Sintra, 7:00. Madrugada fria e molhada, silenciosa e solitária. Momento único e irrepetível para viajar pelas preocupações, as alegrias, os desafios e as obrigações, o que se fez e o que teima em ficar por fazer, ano após ano, apesar das boas intenções, o que fomos, somos e gostávamos de ser e ter, o que virá, irremediavelmente, no final de tudo, a beleza que está em todo o lado se houver vontade, paciência e atrevimento. São tantas as estradas, os cruzamentos, as idas e vindas, as vozes, os gritos, os absurdos, as injustiças, tudo passa e algo fica, algo se extrai desta madrugada de chuva forte a bater nas vidraças, se se souber olhar para o lado certo do vidro. Obrigada aos reis mas não quero nada porque tudo aquilo que sei que me faz falta, já vive em mim e é esse tudo isso que desfila agora à minha frente sob a luz pálida e mortiça do nascer do dia, pronta para acontecer, basta querer. Mas só posso querer e ter o que sou. Tudo o resto, são fantasias.
6 janeiro 2025

 
 
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