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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Adeus amigo!

A vida que vale a pena viver, reter e reviver é a que é feita de momentos de grande intensidade seja porque o lugar onde estes momentos acontecem nos é particularmente próximo, seja porque a convivência com as pessoas que estão presentes ali, naquele momento nos suga o interesse, seja porque as pessoas com quem partilhamos esses momentos nos são particularmente queridas. Em especial quando sabemos que uma delas nos vai deixar nas próximas semanas e nos requer para que possamos passar juntos um último momento antes que a morte a leve para sempre. Por incrível que pareça e por incrível que as lágrimas que nos vão caindo pela face não tenham remédio e vão rolando sem pudor e com toda a obviedade, a verdade é que é possível viver a amizade sem que a sentença de morte interfira na conversa, nas histórias que se vão contando e comentando. No almoço que se prepara em conjunto, nos tintos com pedigree que se vão abrindo, nos poetas que se vão citando, nos livros, pinturas, exposições que se viveram em tempos, quando todos éramos uns adolescentes quarentões cheios de garra e pretensões e no final do dia vem finalmente o abraço que abarca toda a alegria e dor , toda a ternura e carinho, toda a cumplicidade e partilha, todos os anos vividos, as histórias, as imagens, os êxitos e fracassos, e também aquilo que a vida poderia ainda proporcionar mas que já não o irá fazer. A amizade é viver a vida, sem dúvida. Mas é sobretudo a partilha do último adeus com amor e integridade. Com inteireza. Com coragem. Adeus, amigo. Vamo-nos com o por do sol! Foi uma sorte conhecer-te e poder dizer que fomos amigos. Até sempre. As lágrimas são um consolo da sinceridade com que te estimámos e estimamos até aos teus últimos dias!

13 julho 2024



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