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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Jardim da metafísica

O meu jardim está feito de essências subtis e em permanente mutação. De formas, de cor, de sentido. Em função da brisa, da luz, do ambiente e do ar do tempo. Do silêncio místico que rodeia o desfolhar da alvorada. Saio, antes que a manhã me roube este mistério precioso, em busca da metafísica que paira no ondular da bruma rasteira entre os verdes húmidos e escorregadios e no rasto surdo do súbito esvoaçar assustado dos habitantes da noite. É o meu sangue e a minha seiva que escorrem pelas veias e capilares desta confusão de seres que brotam do chão, das pedras, das árvores, das trepadeiras sem descanso e no gorgolhar sem cessar da chuva da noite anterior. Uma voracidade lírica incontinente. A obrigada diálise da alma, pura questão de sobrevivência.

18 março 2025






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