti que ía ser um artigo fora do baralho. Porque, a propósito da Europa, só
se ouve falar no seu dia-à-dia, contingente, cingido a resolver o imediato,
jogos de cintura a curto prazo, sem alcance e fugazes. Falei de valores e
arranquei esta necessidade de falar neles olhando para trás, para o momento em
que tudo começou. Nessa altura, a guerra era motivo suficiente para apostar na
paz. Hoje, a crise é motivo mais do que suficiente para falarmos no valor da
Solidariedade, no objetivo da Solidariedade. Mas emperrámos na crise. Que teria
sido da Europa se tivéssemos emperrado na guerra? É a Solidariedade que tem que
ser construída cada dia, a cada hora, como o foi a paz, em 1950. Na altura
tínhamos Políticos marcados pela guerra que acreditavam na Paz. Hoje temos
políticos que vivem ao abrigo da crise, são indiferentes ao horror que é a
miséria, o desemprego, a fome e a solidão. Somos nós todos que temos que dar
uma lição valente a essa casta política desumana e egocêntrica e praticarmos a
solidariedade de baixo para cima até conseguirmos varrer a classe políitica
instalada. A solidariedade começa nas Ameixoeiras onde podemos dar esperança às
pessoas e fazer com que sintam que não estão sós e que tudo o que as
Instituições têm é para criar as condições para que ninguém passe mais
provações. É um dever moral. A Solidariedade. Um valor para o século XXI. Para
a Europa que eu quero construir. Depois de ouvir os aprendizes de empresários
da Ameixoeira fez-me sentido o que escrevi. É isso mesmo que é preciso: lutar
por valores. Afinal, nao é tão vago como pensava.
UE: valores que valem tanto a pena
Esta é uma reflexão que se impõe: Que tem a União
Europeia de especial que continua a ser vista, pelos que lhe batem à porta, e
apesar da crise económica, política e de valores, profunda que atravessa, como
a terra prometida?
Uma União que não está disponível para dotar-se dos recursos
necessários ao desenvolvimento das suas ambições? Uma União que avança aos
solavancos, pressionada pelos mercados, por outros países, por outros blocos,
que reage, mais do que age? Uma União sem bandeiras, sem uma missão clara, cada
vez mais afastada da sua cidadania?
Irá ser
possível a esta União minimalista ser solidária com os futuros membros e
oferecer-lhes o enquadramento que precisam para construir a paz e prosperidade
que jamais tiveram?
Como encaixar estas peças todas de forma a que possamos ter uma
imagem global e coerente do que estamos a construir entre todos? Olhando para
os debates em Bruxelas, o que vemos é uma querela mesquinha em torno daquilo
que não queremos ser. O processo de integração passou a ser, todo ele, um
custo, um fardo, um não ser. E no entanto...há quem queira entrar. Porquê?
A
explicação está no que não se debate em Bruxelas, no que Bruxelas deixou pelo
caminho: os valores. Aqueles que presidiram à constituição das primeiras
Comunidades e que têm sido as alavancas que, nos momentos-chave, fizeram
avançar o processo de integração: a paz, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
a prosperidade, a coesão, a solidariedade, a justiça, a igualdade, entre
outros.
Enquanto
a União Europeia for vista pelos que dela formamos parte, como um somatório de
custos e não de valores e o debate, em Bruxelas, girar em torno dos valores dos
custos e não sobre os custos dos valores, a União só faz verdadeiramente
sentido para aqueles que sabem que os valores que representa lhes são vitais.
Para esses países, pertencer à União vale qualquer custo.
Chegados
aqui, é pois saudável recordar que em 1951, aquando da constituição da CECA, o
valor da paz primou sobre o custo da sua realização. O bem-estar animou
ingleses, gregos, portugueses, espanhóis e outros a aderir. A solidariedade foi
o que justificou o alargamento histórico a leste. E hoje? Hoje olhamos para o
projeto mais transcendente da História da Europa como um custo acrescentado.
Enquanto
à porta da nossa consciência bate urgentemente a necessidade de recentramos a
construção europeia na sua verdadeira razão de ser: os valores. É isso o que
quem entra, espera. Foi por isso que a União recebeu, justamente, o Prémio
Nobel. Pelo valor inestimável que é a paz. Valeu a pena!
Maria do
Carmo Marques Pinto, Relatora para os Assuntos Europeus
Em memória da tia Maria Emília Raimundo, prima, tia e amiga.
"Entrega-te a
Jesus Cristo e ele transformar-te-á!". Hoje dissémos adeus à tia Maria
Emília Raimundo. Mais um elo da cadeia da nossa vida terrena que se desfaz e
que se liga à cadeia da vida que começa com este enorme mistério que é a morte.
Fomos, todos aqueles que com ela possuíamos esse elo vital, interpelados a
deitar um olhar para trás e a recordar esses momentos em que convivemos com
ela, imagens, conversas, a voz, episódios, épocas extensas da nossa infância,
adolescência, idade adulta e até há bem pouco tempo e com ela surgem outras
tantas que, entrelaçadas, formam o puzzle da vida de cada um de nós. É um olhar
tingido de tristeza, sim, não a veremos mais e um sentimento de uma maior solidão,
é verdade, somos e seremos imparávelmente cada vez menos a partilhar a vida cá
neste mundo. Mas há também algo de sublime e trsnscendente, neste encontro com
a morte, porque se trata de um momento único e o último que protagonizaremos
como seres humanos.
Confrontados com
este momento, tratando-se de alguém que referenciou a nossa vida, a dor é
grande. Ninguém lhe escapa, a esta dor. Porém..."entrega a Cristo a dor e
ele transformá-la-á em alegria". Confia, acredita, tem fé. É
entregando-nos de corpo e alma, ocupando todos os espaços, momentos e
interstícios em que a dor se infiltra, que a conseguiremos transformar em
alegria. No final do túnel, no final dessa viagem vertical ao fundo da dor,
surgirá o momento em que nada mais há a percorrer dentro de nós. Para os que
acreditamos essa viagem chama-se Jesus. Para os que não acreditam na capacidade
de transformação desse amor espiritual, existe ainda assim a esperança de que
qualquer dor é ultrapassavel quando entramos nela com a vontade de a
transformar num trampolim para a serena aceitação da nossa condição humana
fugaz e transitória. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, ou não, a nossa
entrega humilde mas corajosa e incondicional a tudo o que vivemos,
especialmente aos momentos de maior dor, é uma condição indispensável para
descobrir à vida o que melhor tem para nos dar. Esperança e alegria profundas
num dia triste e pendurado de uma época coletiva baça e deslavada. Adeus tia
Maria Emília. Dê um abraço aos meus pais e a tantos outros que, como amigos
seus que foram e são, estavam à sua espera para a acolher nessa sua nova vida!
:-)))
domingo, 13 de janeiro de 2013
Chamou-me a atenção
o meu querido amigo Zé Vasco Pimentel, amigo dessa infância que nos cai em cima
quando, por distração, abrimos o primeiro armário do nosso quarto das memórias,
que o tempo está guardado nas coisas. É uma grande verdade, Para nos
apropriarmos dele, basta olhar para um objeto, agarrar um pensamento e
obrigá-lo a descascar-se como se de uma Baboushka se tratasse, parando, quando mais
nos apetece, na estação de uma das pequenas aldeias da nossa memória para
passearmos pelos momentos que o nosso estado de espirito, caprichoso, escolheu,
nessa tarde. Eu habito, nesta casa, que agora é minha, em cada um dos objetos
que me envoltam, desde que nasci. Desde que me lembro e me consigo pensar que
eles habitam comigo. Embora nem todos me pertençam, pertencem à minha memória,
ao meu tempo que neles também já existe. Não tenho apego às casas porque
aprendi a mudar-me com a memória e a colocá-la pelas casas por onde vou
passando, nos objetos, nas rotinas, nos percursos, nos gestos, nos ambientes
recriados. Onde estou, sou, e comigo, a minha memória. Momentos felizes, os de
desfolhar o tempo guardado. Nas coisas e em nós.
sábado, 12 de janeiro de 2013
The Köln Concert.
Memórias, recordações, saudades dos meus pais que cobram vida, nesta sala ainda
cheia de momentos em que eles, e não eu, eram os protagonistas, essa voz que me
oiço em percursos que não eram os meus mas agora me pertencem, cenas já
vividas, mas de fora, em que agora me encontro na primeira pessoa, objetos,
hábitos e rotinas que me pedem a paciência, o carinho e o cuidado a que estavam
habituados e que tento adoptar, são os mesmos mas tão diferentes na minha
maneira de ser, aprendo a conjugar tudo o que me rodeia e foi a vida deles, na
primeira pessoa, é a minha vez de me sentar à cabeceira da mesa grande, a não
deixar o fogo esmorecer na lareira, a dar corda ao relógio para que as noites
adormeçam com aquelas certezas serenas de sempre, é assim que a história
continua pelas vidas fora, e no entanto, há momentos em que a linha que separa
o presente do desejo de voltar atrás é tão fina, tão delicada, tão ténue
que...Acaba o piano de Keith Jarrett, anoiteceu, vou abrir a luz da entrada, do
jardim, fazer a ronda dos afazeres, abrir camas, tirar a loiça da máquina, pôr
a mesa, preparar o jantar, rotinas herdadas de uma casa, de uma vida declinada
com eles. Agora sem eles, na primeira pessoa. Mas rodeada deles. Olha...acabou
o gas da bilha. O que diria a minha mãe?
Hoje, ao fazer as
camas de lavado, em Sintra, num dos cobertores antigos, que eram das camas dos
meus irmãos e agora habitam nas dos meus filhos, detetei aquela irredutível
mancha de tinta azul permanente, filha da desobediência à regra de que não se
pintava na cama com canetas, uma de muitas e vieram-me à cabeça algumas, a mais
ingénua de todas a que me levou a mim e ao meu irmão João a colocar bem no
centro do quarto das brincadeiras, a camilha que habitava sempre num canto,
onde jantávamos, às vezes, de pequenos, para esconder um miserável buraco
enegrecido no tapete, causado pelo cruzamento sem tino de elementos de uma
caixa de experiências químicas, um líquido negro e malcheiroso que se nos
transbordou - como era previsível - de um magrinho tubo de ensaio e cavalgou
animadamente pelo tapete fora até comê-lo, a aflição, "e agora? Limpa
depressa, ai a mãe! E agora?" O agora foi resolvido com a colocação da
camilha em cima do buraco, imaginando que a minha mãe de nada se aperceberia,
que ingenuidade, a mesa ali, não fazia sentido algum para um adulto, e assim
foi e foi assim que ao entrar no quarto, a minha mãe, como não podia deixar de
ser, pegou na mesa para pô-la no lugar e ao fazê-lo deu de caras com a
brincadeira que deixara de o ser para passar a ser uma simples asneira num
tapete inutilizado, gravado na galeria dos feitos sem glória da nossa infância.
Viro a página, ele há tantas de páginas destas na memória e nas manchas dos
cobertores, tapetes, objetos e histórias que há gerações que convivem nesta
casa, que não há tempo suficiente para escrevê-las a todas.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Estou a pensar que
a esta hora estão os pais, irmãos, avós, tios, primos e amigos do João Clode
reunidos para lhe dizerem adeus aqui na terra. Num dia tão luminoso como o de
hoje, é dificil que haja luz nos corações nesse terrível momento da separação.
Não está escrita a imensa dôr que todos sentem nem é possivel evitar a sensação
de estar a viver um pesadelo. E no entanto. No entanto, como ontem disse o
padre, comovido mas convicto, o João partiu porque Deus o considerou
"maior" para aceder a vida eterna. Só a fé na Bondade de Deus permite
aceitar que se "arranque" à vida e ao nosso "abraço" de mãe
e pai e à "camaradagem" de irmão e amigo, um filho, um irmão e um
amigo. Só a fé permite aceitar sem reservas que o vazio do João seja preenchido
por um "novo anjo" que vela por todos aqueles que em vida o
estimaram. É só elevando o espirito a Deus que os silêncios e vazios e saudades
e dor sejam substituídos por uma alegria genuina pela nova presença
"mística" do João. Exige fé. Muita fé. Muita fé mesmo! Não posso ir
ao enterro. Mas partilho com todos a vontade de ter mais fé. E de pensar que a
morte do João é um momento muito especial para renovar a fé ou, para os que a
não teêm, abrir-se a ela. O sol brilha. Talvez seja já um primeiro sinal.
Poderia chover num dia em que nasce um novo anjo?
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
A vida ensina-nos
que também são os filhos que nos ensinam a crescer com eles, à medida que vão
crescendo, e crescendo, desafiando a vida, levando-nos, com eles, até às crista
de ondas inimagináveis e a superá-las e a vencer os medos e as angústias que só
eles nos fazem sentir. Pela mão aventureira, indisciplinada, por vezes teimosa,
outras cheia de doçura e carinho, dos meus filhos, tenho ido provando sabores e
cores da vida que sem eles jamais teria podido descobrir, ficariam para sempre
por descobrir. Parte de mim está feita deles e por eles foi moldada com o seu
próprio génio, forma de ser e estar e querer, mistérios de mim própria que só
por eles sei que existem em mim. Espaços que se vão moldando à medida que vão
caminhando e que me vão ensinando, como caminhar.
Momentos de dôr
Coragem também é não tê-la quando a dôr é tal que evitá-la não é mais do que o
medo a sucumbir-lhe. E dôr há que os olhos devem encarar de frente, o coração
aceitar com humildade e a alma assumir como inevitável. Nem tudo na vida tem
razão de ser, nem tudo o que se nos oferece viver faz sentido e algumas vezes
não há objetivo a cumprir. E desabamos porque simplesmente não há à mão força
para resistir. Corajoso é o que aceita essa aparente derrota e se deixa ir ao
fundo porque só quem bate no fundo sente o chão que o faz voltar à superficie.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
A primeira vista
formulada de 2013: a sempre serena, doce e luminosa paisagem da Serra de
Sintra, da janela da minha sala. Um luxo imutavel, neste ano de 2013, em que só
nos sabem falar de provações, reduções, limitações, perdas. Há luxos, na nossa
vida, que jamais perderão valor, jamais serão tributados ou onerados. Saibamos
desfazer-nos daquilo cujo valor pode ser reduzido e concentrarmo-nos naquilo
que ganha com a nossa atenção. Esta minha paisagem quotidiana é um luxo.
Podem-ma tirar, claro. Posso perdê-la, claro. Mas fico sempre com o meu olhar,
que saberá fazer de qualquer paisagem, um luxo. Olhemos, com atenção. Para a
primrira de 2013. Será a nossa bitola, ao longo do ano. Estou feliz com a
minha. Porque até está cantada com milhões de passarocos que aqui não consigo
reproduzir. 2013, um luxo! Venha ele! A todos, um abraço.
Extraordinário o
povo que se reúne no dia 1 para exaltar o que é genuinamente seu, ao longo dos
anos, consistentemente, orgulhosamente, fielmente, sendo capaz de ir ao
encontro de milhões de outros que não exclusivamente eles, os proprietários.
Fantástico! Sendo deles, é universal! Oxalá pudessemos fazer algo semelhante
com tantas coisas bonitas e belas que temos! Tudo é bonito neste Concerto! A
música, os fatos, as flores, o décor! Começar o ano com tanta Beleza e Harmonia
é uma boa maneira de começar o ano! A juntar ao que temos. Soma e segue!
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