Passeando pelos caminhos e lugares da minha vila. O encanto está no que se vê e no que apenas se intui ou se imagina e sonha que poderá acontecer ou existir depois da curva da estrada ladeada de muros cobertos de uma penugem de musgo e fetos, no final da alameda conquistada pela mata por trás de um portão enferrujado pelos anos e abandono, ou no cimo da escadaria de calçada tosca e gasta, onde nos leva? Vou andando, “flanando”, quem viverá nestas casas, castigadas pelo clima e agraciadas com o pedigree dos anos, todas dentro da mesma linha, romântica e paro, ao vislumbrar, no alto da serra, o palácio encantado que inspira e acende tantos amores, proibidos ou não, de reis e rainhas…quem me dera, suspiro, não tenho remédio. Na minha vila, a beleza conjuga-se em todas as formas verbais de todos os verbos da nossa Língua. É uma melodia redonda, que ora exalta ora apazigua, ora enleva ora surpreende, pela sinceridade dos seus propósitos, pela doçura dos seus contornos, a frescura das suas formas. Inspiro o cheiro a cedro e eucalipto até ao fundo dos pulmões que abrem com um estrondo regenerador e deixam à vista a minha alma, virgem de toda esta maravilha que me rodeia, sequiosa da sua frescura perfumada e à vida dos sonhos, romances e fantasias que se escondem por trás da primeira vista. É assim a minha vila. Um estado de alma que muda a cada esquina.
9 fevereiro 2025




 
 
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